quinta-feira, 9 de julho de 2015

TENSÃO NA ECONOMIA





O salário mínimo completou nesta quarta-feira (8) 75 anos de criação. Foi instituído pelo então presidente Getúlio Vargas em 1936, mas só passou a vigorar de fato em 8 de julho de 1940. Foi um marco no estabelecimento dos direitos trabalhistas, que teriam seu ordenamento formulado três anos depois, com a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, aprovada em 1943. Mas ontem também foi um dia de grande apreensão, no Brasil e no mundo.

No âmbito interno, a inflação nacional bateu nos 8,89% em 12 meses. É o maior percentual em termos anuais desde 2003. Já o mês de junho teve o maior índice em 20 anos, de 0,79%. Ou seja, chegou aos tempos de início do Plano Real, quando os aumentos estratosféricos dos preços foram contidos. O país está vivendo o pior cenário, a chamada estagflação, quando a economia está paralisada e, mesmo assim, a inflação é crescente.

Quem mais sofre com a carestia é a população mais pobre, aquela que o atual governo diz ser o defensor maior. Segundo números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), pelo menos 46 milhões de brasileiros – incluindo empregados domésticos, trabalhadores rurais e beneficiários do Bolsa Família – recebem justamente um salário mínimo ao mês, hoje em R$ 788.

No mundo, as coisas também não andaram bem. A China teve um dia de pânico na Bolsa de Valores, com todos querendo vender as ações por temor de uma suposta “bolha” especulativa que estaria prestes a estourar. O pregão teve que ser paralisado para evitar que as quedas nos preços das ações se acentuassem. Até a Bolsa de Nova York, a milhares de quilômetros, ficou parada por 4 horas. Esses episódios aumentaram a desconfiança sobre a solidez da economia chinesa.

Uma das consequências desse baque foi a redução do preço da tonelada do minério, o que afeta diretamente Minas Gerais. Ontem mesmo, a Secretaria de Desenvolvimento de Minas, em conjunto com a Fundação João Pinheiro, informou que as vendas externas do Estado cresceram 7% em junho, em comparação com junho do ano passado. O minério de ferro lidera, responsável por 26,2% do total das exportações. E justamente a China é o maior destino das vendas mineiras, com 25,1% do total.

É esperar que a “mão invisível” do mercado recoloque a economia mundial nos trilhos.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

MEIO AMBIENTE



  

Manoel Hygino


Francisco e sua mais recente carta encíclica foram um dos temas mais comentados pela mídia do mundo ocidental no final de semana. É uma peça realmente valiosa e que, já editada também no Brasil, deveria merecer atenção dos que aqui vivem e que têm responsabilidades graves perante o planeta.

“Laudato Si”, Louvado sejas” adverte os terráqueos para a hora que a humanidade atravessa, mas sem encontrar maior interesse. Trata-se,contudo, de uma advertência que exige meditação e ações práticas para, desde já, amenizar os desafios de agora e os piores pela frente.

Inicialmente, o pontífice se refere a um dos inspiradores de sua Carta, São Francisco de Assis, que, em “gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe em seus barcos: “louvado sejas, meu senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”.

Entanto, os homens não correspondem à generosidade da terra, a terra e a Terra, levando-nos neste princípio de milênio a uma situação de inquietude e preocupação com o que enfrentaremos, não só a de curto e médio prazos. Francisco alerta sobre o uso irresponsável e absurdo dos bens que nos são disponibilizados.

Observa o papa: “Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos”.

“Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra. O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta: o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos”.

Só recentemente começamos a despertar-nos para os problemas do meio ambiente e pelos desastres que podíamos causar ao planeta e a nós mesmos, se não mudarmos a nossa conduta com relação à Terra. Há meio século, João XXIII, no momento em que dolorosamente percebíamos a aproximação de um conflito nuclear, alertava todas as pessoas de boa vontade, não apenas a comunidade católica, para as consequências da omissão insana quanto ao meio ambiente. Pior ainda, pela agressividade com que nos comportávamos diante de nosso abrigo e de nossos meios de sobrevivência e sustento.

Paulo VI admitiu, ainda, a possibilidade de uma “catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial”, sublinhando a “necessidade urgente de uma mudança radical no comportamento da humanidade”, porque “os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem”.

É ao que ora assistimos, como se não fizéssemos parte da casa comum. A carta de Francisco, que é mais do que argentino torcedor do San Lorenzo, exige desvelada atenção.

terça-feira, 7 de julho de 2015

PROBLEMAS DA CONTA DE LUZ



Conta de luz aumenta 74,66% em 2015


Com os aumentos já aplicados este ano, mais o índice da revisão tarifária divulgado no dia 30 de junho, o efeito médio acumulado a ser percebido pelo cliente residencial chega a 74,66%, a partir da próxima conta, se comparado com o que era pago em dezembro de 2014.

A revisão tarifária acontece em média a cada quatro anos para todas as distribuidoras de energia do Brasil. O sistema hidrelétrico (que utiliza água dos rios), responsável por 70% da energia gerada no país, entrou em colapso. Toda vez que as usinas hidrelétricas ameaçam não dar conta do recado, são acionadas as termelétricas que, para gerar energia, usam carvão, gás natural e combustíveis fósseis, que custam bem mais caro.


