terça-feira, 6 de janeiro de 2015

GOVERNO E EDUCAÇÃO



GOVERNO E EDUCAÇÃO

EDUARDO COSTA 

Estou ansioso por novos pronunciamentos da presidente Dilma ou mesmo de seu ministro da Educação. De tudo o que vi e ouvi, durante a cerimônia de posse para mais um mandato, o que mais me interessou foi a parte que definiu o tema como o lema de seu novo governo e reafirmou o compromisso de "extirpar" a corrupção.

"Nosso lema será: Brasil, pátria educadora", disse Dilma, que apontou a democratização do conhecimento como uma das metas de seu governo. Segundo ela, ao longo deste novo mandato, a área começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo. "Vamos continuar expandindo o acesso às creches, pré-escolas para todos, garantindo o cumprimento da meta de universalizar até 2016, o acesso de todas as crianças de 4 a 5 anos à pré-escola", relatou a presidente, que também citou avanços no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), no Ciências sem Fronteiras e na educação em tempo integral. 
Tenho a isenção de quem não é pró nem contra Dilma. 
Sinceramente, torço para que o governo dela dê certo. E, como sempre estive convencido de que a Educação é o caminho, já votei em Cristovam Buarque, meu ídolo é Darcy Ribeiro e aprovo iniciativas petistas como o Enem, o Pró-Uni e as cotas, preciso apenas entender melhor a fala da chefe da Nação para sair a campo defendendo suas bandeiras. A primeira delas diz respeito ao que de fato significa o enunciado do lema. Até onde consigo enxergar, a pátria somos todos nós; logo, “pátria educadora” funciona mais como campanha de conscientização do que programa de governo. Nesse caso, se ela quiser atingir logo um espectro mais amplo, de comportamento, ética, respeito aos outros, etc. a primeira providência é demitir toda a diretoria da Petrobras, anunciar tolerância zero com a roubalheira e cortar gastos de todo o governo com hotéis de luxo, aviões, helicópteros, garçons, enfim, tudo o que não for absolutamente necessário, como se faz em casa.
Se ela fizer o básico, garantir a decência e liberar as verbas para o Ensino, da Educação a família brasileira trata. O difícil é acreditar na prevalência dos valores se a Dilma escolhe um engenheiro civil para ser o Ministro da Educação. Com todo respeito, senhora presidente, me ajuda a entender?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

PANORAMA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA




PANORAMA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NÃO VAI SER ALTERADO APESAR DAS PROMESSAS
O lema “Brasil: Pátria Educadora” é ruim e pode significar qualquer coisa

