quarta-feira, 8 de julho de 2015

MEIO AMBIENTE



  

Manoel Hygino


Francisco e sua mais recente carta encíclica foram um dos temas mais comentados pela mídia do mundo ocidental no final de semana. É uma peça realmente valiosa e que, já editada também no Brasil, deveria merecer atenção dos que aqui vivem e que têm responsabilidades graves perante o planeta.

“Laudato Si”, Louvado sejas” adverte os terráqueos para a hora que a humanidade atravessa, mas sem encontrar maior interesse. Trata-se,contudo, de uma advertência que exige meditação e ações práticas para, desde já, amenizar os desafios de agora e os piores pela frente.

Inicialmente, o pontífice se refere a um dos inspiradores de sua Carta, São Francisco de Assis, que, em “gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe em seus barcos: “louvado sejas, meu senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”.

Entanto, os homens não correspondem à generosidade da terra, a terra e a Terra, levando-nos neste princípio de milênio a uma situação de inquietude e preocupação com o que enfrentaremos, não só a de curto e médio prazos. Francisco alerta sobre o uso irresponsável e absurdo dos bens que nos são disponibilizados.

Observa o papa: “Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos”.

“Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra. O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta: o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos”.

Só recentemente começamos a despertar-nos para os problemas do meio ambiente e pelos desastres que podíamos causar ao planeta e a nós mesmos, se não mudarmos a nossa conduta com relação à Terra. Há meio século, João XXIII, no momento em que dolorosamente percebíamos a aproximação de um conflito nuclear, alertava todas as pessoas de boa vontade, não apenas a comunidade católica, para as consequências da omissão insana quanto ao meio ambiente. Pior ainda, pela agressividade com que nos comportávamos diante de nosso abrigo e de nossos meios de sobrevivência e sustento.

Paulo VI admitiu, ainda, a possibilidade de uma “catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial”, sublinhando a “necessidade urgente de uma mudança radical no comportamento da humanidade”, porque “os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem”.

É ao que ora assistimos, como se não fizéssemos parte da casa comum. A carta de Francisco, que é mais do que argentino torcedor do San Lorenzo, exige desvelada atenção.

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