CORRUPÇÃO É FEITA EM
SEGREDO E COMO OS DEPOIMENTOS ESTÃO EM SEGREDO DE JUSTIÇA, NINGUÉM SABE DE
NADA, A NÃO SER DE ALGUNS PEQUENOS VAZAMENTOS QUE IMPACTARAM A OPINIÃO PÚBLICA. FAÇAMOS IDEIA DO GROSSO DO
DEPOIMENTO, SEGUNDO ALGUMAS DIVULGAÇÕES, OS DEPOIMENTOS DOS DOIS PRESOS VÃO
ABALAR A REPÚBLICA E SE DIVULGADOS PODERIAM IMPEDIR A ELEIÇÃO.
Com
Petrobras arrombada, Dilma posa de xerife
Josias de
Souza
“Uma coisa tem que ficar clara”, disse Dilma
Rousseff, no debate presidencial veiculado pela Record, ao tentar distanciar-se
do escândalo de corrupção da Petrobras. “Quem demitiu o Paulo Roberto fui eu. A
Polícia Federal do meu governo investigou todos esses malfeitos, esses crimes,
esses ilícitos. E eu sou a única candidata que apresentei propostas concretas
de combate à corrupção, principalmente à impunidade. Como, por exemplo, tornar
o crime de caixa dois um crime eleitoral…”
Dilma
tentava responder a ataques feitos pelo tucano Aécio Neves e pelo Pastor
Everaldo. Faltou-lhe, porém, um mínimo de nexo. Nomeado diretor de
Abastecimento da Petrobras em 2004, sob Lula, Paulo Roberto Costa, o delator da
petroroubalheira, deixou a estatal em 2012, segundo ano da gestão Dilma. Mas
saiu sob rasgados elogios pelos “bons serviços” prestados.
A Polícia
Federal atua no caso sob convocação da Procuradoria da República, avalizada
pela Justiça Federal. Quanto às “propostas concretas de combate à corrupção”,
foram anunciadas por Dilma na última sexta-feira, 12 anos depois da chegada do
PT ao poder federal. Redigidas em cima da perna, tais propostas ganharam a propaganha eleitoral
no sábado, véspera do debate.
A
despeito da fragilidade de suas posições, Dilma animou-se a endereçar uma
pergunta sobre Petrobras ao rival tucano Aécio Neves. “Em discurso proferido na
Câmara em março de 1997, o senhor declarou que pode ser que chegue o momento de
discutirmos a privatização da Petrobras… Recentemente, o senhor voltou ao tema,
dizendo que a Petrobras não está no radar da privatização do PSDB. Queria dois
esclarecimentos: assumiria aqui o compromisso de nunca colocar a privatização
da Petrobras no radar? Quais as privatizações que estão no radar?''
Surpreendido
com a inusitada levantada de bola, Aécio cortou com gosto: “Tenho sido
absolutamente claro sobre a Petrobras. Não vamos privatizá-la. Inclusive, um
projeto de lei que proíbe a sua privatização é de autoria do PSDB. Mas eu vou
reestatizá-la. Vou tirá-la das mãos desse grupo político que tomou conta dessa
empresa e está fazendo aquilo que nenhum brasileiro poderia imaginar: negócios!
Há 12 anos.”
Aécio
puxou Dilma para perto da encrenca: “A senhora era presidente do Conselho de
Administração dessa empresa. É vergonhoso. As denuúcias não cessam. A última,
dessa semana, é que o coordenador da sua campanha [de 2010, Antonio Palocci],
…buscou desse esquema de propinas recursos para financiá-la. Eu prefiro não
acreditar nisso, mas não há, senhora candidata, e vou falar de forma franca,
não há um sentimento de indignação” de sua parte.
O tucano
prosseguiu: “Não vejo em momento algum a senhora dizendo: ‘não é possível que
fizeram isso nas minhas barbas, sem eu saber o que estava acontecendo. Essa
indignação está faltando.”
Dilma não
se deu por achada: “Candidato, eu combato a corrupção para fortalecer a
Petrobras. Tem gente que combate para usar as denúncais de corrupção para
enfraquecer a Petrobras. Eu registro que os senhores foram sempre favoráveis a
uma relação com a petrobras de privatização. É eleitoreiro falar que o senhor
vai reestatizar. Aliás, o senhor vendeu uma parte das ações a preço de banana.
E tentaram tirar o ‘bras’ do nome Petrobras. Bras, de Brasil. Por quê? Para
vender mais fácil no exterior.”
Aécio
trocou o escândalo em miúdos: “Eu não vendi nada, candidata. Mas vou votar ao
tema, que é central. Apenas a denúncia do diretor nomeado pelo governo do PT e
mantido no seu governo, apenas aquilo que ele assume que foi desviado da
Petrobras, permitiria que 450 mil crianças estivessem numa creche.
Possibilitaria que 50 mil casas do Minha Casa, Minha Vida tivessem sido
construídas. Aí é que está o dolo, aí é que a corrupção impacta na vida das
pessoas.”
Coube ao
nanico Levy Fidelix, numa “conversa de compadres'' com Pastor Everaldo, injetar
no debate o fantasma do doleiro Alberto Youssef, que também decidiu suar o dedo
indicador ao propor um acordo de delação premiada à Procuradoria da República.
“Everaldo, já tivemos alguns escândalos bem recentes: mensalão e outros que
ainda estão por surgir. Creio que, até o final dessa eleição, ao que tudo
indica, vem o tal do Youssef com as suas denúncias. Acho que essa eleição não
vai terminar bem.”
Em vez de
fazer pose de xerife diante da estatal arrombada, Dilma deveria considerar a
hipótese de passar a vassoura no setor energético do seu governo enquanto há
tempo. Convém cuidar dos minutos, que as horas passam. Está cada dia mais
complicado sustentar a pantomima do ‘eu não sabia’.