Leonardo Sakamoto

O lema escolhido por Dilma Rousseff para o seu segundo mandato – Brasil: Pátria Educadora – é ruim e traz uma promessa vaga. Não que a educação não tenha que ser eixo central de qualquer país que pretenda continuar a existir. O problema é a forma com a qual o governo apresenta esse desafio e a dúvida quanto ao seu conteúdo.
Claramente escolhida em consonância com as recomendações de seu marqueteiro João Santana, a ideia tenta dialogar com os protestos de rua de junho de 2013 com dois temas que estiveram presentes: o resgate de um certo patriotismo e a demanda por educação.
A utilização do termo “pátria'' em qualquer processo público no Brasil me dá arrepios por conta do nacionalismo tosco que evoca. Afinal, é usado exaustivamente em regimes autoritários, como a última ditadura militar brasileira, a fim e promover o sentimento de amor à terra pátria (aliás, bem melhor seria se fosse “mátria'', terra materna, mas isso é outra discussão). Alguém que esteve presa por anos e foi torturada por uma ditadura bizarra saberia disso. Mas a memória é condicionada às necessidades políticas.
Quando alguém ergue um cartaz escrito “Educação'' em um protesto, sabe o que essa pessoa está dizendo? Absolutamente nada. Junho de 2013 contou com vários temas que funcionaram como o que Bourdieu chama de “fatos-ônibus'' – que não chocam ninguém, que não dividem, que formam consenso, que interessam a todo mundo. Alguns desses temas foram os veículos usados por jovens que foram às ruas manifestar sua sensação de descontentamento com o poder (seja ele qual for) e demonstrar sua insatisfação com a falta de perspectivas que enxergavam.
Mas dizer apenas “Educação'', seja em um cartaz ou em um lema governamental, não agrega nada. Porque a educação pode ser emancipadora (o que é bom) ou doutrinadora (o que é péssimo). Em junho de 2013, serviu como veículo da catarse. Em janeiro de 2015, para preencher um vazio de ação política.
Considerando que seu governo caminha para não assumir uma posição firme de luta visando a profundas transformações sociais, faria sentido optar por um lema que seguisse a toada aberta em seu discurso de vitória, em outubro do ano passado. Algo como “Brasil: Construindo Juntos um País'' ou qualquer coisa nesse sentido.
Passando as perfumarias, entramos no problema em si. Se Dilma tivesse planos reais de colocar a educação como ponto central de seu governo, deveria ter começado produzindo um documento com propostas que se assemelhasse realmente a um Programa de Governo. Contudo, o que ela divulgou durante a campanha eleitoral foi uma compilação de cifras realizadas e promessas de novas cifras, com pouca discussão sobre a concepção que seu grupo político tem para educação. Por exemplo, pouco tratou da valorização dos professores – aspecto central para a educação de qualidade.
Dos programas dos três candidatos mais votados, o dela foi – de longe – o mais vago. “Ah, mas programa de governo não vale nada, é só formalidade.'' Se é assim, então no que vou basear minha escolha eleitoral? Apenas na emoção trazida por crianças sorrindo no horário eleitoral gratuito, correndo – em câmera lenta – por uma estrada de terra em direção a uma escola rural, com uma música de fundo que faz chorar e um close no rosto da mãe orgulhosa antes dela dizer que vai votar em determinada pessoa? Fala sério…
O programa de Marina, após assumir como candidata, era o melhor dos três. Sente-se a influência da participação de Neca Setúbal, que é da área. O de Aécio Neves, abertamente neoliberal, também era um plano mais detalhado que o de Dilma.
Sem uma discussão sobre concepção de educação e de um posterior plano de ação baseado nessa concepção, os 10% do Produto Interno Bruto que devem ser destinados a essa área tem boas chances de irem para o ralo da má utilização ou mesmo desviado pela corrupção.
