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Fernanda Barth* – Instituto Liberal
No liberalismo somos seres independentes, que exercemos o livre arbítrio em nossa busca pela felicidade. O Estado Liberal se propõe a garantir as condições indispensáveis para que isto aconteça, como o direito à vida, à liberdade e à propriedade. No liberalismo econômico clássico, com um capitalismo de livre mercado, somos livres para empreender, inovar, criar, competindo em igualdade de condições para oferecer os melhores serviços e bens para a sociedade. Ao propor que o indivíduo seja responsável pelo seu futuro, bota nas mãos de cada um a responsabilidade sobre seu fracasso ou seu sucesso e assusta àqueles acostumados com um governo populista, assistencialista, que age como um paizão.
Não existe época na história brasileira em que o indivíduo tenha sido o verdadeiro condutor das mudanças. Fomos Estado antes de ser sociedade. Aqui sempre foi difundida a ideia de que o Estado autoritário e centralizador é necessário para a condução política e econômica deste país de proporções continentais, “impedindo o caos”. Este pensamento legitima um Estado centralizador, anti-federalista, clientelista e patrimonialista. O governo se torna o maior provedor e o maior empregador, sob o grande engano de que é o Estado que cria, que distribuir riqueza e que torna uma nação rica. Para além de qualquer raiz de nosso passado colonial, o que importa é que esta cultura persiste e o resultado dela é uma sociedade subdesenvolvida, infantilizada e dependente, como um setor empreendedor e uma classe média sufocadas, sustentando o setor público e as elites coronelistas no poder.
Sejamos sinceros, o liberalismo nunca soube vender bem seu peixe no Brasil, produzir respostas para temas prioritários da sociedade, mostrando-se como uma alternativa. Não sabe se comunicar. Não faz o enfrentamento de ideias no campo teórico e não constrói lideranças no campo político. Os poucos pensadores liberais que temos hoje, buscaram seu referencial teórico para além das Universidades, em institutos liberais ou fora do país.
A verdade é que o PT e a esquerda sempre souberam produzir respostas sobre temas prioritários, mesmo que suas respostas sejam ruins ou insustentáveis ou careçam de lógica. Eles têm argumentos para todas as questões. O nosso lado não tem produzido respostas que cheguem a novos públicos. Não conseguimos mostrar nossa visão de mundo para fora do campo econômico.
Para o ativista político Yaron Brook, presidente e diretor executivo do Ayn Rand Institute, uma das causas desta dificuldade em abraçar o liberalismo no Brasil está nos autores que são escolhidos para compor a base filosófica na academia.
Desprezamos os filósofos iluministas do século XVII e XVIII (The Age of Enlightenment), como Locke, Newton, Franklin, Jefferson e Adam Smith, que produziram os conceitos que norteiam o pensamento anglo-americano. Valorizamos apenas autores como Fourier, Robert Owen, Rousseau, Hegel, Heiddeger, Sartre, Marx, Saint-Simon, Lévi-Strauss, Comte, Durkhein, Proudhon e Babeuf, todos autores obrigatórios em qualquer curso da área de humanas. Esta base teórica defende o Estado como o tutor, condutor e organizador do caos e da irracionalidade “intrínseca” aos seres humanos. O modelo é hostil ao racionalismo, ao indivíduo, à liberdade. A educação que é dada nas universidades e na formação de docentes é toda baseada neste modelo parcial. Isto precisa ser combatido e mudar.
Precisamos das ferramentas para desmascarar as respostas inventadas pela esquerda, mostrando que elas não são soluções, que são apenas utopias, falácias, que comprometem o futuro. Mostrar, como diz Brook, que o socialismo não passa do triunfo da fé sobre a razão, que é uma crença, não é baseada em ciência. É fruto de um engano que é plantado em nós, desde crianças, uma falsa moral – o mito do BOM SACRIFÍCIO que diz que “minha vida não me pertence, que a felicidade é um ato egoísta e que devemos dividir tudo e dar aos outros o que é nosso”.
Temos que aprender a dizer e a provar que as sociedades liberais são mais saudáveis, inovadoras e criativas e que elas produzem pessoas com mais capacidade de esforço, auto interesse e desenvolvimento. O Índice de Liberdade Econômica demonstra isto claramente, os números falam por si mesmos. Quanto mais liberdade, mais riqueza. Quanto menos liberdade, mais pobreza. Quanto mais liberdade, menos corrupção.
Mostrar, em contraponto, que todas os governos socialistas fracassaram, trouxeram pobreza em larga escala, destruíram a economia e o futuro de seus cidadãos, abusaram do autoritarismo e da violência para imporem seu projeto injusto de nivelar todos pela mediocridade e deixaram um saldo de milhares de mortos. Ao se utilizarem do princípio aparentemente bem intencionado da luta pelo “bem comum”, criam o Estado autoritário, centralizador e gigante, destroem a liberdade e o próprio indivíduo. Precisamos de uma revolução de ideias, contrapondo os filósofos socialistas com seu antídoto, os filósofos da razão. Assim daremos as ferramentas necessárias para que mais e mais pessoas entendam a lógica liberal, adotando e defendendo o liberalismo em seu dia-a-dia.
* Fernanda Barth é Mestre em Ciência Política e jornalista. Membro do grupo Pensar +. Consultora de estratégia, comunicação política e gestão de imagem. Experiência em campanhas políticas desde 1998 e desde 2007 no planejamento e coordenação de equipes de comunicação.
Publicado originalmente no site da Revista Voto e no site do Movimento Parlamentarista Brasileiro
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