Covid pode
levar 500 milhões à pobreza
Marciano Menezes
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
Oxfam diz que situação no Brasil é preocupante
devido às moradias precárias e à falta de saneamento básico
Da Redação
A crise econômica
provocada pela pandemia de coronavírus pode levar mais de 500 milhões de
pessoas para a pobreza, a menos que ações urgentes sejam tomadas para ajudar
países em desenvolvimento. O alerta é da Oxfam, entidade da sociedade civil que
atua em cerca de 90 países com campanhas, programas e ajuda humanitária.
A organização pede
que os líderes mundiais aprovem um plano emergencial de resgate econômico para
impedir que países e comunidades pobres afundem. Para a Oxfam, isso pode
acontecer já na próxima semana, quando está prevista reunião entre ministros de
Economia dos países do G20 (o grupo dos 20 países mais desenvolvidos), o Banco
Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com a
entidade, os US$ 2,5 trilhões que as Nações Unidas estimam ser necessários para
apoiar os países em desenvolvimento durante a crise do coronavírus vai requerer
um adicional de US$ 500 bilhões em ajuda externa, incluindo o financiamento dos
sistemas públicos de saúde dos países pobres. “Impostos emergenciais de
solidariedade, como taxas sobre lucros excessivos e pessoas muito ricas,
poderiam mobilizar recursos adicionais”, avalia a Oxfam, em nota.
Para a entidade,
apesar de urgentes e necessárias, as medidas de distanciamento social e de
restrição do funcionamento das cidades agravam a situação dos trabalhadores,
com demissões, suspensão de pagamento de salários ou inviabilidade do trabalho
informal.
O novo relatório da
Oxfam, “Dignidade, não Indigência”, mostra que entre 6% e 8% da população
global, cerca de 500 milhões de pessoas, poderão entrar na pobreza conforme os
governos fecham suas economias para impedir que o coronavírus se espalhe em
seus países. “Isso pode representar um retrocesso de uma década na luta contra
a pobreza. Em algumas regiões, como a África subsaariana, o norte da África e
Oriente Médio, essa luta pode retroceder em até 30 anos. Mais da metade da
população global poderão estar na pobreza depois da pandemia”, destacou a entidade.
O relatório utiliza
estimativas elaboradas pelo Instituto Mundial para a Pesquisa de
Desenvolvimento Econômico, da Universidade das Nações Unidas, liderada por
pesquisadores do King’s College de Londres e da Universidade Nacional da
Austrália.
Com Agência Brasil
Com Agência Brasil
No Brasil,
desemprego deve atingir mais 2 milhões
No Brasil, para a
Oxfam, a situação é ainda mais preocupante devido às moradias precárias, à
falta de saneamento básico e de água e aos desafios no acesso a serviços
essenciais para os mais pobres. O Brasil tem cerca de 40 milhões de
trabalhadores sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregados. A
estimativa é que a crise econômica provocada pelo coronavírus adicione, ao
menos, mais 2 milhões de pessoas entre os desempregados.
“O coronavírus
coloca o Brasil diante de uma dura e cruel realidade, ao combinar os piores
indicadores sociais em um mesmo local e na mesma hora. E é neste momento
que o Estado tem papel fundamental para reduzir esse impacto e cumprir sua
responsabilidade constitucional tanto na redução da pobreza e das desigualdades
quanto na garantia à vida da população”, afirma Katia Maia, diretora executiva
da Oxfam Brasil, em comunicado.
Para a entidade, a
renda básica emergencial de R$ 600, por três meses, para trabalhadores
informais não será suficiente para amenizar o impacto, e o governo deverá,
entre outras medidas, ampliar o número de pessoas atendidas e estender o
período de concessão.
Mulheres
De acordo com a Oxfam, as mulheres precisam de atenção especial, pois estão na linha de frente do combate ao coronavírus e sofrerão o impacto mais pesado da crise econômica. “As mulheres representam 70% da força de trabalho em saúde pelo mundo e fazem 75% do trabalho de cuidado não remunerado, atendendo a crianças, doentes e idosos. As mulheres também são maioria nos empregos mais precários”, diz a entidade.
De acordo com a Oxfam, as mulheres precisam de atenção especial, pois estão na linha de frente do combate ao coronavírus e sofrerão o impacto mais pesado da crise econômica. “As mulheres representam 70% da força de trabalho em saúde pelo mundo e fazem 75% do trabalho de cuidado não remunerado, atendendo a crianças, doentes e idosos. As mulheres também são maioria nos empregos mais precários”, diz a entidade.
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