Em outras palavras, para quem colocou a educação como lema de seu governo, falta um plano para colocar isso em prática. Parece a história de um jornal que primeiro produz uma manchete pensando na audiência e, somente depois, faz uma reportagem para preencher o espaço.
É claro que a educação não é tocada apenas pelo governo federal, mas também pelos estados e municípios. Mas a União tem um papel importante para além do financiamento. Ela atua na definição de uma base curricular nacional, de programas de educação integral, na formação de professores (inicial e continuada), no currículo do cursos de pedagogia e das licenciaturas, no piso salarial, na carreira docente, nos processos de avaliação externos. É grande sua influência como indutor de políticas para redes estaduais e municipais. Exemplo, 60% dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que é federal, é carimbado para a valorização docente.
O governo Dilma não possui um plano integrado do que ainda está por ser feito. Deve seguir o Plano Nacional de Educação, que é uma importante compilação de metas. Se seguido à risca pode, sim, reduzir a desigualdade no acesso e aumentar a permanência na escola, mas ele pouco aborda a concepção de ensino, tanto para alunos quanto a formação de professores. E se queremos produzir mão de obra de qualidade para os desafios deste século e, muito, muito mais importante do que isso, se queremos empoderar cidadãos para serem capazes de se tornarem protagonistas de suas próprias histórias e não apenas um tijolinho no muro, precisamos de um.
A última tentativa de traçar uma concepção para educação ocorreu no governo Fernando Henrique. É daquela época o trabalho em cima dos Parâmetros Curriculares Nacionais (que acabaram sendo adotados por vácuo, ou seja, pela falta de outra política) e a própria Leis de Diretrizes e Bases da educação, que é boa, mas não foi aplicada totalmente e corretamente.
Vale lembrar que a discussão sobre que tipo de formação de professores nós precisamos e como fazer isso acabou interditada pelo relacionamento conflituoso entre membros do governo FHC e setores da academia. O curso de pedagogia, que acabou sendo caminho obrigatório, substituindo o antigo magistério, forma de professores polivalentes (de todas as disciplinas da Educação Infantil e do primeiro ciclo do Fundamental), a gestores e pesquisadores. Portanto, a preparação para o que acontece dentro da sala de aula saiu prejudicada.
A gestão Fernando Haddad no Ministério da Educação, só para efeito de comparação, agiu mais na produção de indicadores de qualidade para os diversos níveis de educação, na ampliação do financiamento com o Fundeb e na ampliação do acesso ao ensino superior (novas universidades federais, Fies, Prouni) – o que foi importante, mas não traçou um planejamento de longo prazo para a educação.
Por fim, um governo que afirme que vai colocar a educação como prioritária não deveria jogar com a sorte. A vinda de Cid Gomes para a pasta está sendo vendida como um reconhecimento à evolução do município de Sobral, onde ele foi prefeito, e os programas de alfabetização tocados em seu governo no Ceará. E olhe que nem estou lembrando de quando ele afirmou que professor tem que trabalhar por amor e não por dinheiro.
Mas, na prática, ele vem como homem forte de um grupo político com votos no Congresso Nacional (a governabilidade, sempre ela…) que, dessa forma, vai ajudar na sustentação ao governo federal. Há outros quadros políticos ou puramente técnicos que seriam a demonstração de que Dilma quer um plano para melhorar a educação do país (quer, porque ela não tem). Ficaram de fora.
Por isso, com base no ministério escolhido, salvo algumas exceções, acho que “Brasil: A Zoeira Nunca Termina'' ainda é o lema mais apropriado. E o mais sincero.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

