OPINIÃO SOBRE OS PROTESTOS DA POPULAÇÃO
Esses protestos foram Iniciados no dia 10 de junho em São
Paulo e ninguém poderia imaginar que fossem alastrar por todo o Brasil como um
tsunami que não pode ser detido. Justificamos a nossa falta de previsão pelo motivo
do povo brasileiro ter ficado reprimido desde a Revolução de 1964 pelas forças
policiais. Eis que de uma ora para outra, através do convencimento da população
pelas redes sociais que a situação do País está insustentável, em todos os
aspectos, foi possível uns convocando os outros, que resultou nesta demonstração de insatisfação
geral contra o governo, contra os parlamentares, contra a lentidão da justiça,
contra a falta de segurança, contra o custo de vida, contra a inflação, contra
os índices da inflação manipulados, contra os meios de transporte muito caros e
ineficientes, contra a má aplicação do dinheiro público, contra o sistema de
saúde muito ruim, contra a má qualidade da educação, contra a falta e a
preservação das estradas, contra o sistema político vigente, etc.
Esta situação do povo nas ruas lembra os anos de 1960, quando
o povo se insurgiu contra o governo e na época eram chamados de comunistas,
pois eram orientados pelas forças de esquerda, portanto, eram influenciados
pelos políticos, daí originou a Revolução Militar de 1964.
O segundo movimento provocado pela população ocorreu na campanha
dos “caras pintadas” que resultou na queda de Fernando Collor de Melo, também, esse
movimento foi político.
Agora, vê-se que o terceiro movimento é apolítico, isto é,
não tem líderes políticos, que só querem aproveitar politicamente desses
movimentos, para proveito próprio.
Afinal o que é esse movimento? É contra tudo que está errado
neste país, é o resultado da impaciência daqueles que observam tudo trocando
impressões entre si e que gradativamente vão formando as suas opiniões através
das redes sociais e que eclodiu em forma de condenação do poder dos governos,
dos políticos, do judiciário e da distribuição de migalhas para a população.
Vê-se que esse movimento do “Passe-Livre” ou o da “Revolução
do Vinagre” está provocando uma reação dos governantes no sentido de dialogar
com a população ver o que ela quer e quer queiram quer não terão que se curvar
aos desejos e anseios da população.
Esta revolta deflagrada pelo transporte público não é nova no
Brasil. Ela nos lembra a Revolta do Vintém de 1880, cujo motivo foi o aumento
das passagens dos Bondes.
As massas impõem respeito. Políticos que até ontem
desdenhavam dos radicais e vândalos do Passe Livre agora juram que apôiam as
manifestações desde criancinhas. Já há governantes falando em rever o preço do
ônibus. O que está acontecendo?
É difícil dizer com precisão. Estudiosos da
psicologia de massas ainda não chegaram a um acordo nem sobre como elas atuam,
menos ainda sobre como surgem e desaparecem. Há motivos tanto para júbilo como
para apreensão. Multidões, afinal, podem ser extremamente sábias e
pavorosamente estúpidas.
Então, devemos ter cuidado para os rumos desse
movimento. Esperamos que possam surgir verdadeiros líderes, pessoas com perfil
de estadistas, para que possam assumir o
controle, o bem estar e o progresso dessa nação.
É preciso sacudir o congresso, fazer os políticos
trabalharem em prol dos interesses maiores da nação e não se envolverem em
questões estéreis e improdutivas, como a “cura gay”, que não é doença, a qual
os nazistas tentaram tratar e chegaram à conclusão que era melhor castrar os
homossexuais para lhes tirar o prazer.
Peço licença ao autor Fernando Rodrigues desse
excelente artigo que ora transcrevo, que serve como orientação para os líderes
desses movimentos.
O rumo
dos indignados
BRASÍLIA - Recebi muitos comentários (alguns impublicáveis)
por meio de redes sociais por ter afirmado ontem que os manifestantes de rua
tendem a ficar "órfãos por algum tempo de um representante político".
Até porque rejeitam todo o establishment partidário atual.
Uma das críticas mais recorrentes foi sobre minha
incapacidade de compreender que os protestos são horizontais, sem líderes e
fora das convenções. Para os ativistas, se um outro mundo é possível, outra
mediação institucional também é.
A maioria dos ativistas rejeita os políticos e os
partidos. Mas ainda não ficou claro como seria uma outra forma de representação
fora do Congresso Nacional. Hoje, a Câmara e o Senado são as instâncias nas
quais as demandas têm de ser resolvidas numa democracia representativa como a
brasileira. A não ser que os manifestantes defendam o fechamento do Poder
Legislativo. É isso?
Se o Congresso se mantiver aberto, com todos os
seus (imensos) defeitos atuais, como serão encaminhadas as propostas que estão
emergindo das passeatas? Iniciativa popular é uma possibilidade, mas dá muito
trabalho. Além do mais, quem acaba votando são os deputados e os senadores
agora tão repelidos.
Outra saída para os ativistas seria propor
democracia direta. Os votos poderiam ser dados, quem sabe, por meio da
internet. O Congresso seria dissolvido. Só que o Brasil teria de passar por uma
revolução para alcançar esse estágio --os três Poderes são cláusulas pétreas da
Constituição e nenhum pode ser eliminado com uma canetada.
Faço essa reflexão para dizer que os movimentos de
rua sem capacidade de organização tendem a ser esvaziados pelos poderes
constituídos na base de concessões objetivas. Alguns prefeitos e governadores
já aceitam reduzir as tarifas de ônibus. Outros benefícios virão. Aí será
testado o grau de indignação real de quem hoje ocupa as ruas do país.
Fernando
Rodrigues é
repórter em Brasília. Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje
"Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu
quatro Prêmios
Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).