segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A ABERTURA IMEDIATA DAS ESCOLAS É MUITO IMPORTANTE

Educação já! Por que a abertura das escolas é tão importante?

Prejuízo causado às crianças pelo fechamento é incalculável

Por LAURA SERRANO – JORNAL O TEMPO

A chamada é um dos momentos típicos da escola, e muitos de nós nos lembramos com carinho de quando respondíamos à professora: “Presente!”. Infelizmente, nesse ano que passou, nossas crianças não tiveram a mesma oportunidade. A Covid-19 impediu a realização das aulas presenciais. Nos momentos mais agudos da pandemia e quando ainda não tínhamos nenhuma informação sobre o novo coronavírus, o ensino remoto foi a alternativa possível para que nossas crianças continuassem a aprender e não perdessem o vínculo precioso com a escola.

Todos nós nos lembramos do comércio quase que completamente fechado, da inexistência das feiras, dos cultos religiosos suspensos, dos bares sem funcionar, da vida vivida em isolamento completo. O cenário hoje mudou. O distanciamento social ainda é importante, assim como o cumprimento dos protocolos sanitários. É graças ao cumprimento dos protocolos, à observância dos resultados de estudos científicos mais recentes e ao aprender com experiências bem-sucedidas de outros países que foi possível retomar atividades de forma segura e responsável. Tudo aberto, exceto escolas! É isso mesmo que desejamos para nossas crianças e sociedade? Não há desenvolvimento sem educação.

Pois bem, vamos aos dados e evidências. As escolas fechadas por um longo período têm impacto devastador: as crianças ficam sujeitas à violência física e emocional, suscetíveis a abusos sexuais e trabalho infantil, bem como depressão e obesidade, segundo estudos da Unicef. Muitas famílias têm deixado crianças e adolescentes em lugares clandestinos ou mesmo com cuidadores não treinados, propiciando situações como o duro relato que ouvi de uma cidadã moradora de comunidade e a favor da volta às aulas presenciais: as escolas pararam, mas o tráfico e a prostituição, não.

Além disso, há um aumento da exclusão durante a pandemia da Covid-19, e avalia-se que aproximadamente 40% dos países de renda baixa e média-baixa não auxiliaram os alunos vulneráveis durante o fechamento temporário das escolas (Relatório de Monitoramento Global da Educação – Unesco). O governo Zema disponibilizou em tempo recorde o ensino remoto para os alunos da rede pública estadual, sendo referência no assunto nacional e internacionalmente. Mas, infelizmente, temos exemplos como Belo Horizonte, em que as escolas públicas municipais fecharam completamente e sem ensino remoto, agravando as desigualdades entre crianças de escolas públicas e particulares.

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A Covid-19 em crianças corresponde a menos de 2% dos casos totais na população (Portal Pebmed). Um estudo de uma equipe de médicos pediatras realizado pelo movimento Pais pela Educação sobre o desenvolvimento da Covid-19 em crianças evidencia que “revisões sistemáticas da literatura mundial, incluindo mais de 70 países do mundo e o Brasil, demonstram um padrão mais benigno evolutivo na faixa etária pediátrica (de 0 a 19 anos) em relação aos adultos. Crianças e adolescentes infectados apresentam, na grande maioria dos casos (de 85% a 95%), formas assintomáticas ou leves e moderadas da doença na fase aguda. Menos de 5% evoluem d</CW><CW10>e forma grave ou crítica”.

Segundo o “Journal of the American Medical Association”, pessoas menores de 20 anos têm 44% menos possibilidades de se infectar após exposição, em comparação com adultos maiores de 20 anos.

O prejuízo causado pelo fechamento das escolas para as crianças é incalculável. Especialmente quando se prolonga por muito tempo, o remédio pode ser pior do que a doença. Evasão escolar, atraso no desenvolvimento cognitivo e pedagógico, risco de violência, distúrbios da saúde mental e insuficiência nutricional são algumas das consequências de escolas fechadas por mais tempo do que o necessário. Os protocolos específicos e com base científica já existem e devem ser implementados. Já passou da hora de nossas crianças poderem responder “Presente!” dentro da escola, ainda que com um grande sorriso coberto pela máscara.

 

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