ALGUNS OU MUITOS SAÍRAM
GANHANDO COM ESSA FALSIFICAÇÃO DE LAUDOS DO COMBUSTÍVEL
Petrobras
é acusada de venda superfaturada nos Estados Unidos
A
Petrobras é alvo de mais uma ação judicial nos Estados Unidos, na qual é
acusada de participar de um esquema de superfaturamento do preço de óleo
combustível que teria gerado prejuízo de pelo menos US$ 1 bilhão aos
consumidores de energia de Porto Rico desde 2002.
O
processo não tem relação com a Operação Lava Jato, mas cita o ex-diretor de
abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os autores da ação americana
sustentam que ele foi "instrumental" na assinatura de contratos de
fornecimento de óleo combustível com a Puerto Rico Electric Power Authority
(Prepa), que provê eletricidade para 1,5 milhão de consumidores do território
dos Estados Unidos.
A
advogada Beth Fegan, do escritório Hagens Berman, disse ao jornal O Estado de
S. Paulo que a companhia brasileira era uma das principais fornecedoras de óleo
combustível à Prepa. Além das duas empresas, são acusadas outras petroleiras,
como a Shell, e laboratórios responsáveis pela certificação do óleo usado na
geração de eletricidade.
Laudos
falsificados
A ação de
caráter coletivo sustenta que as companhias, entre as quais a Petrobras,
vendiam óleo de qualidade inferior à especificada, graças a laudos falsificados
dados por laboratórios que participariam do esquema. Mas os preços cobrados dos
consumidores finais correspondiam ao produto de qualidade superior, que não era
entregue.
O
prejuízo de pelo menos US$ 1 bilhão seria relativo à diferença entre o preço do
produto de qualidade inferior e ao que deveria ser usado, nos termos dos laudos
dos laboratórios. A ação é movida contra 20 empresas, que terão 30 dias para se
manifestar. Só depois disso, o Judiciário decidirá se aceita ou não iniciar o
processo.
Viagens e
festas
Fegan
disse que não há indícios de que a Petrobras tenha pago propinas a funcionários
da Prepa ou dos laboratórios para que o óleo de qualidade inferior fosse
aceito. Mas ressaltou que a companhia bancou viagens e festas para integrantes
da empresa de eletricidade.
Entre os
exemplos citados está uma viagem ao Rio de Janeiro em 2006 para assinatura de
contrato de fornecimento de óleo com o então diretor Paulo Roberto Costa, preso
desde março de 2014 no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Além
das recuperação dos prejuízos estimados, a ação pede indenização de caráter
punitivo, em valor que ainda não foi definido.
Ações
coletivas
A
Petrobras já é alvo de pelo menos 11 ações coletivas movidas por investidores
que buscam reparação de perdas decorrentes do escândalo de corrupção que abala
a companhia brasileira. Os autores desses processos sustentam que compraram
papéis com preços inflados e acusam a empresa de sonegar informações sobre sua
real situação financeira.
As ações
deverão ser consolidadas em um único processo e no dia 27 de fevereiro o
investidor que vai encabeçar a ação deverá apresentar a petição inicial
consolidada da causa.
Somados,
os prejuízos alegados pelos investidores que aderiram às ações coletivas nos
Estados Unidos chegam a US$ 530 milhões. Esses investidores argumentam que
tiveram prejuízos porque a estatal não divulgou adequadamente o esquema de
corrupção na empresa, que quando se tornou público fez as ações e bônus se
desvalorizarem.
A estatal
já informou que contratou um escritório de advocacia americano especializado e
"vai defender-se firmemente em relação às alegações feitas nessas
ações". O Departamento de Justiça e a Securities and Exchange Commission
(que regula o mercado acionário) também iniciaram investigações sobre a
companhia brasileira, que tem ações no mercado americano e negócios no país. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.