sexta-feira, 20 de março de 2015

DOLEIROS NO BRASIL



A função dos doleiros no Brasil

Fernando Rodrigues


Nas décadas de 1970 e 1980, a classe média brasileira não vivia sem um doleiro. A moeda norte-americana servia para proteger o dinheiro da inflação. Quem viajava para o exterior tinha um limite pequeno para comprar dólares. E não existia ainda cartão de crédito internacional.
Com a abertura da economia, a maior parte dessas operações hoje pode ser feita à luz do dia e sem a ajuda de um doleiro. Mas essa profissão ilegal continua a existir, como se observa nos vários escândalos sucessivos descobertos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Os doleiros têm hoje basicamente duas funções principais. A primeira é facilitar operações internacionais que são feitas com dinheiro ilegal. Uma compra de um produto caro no exterior, por exemplo. Entrega-se o valor em reais no Brasil e a mercadoria é comprada em outro país.
Outra função do doleiro é a de acobertar operações financeiras. Por exemplo, uma pessoa vende um terreno ou casa no Brasil e não deseja pagar imposto sobre o eventual lucro imobiliário. A venda é registrada por um montante diminuto e o pagamento é feito em dinheiro. O vendedor então entrega o valor em espécie a um doleiro e pode receber depois, em dólares (ou outra moeda) aqui ou no exterior.
Há também a operação inversa. Uma pessoa tem dinheiro no exterior e precisa trazê-lo de volta para o Brasil. Nesse caso, o doleiro pode ficar com os dólares que estão em outro país e entregar o valor em espécie ao interessado aqui.
Os doleiros são uma espécie de “private bank” informal para operações financeiras ilegais. Servem a um mercado no qual muitas pessoas querem fugir dos registros das autoridades.
Hoje, de acordo com as regras determinadas pelo Banco Central, é obrigatório fazer uma comunicação prévia ao banco, com um dia útil de antecedência, para saques em espécie de valor igual ou superior a R$ 100 mil reais. Essa exigência também vale para transferências ao exterior. Além disso, todas essas operações são comunicadas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

FRAGILIDADE DO GOVERNO DILMA



Saída de Cid Gomes mostra governo Dilma esfarelando
Fernando Rodrigues
18/03/2015
Presidente enfrenta momento de grande fragilidade
Desfecho da crise é incerto e ninguém aposta no melhor

O pior está acontecendo para o governo da presidente Dilma Rousseff. Tudo o que poderia dar errado nos últimos dias está dando muito errado.
A popularidade de Dilma é a pior para um presidente desde Fernando Collor de Mello.
Seu gabinete no Planalto produziu uma crítica aguda na qual Dilma e Lula são apontados como derrotados. Era um texto reservado. Vazou. “Não é uma goleada. É uma derrota por WO”, diz a análise.
No final da tarde desta quarta-feira (18.mar.2015), o ministro Cid Gomes (Educação) deixou o governo de forma espalhafatosa, xingando o Congresso.
Alguém pode argumentar que Cid Gomes é um político de temperamento mercurial e dado a arroubos. Sua saída seria uma decisão unipessoal e não teria nada a ver com o governo de Dilma Rousseff. Essa é uma avaliação errada.
Alguém acredita que se a atual administração federal estivesse fortalecida e popular Cid Gomes faria o que fez? Claro que não. Este é um momento de grande fragilidade do Palácio do Planalto.
No caso do documento ao qual a mídia teve acesso, tratou-se de um episódio emblemático sobre a barafunda atual. Primeiro, mérito dos jornalistas que tiveram acesso. Segundo, seria muito mais difícil conseguir ler um documento dessa natureza se o governo estivesse mais coeso e ajustado.
A presidente nesta quarta-feira lançou um pacote anticorrupção que não teve o menor impacto. Aliás, na saída da cerimônia, o Blog pode presenciar alguns governistas falando que as medidas eram apenas ações requentadas e de pouco impacto para recuperar a força política do Planalto.
Outro detalhe. Nenhum chefe de Poder esteve presente ao lado de Dilma nesta quarta-feira. Essa foi a mesma situação da última segunda-feira (16.mar.2015), quando a presidente resgatou José Sarney para sentar ao seu lado na cerimônia de sanção do novo Código Civil.
Brasília vive dias muito dramáticos. A presidente parece ter poucos assessores diretos em quem pode se fiar para alavancar uma recuperação. Há uma sensação de solidão dentro do Palácio do Planalto.
O desfecho da crise é absolutamente incerto. E ninguém com quem se conversa em Brasília, seja do governo ou da oposição, aposta no melhor.

