sexta-feira, 5 de junho de 2015

AVIÕES INVISÍVEIS



Como funcionam os aviões “invisíveis”
Tecnologia Stealth permite que aviões voem sem serem detectados por radares

 

                       O F-117 Nighthawk foi o primeiro avião Stealth a entrar em combate

A camuflagem é uma das técnicas mais eficientes quando se quer surpreender o inimigo. Atacando sem ser detectado, as chances de sucesso aumentam consideravelmente, pois não há tempo das forças adversárias reagirem e deterem a investida. Soldados utilizam uniformes que se confundem em meio a floresta ou com o deserto. O mesmo é feito em veículos de combate, cujas pinturas especiais os “escondem” no meio da paisagem. Já os aviões têm uma forma ainda mais especial de camuflagem, que pode deixá-los “invisíveis” aos radares em solo.
Não é qualquer aeronave que consegue enganar um radar. Ela deve ser construída para tal propósito. Essa tecnologia recebeu o nome “Stealth” (Furtivo, em inglês), e a partir dela surgiram alguns dos aviões mais esquisitos que já voaram, como os insólitos bombardeiros Lockheed F-117 Nighthawk e o Nortrop Grumman B-2 Spirit, que podem lançar bombas com precisão sem serem detectados.
Os radares de defesa antiaérea emitem um feixe de sinais eletromagnéticos. Qualquer corpo que cruzar essa onda faz com que seja refletido, na proporção de sua dimensão. Quanto maior for o objeto, maior será a quantidade de sinais refletidos de volta a fonte emissora e a possibilidade de ser descoberto a grandes distâncias.
Todo avião possui uma assinatura “RCS” (Radar Cross Section, “seção equivalente de radar”), que determina a intensidade de como será detectado pelo radar. Para enganar esses sistemas, uma aeronave deve ter um RCS baixíssimo. O “truque” funciona ao repelir as ondas, que não retornam a sua antena de origem, e as absorvendo, o que requer um material especial (uma espécie de tinta) de especificações secretas.



                           O eco radar de um F-177 Nighthawk é semelhante ao de um pássaro

Descoberta por acaso
Quando o radar foi empregado pelo primeira vez, ainda na Segunda Guerra Mundial, já se buscava maneiras de enganá-lo. A primeira forma foi com o lançamento de “chaffs” (tiras de alumínio ou de fibra de vidro) lançadas de um avião, criando uma nuvem nas telas dos radares inimigos e impossibilitando sua detecção.
Ainda durante o conflito os alemães desenvolveram o jato GO 229, um avião revolucionário que mais parecia uma asa – ele não tinha deriva com leme nem elevadores na traseira. Nos primeiros testes, notou-se que essa aeronave não aparecia nas telas dos rudimentares radares da época (o GO 229 nunca entrou em combate). Foi o primeiro passo da era Stealth.



                  Desenvolvido na Alemanha nazista, o GO 229 se mostrou Stealth por acaso

Após a derrota da Alemanha, os Estados Unidos tomou para si o projeto do GO 229 e a partir dele desenvolveu suas próprias “asas voadoras”. O mais famoso foi o protótipo Nortrop YB-49 de 1947, que também conseguia repelir as ondas de radar e que anos mais tarde seria essencial no desenvolvimento do moderno B-2, que também se parece com uma asa plana. No entanto, o conceito de como esconder um avião dos radares ainda engatinhava e os resultados obtidos até então eram obra do acaso.
Outro avião norte-americano que por ventura também tinha RCS baixo foi o velocíssimo Lockheed SR-71 Blackbird, avião de espionagem que podia voar a mais de 3.500 km/h. Com esse projeto, os engenheiros se deram conta de que o segredo para tornar um avião invisível ao radar começava pelo seu formato. O desenho ideal deveria conter curvas sutis com muitas superfícies pequenas e lisas, processo que ficou conhecido como “facetamento”.

 

                              O formato diferenciado do SR-71 enganava as ondas de radar
A fuselagem facetada atua como um diamante, refletindo os sinais para todas as direções, exceto de volta para radar de origem. Ainda que uma pequena parte das ondas refletidas na aeronave retorne a fonte emissora, esta não conseguirá identificá-lo como sendo um avião. Os operados em solo vêem os sinais como uma “centelha” intermitente, que não lhes permite localizar o objeto e tampouco fixar a mira de um míssil guiado por radar.
Além do formato facetado, aviões Stealth (ao menos os desenvolvido nos EUA) são cobertos por um material absorvente de ondas de radar. A tecnologia, trancada a sete chaves, bloqueia os sinais e converte o excesso em calor em vez de refleti-las . Combinando o design em forma de diamante com a tinta especial, um avião pode ter um RCS semelhante ao de um pássaro.
Para permanecerem indetectáveis, esses aviões não podem levar armamentos presos às asas ou fuselagem. Em vez disso, mísseis e bombas são carregados em compartimento selados, que abrem quando as armas são disparadas.



