Como funcionam os aviões
“invisíveis”
Tecnologia Stealth permite que aviões voem sem
serem detectados por radares
O F-117 Nighthawk
foi o primeiro avião Stealth a entrar em combate
A camuflagem é uma
das técnicas mais eficientes quando se quer surpreender o inimigo. Atacando sem
ser detectado, as chances de sucesso aumentam consideravelmente, pois não há
tempo das forças adversárias reagirem e deterem a investida. Soldados utilizam
uniformes que se confundem em meio a floresta ou com o deserto. O mesmo é feito
em veículos de combate, cujas pinturas especiais os “escondem” no meio da
paisagem. Já os aviões têm uma forma ainda mais especial de camuflagem, que
pode deixá-los “invisíveis” aos radares em solo.
Não é qualquer
aeronave que consegue enganar um radar. Ela deve ser construída para tal
propósito. Essa tecnologia recebeu o nome “Stealth” (Furtivo, em inglês), e a
partir dela surgiram alguns dos aviões mais esquisitos que já voaram, como os
insólitos bombardeiros Lockheed F-117 Nighthawk e o Nortrop
Grumman B-2 Spirit, que podem lançar bombas com precisão sem serem
detectados.
Os radares de defesa
antiaérea emitem um feixe de sinais eletromagnéticos. Qualquer corpo que cruzar
essa onda faz com que seja refletido, na proporção de sua dimensão. Quanto
maior for o objeto, maior será a quantidade de sinais refletidos de volta a
fonte emissora e a possibilidade de ser descoberto a grandes distâncias.
Todo avião possui
uma assinatura “RCS” (Radar Cross Section, “seção equivalente de radar”), que
determina a intensidade de como será detectado pelo radar. Para enganar esses
sistemas, uma aeronave deve ter um RCS baixíssimo. O “truque” funciona ao
repelir as ondas, que não retornam a sua antena de origem, e as absorvendo, o
que requer um material especial (uma espécie de tinta) de especificações
secretas.
O eco radar de um
F-177 Nighthawk é semelhante ao de um pássaro
Descoberta por acaso
Quando o radar foi
empregado pelo primeira vez, ainda na Segunda Guerra Mundial, já se buscava
maneiras de enganá-lo. A primeira forma foi com o lançamento de “chaffs”
(tiras de alumínio ou de fibra de vidro) lançadas de um avião, criando uma
nuvem nas telas dos radares inimigos e impossibilitando sua detecção.
Ainda durante o
conflito os alemães desenvolveram o jato GO 229, um avião revolucionário
que mais parecia uma asa – ele não tinha deriva com leme nem elevadores na
traseira. Nos primeiros testes, notou-se que essa aeronave não aparecia nas
telas dos rudimentares radares da época (o GO 229 nunca entrou em combate). Foi
o primeiro passo da era Stealth.
Desenvolvido na
Alemanha nazista, o GO 229 se mostrou Stealth por acaso
Após a derrota da
Alemanha, os Estados Unidos tomou para si o projeto do GO 229 e a partir dele
desenvolveu suas próprias “asas voadoras”. O mais famoso foi o protótipo Nortrop
YB-49 de 1947, que também conseguia repelir as ondas de radar e que anos
mais tarde seria essencial no desenvolvimento do moderno B-2, que também se
parece com uma asa plana. No entanto, o conceito de como esconder um avião dos
radares ainda engatinhava e os resultados obtidos até então eram obra do acaso.
Outro avião
norte-americano que por ventura também tinha RCS baixo foi o velocíssimo Lockheed
SR-71 Blackbird, avião de espionagem que podia voar a mais de 3.500 km/h.
Com esse projeto, os engenheiros se deram conta de que o segredo para tornar um
avião invisível ao radar começava pelo seu formato. O desenho ideal deveria
conter curvas sutis com muitas superfícies pequenas e lisas, processo que ficou
conhecido como “facetamento”.