quinta-feira, 19 de março de 2015

O QUE O PETROLÃO CAUSA



Petrolão e o suicídio

Eduardo Costa 

Sou da geração que só viu crise, mordaça, roubalheira, desonra e, em brevíssimos parênteses, um pouco de esperança. O período mais animador ocorreu poucos anos atrás, quando Lula, tendo a sabedoria de seguir a política econômica de FHC que tanto criticava, mas, com um olhar inegavelmente mais voltado para os pobres, levou o frango à mesa do miserável, possibilitou ao pobre conhecer avião e nos permitiu andar com os ombros erguidos diante dos povos ditos desenvolvidos.
A safadeza e a falta de compromissos que nos rodeiam desde 1500 fizeram do nosso presidente operário um decrépito que nada via e não ouvia sobre a turma do Zé Dirceu e nosso castelo de sonhos desmoronou. No ano passado, quando já se sabia que dona Dilma estava com lama até o pescoço, mas dizia navegar em águas calmas, houve uma opção de mudança com Aécio; contudo, a maioria dos brasileiros concordou com Luciana Genro – na briga entre tucanos e petistas é o sujo falando do mal lavado – e o Brasil não mudou. Restou-nos um país dividido e o pior momento que já vivi (ou, pelo menos, percebi) em quase seis décadas de labuta. 
Estou impressionado. Não há um só lugar, uma só prosa ou um encontro com amigo que não ouço falar de dificuldades, falências e desemprego.
Não quero discutir política e economia. Quero falar de suicídio. Fosse eu capaz de pautar a imprensa brasileira, convocaria os colegas jornalistas para ignorar o “pacto” antigo de não se falar sobre o autoextermínio. Concordo que uma abordagem sensacionalista, gratuita, pode ter resultados catastróficos. É só voltar no tempo, final do século 18, quando “Os sofrimentos do Jovem Werther”, de Wolfgang Goethe, provocou uma onda de suicídios na Europa. 
Eu falo é de veiculação de mensagens positivas, esclarecedoras, no meio de nosso sangue ensandecido das ruas e as entrevistas descaradas dos engravatados. Eu falo é de apoio institucional a entidades como o Centro de Valorização da Vida. Eu peço é atenção ao comportamento dos que convivem conosco, mas, especialmente, os mais vulneráveis: adolescentes e idosos. 
Na era do celular, a gente só fica olhando pra ele, enquanto uma pessoa querida pede socorro bem ao lado. Com a desesperança, a avalanche das drogas e a volta do desemprego os casos, historicamente subnotificados, tendem a crescer. E, mais ainda, pela omissão nossa, dos jornalistas, a pretexto de bancar o politicamente correto. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

DESVIOS DA PETROBRAS



Suíça bloqueia mais de R$ 1,3 bilhão desviados da Petrobras
Dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas no país europeu
 Jailton de Carvalho




BRASÍLIA — O procurador-geral da Suíça Michel Louber anunciou nesta quarta-feira o bloqueio de US$ 400 milhões — o equivalente a R$ 1,3 bilhão no câmbio de hoje — de pessoas e empresas investigadas por fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras. Deste total, US$ 120 milhões (cerca de R$ 391 milhões) já foram liberados para a repatriação e 90 milhões já estão em contas da Justiça brasileira. O dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas na Suíça sobre corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
Durante a entrevista, Lauber não poupou elogios à cooperação entre o Ministério Público brasileiro e os colegas suíços.
— Não toleramos o uso do sistema bancário suíço para corrupção e lavagem de dinheiro — disse Lauber em entrevista ao lado do procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Desde o início das investigações em abril do ano passado, o Ministério Público da Suíça localizou 300 contas de brasileiros em 30 bancos por onde teria sido movimentado o dinheiro desviado da Petrobras. “Os beneficiários e econômico das contas. Geralmente abertos em nome de empresas, são dirigentes da Petrobras, representantes das empreiteiras, intermediários financeiros e, direta ou indiretamente, empresas brasileiras ou estrangeiras pagadoras de propinas” diz nota do Ministério Público suíço.
Até o momento, pelas informações dos investigadores brasileiros, na lista dos titulares de contas na Suíça estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barrusco, e o ex-diretor de Serviços, Renato Duque.
Nesta semana, autoridades do Principado de Mônaco bloquearam 10 milhões de euros (R$ 34,7 milhões) do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há a suspeita de que o ex-diretor, que substituiu Nestor Cerveró, possa estar envolvido no esquema de corrupção.
Outro nome envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras, o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, movimentou 20,5 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões) por contas na Suíça, Hong Kong, Bahamas, Estados Unidos, Panamá e Portugal. De acordo com o Ministério Público Federal, Duque tentou esconder o rastro do dinheiro desviado de forma ilícita da estatal desde março do ano passado, quando a Operação Lava-Jato foi deflagrada.



ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

  Brasil e Mundo ...