O F-22 Raptor é atualmente o único caça Stealth operacional. O avião leva seus mísseis escondidos na fuselagem, ao lado dos motores

Batismo de fogo furtivo
A primeira ação de um avião Stealth só foi revelada após sua estreia em combate. O F-117, desenvolvido na década de 1970, foi o primeiro avião invisível operacional e em 1989, ainda mantido sob segredo, foi enviado ao combate na crise do Panamá e destruiu a pista do aeroporto de Rio Hato sem ser detectado pelas forças do ditador Manuel Noriega.
O F-117 também combateu lançando bombas de precisão guiadas a laser na Guerra do Golfo, Kosovo, Afeganistão e na invasão do Iraque. O modelo foi desativado em 2008. Outra aeronave Stealth norte-americana, e ainda em operação, é o B-2 Spirit, que é também o avião mais caro já desenvolvido na história, com preço unitário de US$ 700 milhões.
O B-2 também lançou bombas nos conflitos no Kosovo, Afeganistão a na última guerra no Iraque. Esse avião também foi cogitado para bombardear a região onde Osama Bin Laden estava escondido no Paquistão, mas a missão foi cancelada. A captura e morte do líder da Al Qaeda, entretanto, só foi possível graças ao emprego de helicópteros Stealth, que ainda não tiveram seus detalhes revelados pelas forças armadas dos EUA.



O helicóptero Stealth usado na missão que matou Osama Bin Laden ainda é desconhecido. Um desses helicópteros foi destruído durante a ação

Os aviões invisíveis mais recentes são o Lockheed/Boeing F-22, um caça de alta performance, e o projeto internacional de caça naval F-35, que ainda encontra problemas para entrar em operação.
Além dos EUA, outras poucas nações detém o conhecimento da tecnologia Stealth. A Rússia está desenvolvendo o super-caça Sukhoi T-50 e a China apresentou recentemente o primeiro protótipo do interceptador J-31.
A asa voadora Nortrop YB-49 é uma continuação de projetos iniciados na Alemanha ainda durante a II Guerra Mundial O B-2 Spitit tem o formato de um asa voadora e pode levar 18 toneladas de bombas O protótipo Nortrop YF-23 era o concorrente do F-22 na fase experimental Sketch do caça russo invisível Sukhoi T-50 


 Primeiro protótipo do caça chines J-31 O caça naval F-35 será o primeiro avião Stealth capa de decolar e pousar na vertical (STOL) O helicóptero Comanche com design furtivo voou em 2006, mas o projeto foi cancelado O helicóptero Stealth usado na missão que matou Osama Bin Laden ainda é desconhecido O F-22 Raptor é atualmente o único caça Stealth operacional O formato diferenciado do SR-71 enganava as ondas de radar Desenvolvido na Alemanha nazista, o GO 229 se mostrou Stealth por acaso.

SORRISO NATURAL OU POSTIÇO



  

Manoel Hygino





Os chineses estão chegando, serenamente para efeito externo, como é de seu feitio. Trata-se agora de uma esperança de investimento no Brasil, em época de vacas magras, a despeito das chuvas que vieram, embora tardiamente. Foram bem-vindas.

Para o jornalista, advogado e confrade na Academia Mineira de Letras, Fábio Proença Doyle, os chinos desembarcaram, “liderados pelo primeiro-ministro Li Keqianjg, sendo recebidos com tapetes vermelhos, cumprimentos os mais afetuosos, com direito a sorrisos da presidente Dilma Rousseff e aplausos dos circunstantes. Tradicionalmente bons comerciantes, a viagem ao Brasil não foi apenas para estreitar os laços de amizade que já existem, mais enlaçados ainda na gestão do atual governo”.