Com os aumentos já aplicados este ano, mais o índice da revisão tarifária divulgado no dia 30 de junho, o efeito médio acumulado a ser percebido pelo cliente residencial chega a 74,66%
Foto: AES Eletropaulo

Durante o ano de 2015, para repor os altos custos com a geração de energia devido ao acionamento das usinas termoelétricas, ocorreu a Revisão Tarifária Extraordinária e a criação do sistema de Bandeiras Tarifárias, ambos definidos pela Aneel.  O acionamento das usinas termoelétricas ocorreu por conta da crise hídrica que afetou os reservatórios das geradoras do país. Desde janeiro, a bandeira vermelha, a mais cara, é a que está em vigor.
O acionamento da bandeira (verde, amarela ou vermelha) vigente no mês independe do seu consumo individual. Ela é definida pela Aneel, com base no custo de geração de energia elétrica do país e aplicada para todos os clientes do território nacional.
A situação é grave porque a energia elétrica é um serviço essencial, não dá para ficar sem. Ao mesmo tempo, o consumidor não pode escolher de qual empresa comprar a energia, já que o serviço é fornecido em regime de monopólio natural para os clientes residenciais. Outro fator que contribui para esse problema é a ausência de utilização em massa de energias renováveis no país como a eólica e a solar.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) definiu a nova tarifa da AES Eletropaulo, que entrou em vigor dia 4 de julho. O aumento foi de 15,23% e o efeito médio percebido pelo cliente residencial é de 17,3%, sobre o valor do kW/h (consumo).
“Há dois anos, a Aneel vem autorizando reajustes elevados, o que beira a ilegalidade, já que o Código de Defesa do Consumidor protege os cidadãos de taxas abusivas. O aumento de custos por fatores climáticos é um risco do negócio das empresas de energia, as quais, vale lembrar, são privadas. A Aneel não pode se preocupar só com o equilíbrio econômico-financeiro das companhias e deixar o consumidor vulnerável a sucessivos aumentos, que, na prática, impõem uma barreira ao acesso desse serviço essencial”, afirma Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

COMENTÁRIO:

As Termelétricas existentes, quase todas pertencem à Petrobras que tem petróleo e gás para gerar a energia elétrica considerada de custo dito muito elevado, o que é mentira, pois, para a Petrobras o custo dos combustíveis é irrisório, não havendo motivo para cobrarem um custo abusivo dos consumidores. O governo e a imprensa paga por ele mentem para o povo brasileiro e não dizem a verdade sobre a verdadeira falta de energia ou por que cobram tão caro pela energia produzida. A corrupção, os gastos desnecessários e a falta de planejamento e investimento em usinas e linhas de transmissão são as verdadeiras causas para esses aumentos abusivos que infelizmente recaem sobre todos nós. Nós todos assalariados não estamos suportando tanta ganância do governo.

MANDIOCA NELES



  

Manoel Hygino


Pedro Álvares Cabral inventou o Brasil em 1500 e a presidente do país descobriu a mandioca em 2015, embora a façanha seja antiga. Dela se extrai material para produção de pratos típicos do Nordeste brasileiro, passando a integrar a culinária dos mineiros.

Euclides da Cunha não poderia perder a ensancha tão oportunosa e descreveu, na página 335 de “Os Sertões”: “vivia-se à aventura, de expedientes. De modo próprio, sem a formalidade na emergência disponível, de uma licença qualquer, os soldados principiavam a realizar, isolados ou em pequenos grupos, excursões perigosas pelas cercanias, talando as raras roças de milho e mandioca, que existiam”.

O registro não poderia ser ignorado por Manif Zacharias, em “Lexicologia” de “Os Sertões”, um levantamento das palavras usadas pelo grande escritor, e definiu: “Mandioca, s.f. Planta da família das euforbiáceas (manihot utilíssima), cujos grossos tubérculos radiculares, ricos em amido, são de largo emprego na alimentação; o próprio tubérculo desta planta; aipim, macaxeira”. Mas cuidado, há a mandioca brava, uma variedade cujas raízes são venenosas e citada também em “Os Sertões”: “Alguns morreram envenenados pela mandioca brava e outras raízes, que não conheciam”, como está na página 337.

Em minha terra, como registrou o médico, pesquisador e historiador Hermes de Paula, “o pão não é usado em cem por cento em todos os lares no almoço e no jantar; a farinha de mandioca tem a primazia”. Ou tinha. Os hábitos devem ter mudado, mas se preparar uma paçoca ou farofa sem farinha? E há ainda os biscoitos, em cuja composição entram erva-doce, sal e ovos.

Eduardo Almeida Reis, cronista aplaudido, membro da Academia Mineira de Letras, condena determinado feijão de tropeiro, composto com meio quilo de torresmo, meio de linguiça, dois bifes de lombo grelhados, alho, cebola, quatro ovos, couve e feijão. E farinha evidentemente, como lhe foi servido alhures. Se não matar o comensal à mesa, descreveu ele, decerto matará a companheira no leito. “Morte ao feijão tropeiro, é doravante minha divisa. Se Mestre Hygino permitir...”.

Para Eduardo Frieiro, o trivial da mesa mineira é o mesmo, com pouca variação, nas diversas regiões do Estado, até as proximidades da Bahia, onde os hábitos alimentares se parecem um tanto aos baianos. Não pode faltar a farinha de mandioca, embora a de milho fosse mais comum antigamente.

O juiz Carlos Ottoni relatou como era a alimentação dos canoeiros de Minas, descendo o rio das Velhas até o São Francisco. Homens resistentes, alimentavam-se bem com o seu feijão com farinha e toucinho. Ao meio-dia, exigiam uma parada para a jacuba, que temperavam com farinha, rapadura e limão. Leopoldo Pereira pormenoriza: “No caldeirão onde uma boa porção de gordura de porco já está bem quente, rapa-se um pouco de rapadura e, depois que esta amoleceu pelo calor, junta-se farinha até fazer uma massa como angu. Para os outros, é repugnante este terrível engordurado ‘choriço’, mas o canoeiro o come como delícia e para ele o czar da Rússia pode comer mais caro, mas não tão bem”.

Nada lembra o acendrado patriotismo da presidente.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...