O formato
diferenciado do SR-71 enganava as ondas de radar
A fuselagem facetada
atua como um diamante, refletindo os sinais para todas as direções, exceto de
volta para radar de origem. Ainda que uma pequena parte das ondas refletidas na
aeronave retorne a fonte emissora, esta não conseguirá identificá-lo como sendo
um avião. Os operados em solo vêem os sinais como uma “centelha” intermitente,
que não lhes permite localizar o objeto e tampouco fixar a mira de um míssil guiado
por radar.
Além do formato
facetado, aviões Stealth (ao menos os desenvolvido nos EUA) são cobertos por um
material absorvente de ondas de radar. A tecnologia, trancada a sete chaves,
bloqueia os sinais e converte o excesso em calor em vez de refleti-las .
Combinando o design em forma de diamante com a tinta especial, um avião pode
ter um RCS semelhante ao de um pássaro.
Para permanecerem
indetectáveis, esses aviões não podem levar armamentos presos às asas ou
fuselagem. Em vez disso, mísseis e bombas são carregados em compartimento
selados, que abrem quando as armas são disparadas.
O F-22 Raptor é
atualmente o único caça Stealth operacional. O avião leva seus mísseis
escondidos na fuselagem, ao lado dos motores
Batismo de
fogo furtivo
A primeira ação de
um avião Stealth só foi revelada após sua estreia em combate. O F-117,
desenvolvido na década de 1970, foi o primeiro avião invisível operacional e em
1989, ainda mantido sob segredo, foi enviado ao combate na crise do Panamá
e destruiu a pista do aeroporto de Rio Hato sem ser detectado pelas forças do
ditador Manuel Noriega.
O F-117 também
combateu lançando bombas de precisão guiadas a laser na Guerra do Golfo,
Kosovo, Afeganistão e na invasão do Iraque. O modelo foi desativado em
2008. Outra aeronave Stealth norte-americana, e ainda em operação, é o B-2
Spirit, que é também o avião mais caro já desenvolvido na história, com preço
unitário de US$ 700 milhões.
O B-2 também lançou
bombas nos conflitos no Kosovo, Afeganistão a na última guerra no Iraque. Esse
avião também foi cogitado para bombardear a região onde Osama Bin Laden estava
escondido no Paquistão, mas a missão foi cancelada. A captura e morte do líder
da Al Qaeda, entretanto, só foi possível graças ao emprego de helicópteros
Stealth, que ainda não tiveram seus detalhes revelados pelas forças armadas dos
EUA.
O helicóptero
Stealth usado na missão que matou Osama Bin Laden ainda é desconhecido. Um
desses helicópteros foi destruído durante a ação
Os aviões invisíveis
mais recentes são o Lockheed/Boeing F-22, um caça de alta performance, e o
projeto internacional de caça naval F-35, que ainda encontra problemas para
entrar em operação.
Além dos EUA, outras
poucas nações detém o conhecimento da tecnologia Stealth. A Rússia está
desenvolvendo o super-caça Sukhoi T-50 e a China apresentou recentemente o
primeiro protótipo do interceptador J-31.
A asa voadora
Nortrop YB-49 é uma continuação de projetos iniciados na Alemanha ainda durante
a II Guerra Mundial O B-2 Spitit tem o formato de um asa voadora e pode levar
18 toneladas de bombas O protótipo Nortrop YF-23 era o concorrente do F-22 na
fase experimental Sketch do caça russo invisível Sukhoi T-50
Primeiro protótipo
do caça chines J-31 O caça naval F-35 será o primeiro avião Stealth capa de
decolar e pousar na vertical (STOL) O helicóptero Comanche com design furtivo
voou em 2006, mas o projeto foi cancelado O helicóptero Stealth usado na missão
que matou Osama Bin Laden ainda é desconhecido O F-22 Raptor é
atualmente o único caça Stealth operacional O formato
diferenciado do SR-71 enganava as ondas de radar Desenvolvido na Alemanha
nazista, o GO 229 se mostrou Stealth por acaso.