DISCURSO E PRÁTICA



O discurso e promessa na eleição é um e na prática é outro!                                                                        Depois da tempestade, 2015 trará a cobrança

Josias de Souza

Primeiro, a boa notícia: às vésperas do encerramento do ano, o ministro Guido Mantega veio à boca do palco para informar que a economia do Brasil nunca esteve tão sólida. Agora, a melhor notícia: dentro de 24 horas, não haverá mais Guido Mantega no Ministério da Fazenda. Mas, atenção, essas são as únicas novidades alvissareiras deste ocaso de 2014.
Se alguém lhe desejar um ‘próspero Ano-Novo’ à zero hora desta quinta-feira, 1º de janeiro de 2015, desconfie —é cinismo, ingenuidade ou desinformação. Hoje, prosperidade é outro nome para ilusão. Chama-se Joaquim ‘Mãos de Tesoura’ Levy o substituto de Mantega. Ele chega para desfazer os truques. Depois da tempestade provocada pela contabilidade criativa, virá a cobrança.
O otimismo é uma obsessão das passagens de ano. Se, ao mastigar a lentilha, você ficar tentado a entrar na onda, experimente fazer um exercício mental. Imagine que o Brasil pode melhorar, deve melhorar, tem que melhorar. Finja que o momento é agora. Simule otimismo. Faça cara de quem acredita que tudo dará certo em 2015. Muito bem. Agora, pense no novo ministério da Dilma.
O Kassab nas Cidades, El Cid na Educação, o filho do Jader na Pesca, o afilhado do Renan no Turismo, o pastor da Universal no Esporte, o amigo do Valdemar Costa Neto nos Transportes e um estonteante etcétera… Desanimou, certo? Natural. É impossível pensar no novo ministério da Dilma e continuar otimista. Não há o menor risco funcionar.
Antes mesmo do Ano-Novo, Dilma decidiu que, no segundo mandato, será outra mulher. Ela se apalpou e detectou insuspeitados focos de prosperidade na cintura. Numa noite úmida do verão brasiliense, acordou sobressaltada no Alvorada. Sonhara que era o Delfim Netto. Teve de certificar-se de que a escolha de Levy não fizera dela uma neoliberal, embora precisasse de uma dieta. Se tudo der certo, chega à hora da posse 13 quilos mais magra. No momento, pesa-lhe apenas a consciência.
Alguém que ainda consegue discursar em defesa da moralidade depois de ter comandado o Conselho de Administração da Petrobras e de não ter notado que o patrimônio nacional era saqueado pelos esquemas que acompanham o petismo no poder…, uma pessoa assim tão, digamos, distraída, é um desafio à oftalmologia, não a presidente reeleita que 2015 mereceria para ser feliz.
Dentro de poucas horas, na cerimônia de posse, Dilma lerá mais um pronunciamento com as digitais de João Santana. Apelará para a fantasia que substitui e redime a realidade. Melhor que seja assim, porque a fantasia é sempre uma opção preferível ao caos. De resto, o convívio com empulhações é uma velha característica da vida nacional. Por que discriminar 2015? Não seria justo.
O país vive uma fase de especial vigor dessa sua peculiaridade. A inflação, os juros e a dívida pública estão nas alturas. O bom senso e o PIB rastejam próximos de zero. Mas o governo celebra o pleno emprego. Depois de uma eleição em que brincou de esconde-esconde, a presidente mostra a faca. Mas não corta direitos dos trabalhadores. Apenas corrige “distorções”.
Dilma leva ao pé da letra o lema de sua campanha: governo novo, ideias novas. Em alguns setores, tem-se a impressão de que, de fato, nada será como antes. Do ponto de vista econômico, Dilma aderiu a Aécio Neves. Se tudo correr como foi planejado por Lula, a presidente fará com Levy aquilo que a lógica e o mercado financeiro esperam dela. Na hipótese de dar certo, a situação vai piorar bastante antes de melhorar.
Pode haver algum desemprego. Mas ninguém deve se preocupar. O sucesso da dieta afastou o risco de a Dilma ser um Delfim Netto disfarçado. Ela continua sendo uma governante de esquerda. Mantém o ideal socialista amparada por uma estrutura parlamentar dominada pelo reacionarismo. Mas não vai barganhar a alma —mesmo porque ela continua prometida ao Lula.
Se você quiser, a despeito de tudo, continuar a crer num “próspero 2015” sem correr riscos, convém simplificar sua ilusão e adotar certas precauções. Sempre que der de cara com o Paulo Maluf defendendo o governo, não desanime. A Justiça Eleitoral considerou-o um ficha-limpa. Ele estará na Câmara em 2015. A reincidência do Maluf é parte da prosperidade de faz-de-conta.
Leve no bolso do colete uma dose de ceticismo. Não traz felicidade, mas funciona como uma espécie de Isordil metafórico. Evita, por exemplo, o infarto dos eleitores de Dilma na hora que se derem conta de que votaram no aumento do superávit primário. Paciência. Embora o João Santana não tenha avisado, é assim mesmo. Depois da tempestade, sempre vem a cobrança.
Para que o ruim não fique ainda pior, abra bem os olhos na hora da virada. Do contrário, o último a sair de 2014 rouba a luz.

APRENDI E DECIDI

Faço do texto do Jornalista Eduardo Costa, as minhas palavras e desejo a todos que lêem esse Blog um Feliz Ano Novo.

APRENDI E DECIDI
Eduardo Costa 

Queria agradecer muitíssimo pela companhia por mais um ano, expressar minha gratidão aos que comentaram os textos, seja com concordância, estímulo e dicas de assuntos a serem abordados seja na manifestação crítica, respeitosa e democrática que também ajuda o escriba dos acontecimentos diários a repensar posicionamentos, a fim de se moldar para que realmente represente uma voz da comunidade, na manifestação dos sentimentos que fazem pulsar a nossa cidade, nosso país. Recebi, recentemente, um presente e tanto do amigo Lauri Jorge: um texto do genial Walt Disney que me serve de mantra nas horas de reflexão sobre o que mudar; como mudar e quando mudar. Compartilho-o com votos de um Feliz 2015.
“E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde.
Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de"amigo".
Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida".
Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade.
E desde aquele dia já não durmo para descansar...
Simplesmente durmo para sonhar”.


CRISE NO MERCADO DE BENS DE LUXO

  Brasil e Mundo ...