Por
João Lara Mesquita – Jornal Estadão
Bizarro tubarão capturado na Austrália assusta quem o viu
Há peixes, e peixes. Mas este, capturado na Austrália, assusta até os mais avisados. Um tubarão bizarro, para lá de feio e estranho, saiu das profundezas para as manchetes da mídia internacional. Especialistas em tubarões não sabem exatamente a qual espécie pertence a criatura de aparência assustadora, aumentando o mistério em torno desse espécime incomum. Um pescador de alto-mar, que atende pelo nome online Trapman Bermagui, capturou o misterioso tubarão de uma profundidade de cerca de 650 metros na costa de Nova Gales do Sul, na Austrália.
Sucesso nas redes sociais
Em 12 de setembro de 2022 Trapman Bermagui, um pescador australiano, compartilhou no Facebook a imagem da ‘criatura’ por ele pescada. Foi o que bastou para inundar as redes com as imagens. E não é para menos, convenhamos.
Leia tambémTubarão Port Jackson, um tipo muito estranhoO maior peixe de água doce já documentadoPeixe-frankenstein, espécie provoca agitação
Segundo o www.livescience.com, ‘Um bizarro tubarão do fundo do mar com olhos esbugalhados e um enervante sorriso humano foi recentemente arrastado das profundezas da costa da Austrália. A imagem mostra a pele áspera como uma lixa, o focinho grande e pontudo, os grandes olhos esbugalhados e os dentes brancos perolados expostos.’
‘As características incomuns do tubarão rapidamente chamaram a atenção de outros usuários do Facebook, que ficaram surpresos ou aterrorizados com a criatura. Um comentarista escreveu que o espécime era “o material dos pesadelos”, enquanto outro postou que o “sorriso maligno” da criatura lhe deu “grandes arrepios”.’
Pescador conversou com a Newsweek
Tão logo a foto foi vista, começaram igualmente os palpites. Alguns diziam ser um Tubarão-charuto, ou cookiecutter, o pequeno infernal.
Contudo, a revista Newsweek conseguiu entrevistar Bermagui. ‘Definitivamente, não é um Tubarão-charuto, disse ele. “É um tubarão de pele áspera, também conhecido como uma espécie de tubarão-cão.’ E concluiu o pescador: “Esses tubarões são comuns em profundidades superiores a 600 metros. Nós os pegamos normalmente no inverno.”
Dean Grubbs, diretor associado de pesquisa do Laboratório Costeiro e Marinho da Universidade Estadual da Flórida, também comentou. Ele disse à Newsweek que a espécie parece ser Centroscymnus owstoni.
Segundo Grubbs, que os pesquisou, eles também habitam o Golfo do México e as águas das Bahamas. “Os nossos vieram de profundidades de 740 a 1160 metros, então um pouco mais profundos do que este. Eles estão na família Somniosidae, os Sleeper Sharks, a mesma família do tubarão da Groenlândia, mas obviamente espécies muito menores”.
De acordo com uma descrição desta espécie no Smithsonian Tropical Research Institute, o cação de pele áspera tem boca curta e lábios grossos, atinge um tamanho de 120 centímetros e geralmente vive em profundidades de até 1.500 metros.
Dúvidas sobre a espécie da ‘criatura’
Contudo, há quem discorde. A Newsweek entrevistou Christopher Lowe, professor e diretor do Laboratório de Tubarões da Universidade Estadual da Califórnia em Long Beach. “Parece-me um tubarão-gulper de águas profundas, que são conhecidos da Austrália”, disse ele, embora tenha notado que não podia ver todo o corpo ou o tamanho do tubarão pelas fotos publicadas.
A Live Science também foi atrás da identificação correta. E entrevistou Brit Finucci, cientista de pesca do Instituto Nacional de Água e Pesquisa Atmosférica da Nova Zelândia, especializado em tubarões de águas profundas.
Para Brit, “É um tubarão gulper.” A informação foi confirmada por outro especialista. Desta vez, Charlie Huveneers, cientista da Universidade Flinders, na Austrália.
“No passado, os tubarões gulper eram alvos de pescarias por seu óleo de fígado, em Nova Gales do Sul”, disse Finucci. Os tubarões gulper em sua maioria são “muito sensíveis à superexploração da pesca” e, como resultado, “algumas espécies estão agora altamente ameaçadas e protegidas na Austrália.”
O que nos mostra esta descoberta?
Entre outras, que ainda conhecemos muito pouco sobre os mares e seus habitantes. Estimativas sugerem entre 700.000 e um milhão de espécies de vida marinha – mas mais de 91% permanecem sem classificação até hoje.
O site da NOAA – agência norte-americana encarregada de tudo em relação aos mares, diz que ‘os cientistas estimam que 91 por cento das espécies oceânicas ainda não foram classificadas e que mais de oitenta por cento do nosso oceano não está mapeado, não foi observado e não foi explorado.
Não seria o caso de mais investimentos na pesquisa oceânica?
Nenhum comentário:
Postar um comentário