Recordo agora Pablo Neruda, também com simpatia pelo regime de lá. O poeta chileno, em visita àquele pedaço de mundo, já dizia que “o povo chinês é um dos mais sorridentes do mundo. Através do implacável colonialismo, de revolução, de grandes fomes, de massacres, sorri como nenhum outro povo sabe sorrir. O sorriso das crianças chinesas é a mais bela colheita de arroz que espalha a grande multidão”.
Curiosamente, Neruda não se omite quanto à simpatia china, o charme, mas afirma que há dois tipos de sorriso no país: “um natural, que ilumina os rostos cor de trigo – é o dos camponeses e do povo em geral. O outro é um sorriso da boca para fora, postiço, que se atarraxa e desatarraxa sob o nariz”.
Certamente, a República Popular da China mudou desde os anos 1970, quando houve rápida liberação econômica com a hegemonia do Estado na produção. A estratégia era atrair investimentos estrangeiros para as cidades exportadoras do Litoral, oferecendo mão de obra barata. Isso redundou em crescimento econômico e na disseminação de produtos chineses pelo mundo; e o Brasil evidentemente estava aí, com uma população crescentemente consumidora e consumista.
Nação mais populosa do planeta e a terceira maior em extensão territorial, a China mantém a política de regime fechado e de partido único, criticado por violação aos direitos humanos.
Mesmo com a “abertura” de Pequim nos tempos mais recentes, uma das maiores ou segunda economia do planeta, o país ocupa simplesmente o 85º lugar no ranking mundial de renda per capta. Um estudo da Universidade Normal de Pequim revela que os 10% mais ricos ganham 23 vezes mais do que os 10% pobres, isso em 2007; em 1988, o rendimento dos mais ricos era 7,3 vezes maior.
Uma diretriz atual é reduzir as disparidades sociais e regionais, zelando pelo meio ambiente e o controle da economia. Em setembro de 2010, acumulava as maiores reservas de moeda estrangeira no mundo. Com isso, o governo mantém o yuan, a moeda chinesa, desvalorizada, tornando seus produtos mais baratos no estrangeiro.
Com a explosão das exportações, cresce a pressão internacional por mudanças no regime cambial. Mas isso são apenas pormenores. Eles estão chegando aqui sob franco entusiasmo dos dirigentes brasileiros, encantados com o sorriso bonzinho dos visitantes que prometem mundos e fundos. Como a situação por cá não anda estas coisas, vamos ver o que acontece, até porque Pequim ficará mais perto de Brasília com a prometida ferrovia interoceânica Atlântico/Pacífico, cujo financiamento eles anunciam.

DESESPERANÇA





José Antônio Bicalho


Não existe mais dúvida de que 2015 é um ano perdido. A pequena retração de 0,2% do primeiro trimestre, divulgada na semana passada pelo IBGE, sinaliza apenas o início do mergulho recessivo da economia. É certo que neste segundo trimestre teremos uma redução mais intensa do PIB e poucos economistas ainda apostam num início de recuperação no terceiro trimestre. A dúvida, agora, é se teremos um efeito de arrasto que comprometerá o crescimento também em 2016.
Vamos avaliar alguns indicadores que mostram que as perspectivas não são nada otimistas.
Pela metodologia do IBGE, o PIB (somatório da geração de riquezas do país) é composto pelo consumo das famílias, mais consumo do governo, mais investimentos (das empresas e públicos ou privados em infraestrutura), mais o saldo da balança comercial (diferença entre importações e exportações.

Nos últimos anos, o que segurou o crescimento do PIB foi basicamente o aumento do consumo das famílias. As políticas sócio-distributivas, com destaque para o Bolsa-Família (mas não apenas ele), o aumento real dos salários e do salário mínimo, o pleno emprego e outros fatores geraram um movimento virtuoso de crescimento econômico que durou todos os dois governos Lula e só terminou de fato nesse início de segundo mandato da presidente Dilma.
Mas, somado ao consumo das famílias, tivemos os grandes programas de infraestrutura do governo em parceria com a iniciativa privada, a onda em investimentos privados com crédito farto do BNDES e os investimentos das estatais, principalmente da Petrobras no pré-sal. Também o saldo da balança comercial foi bastante positivo por mais de uma década, favorecido pelo boom de preços das commodities minerais e agrícolas, a despeito da sobrevalorização do real.
Pois bem, o cenário atual é o extremo oposto daquele que experimentamos até meados do segundo semestre do ano passado. O consumo das famílias, com peso de 65% na formação do PIB, está em franca queda, com recuo de 1,5% no trimestre, e sem perspectiva de recuperação por conta do fechamento de postos de trabalho (e principalmente do medo da perda do emprego) e da queda real na renda por conta da inflação.
Sem consumo, o PIB do setor de serviços recuou 1,2% no primeiro trimestre, e o do comércio (atacado e varejo) caiu incríveis 6%. Por falta de confiança na economia, empresas estão adiando investimentos, inclusive estatais. A Petrobras, que era considerada carro-chefe da economia, enfrenta problemas de caixa e está revendo seus planos de investimento.
Resta, então, o governo, que poderia injetar um pouco de ânimo na economia por meio de investimentos e da política monetária. Em função do ajuste fiscal, no entanto, investimentos importantes estão sendo adiados. O governo deve anunciar ainda neste mês um novo pacote de concessões, mas, como se sabe, o início efetivo de obras demanda muito tempo.
Pelo lado da política monetária, tivemos na última quarta-feira novo aumento da Selic (considerada o juro básico da economia), decretado pelo Copom, de meio ponto percentual, para 13,75%, que segue o objetivo de baixar a inflação para 4,5% até o final de 2016, mas afeta o crédito e, consequentemente, o consumo.
Com o esvaziamento da economia (e da arrecadação do governo), e o aumento dos gastos com o pagamento de juros, existe forte dúvida de que o governo conseguirá cumprir a meta de superávit de 1,2% do PIB, que, no final das contas, é o objetivo de toda essa política recessiva.
Então, o que pode nos levar a acreditar numa retomada do crescimento no segundo semestre deste ano ou mesmo no primeiro semestre de 2016? A meu ver, nada.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...