Bolsonaro volta a defender que apoiadores saiam às ruas em atos no dia
15
Maurício Ferro
© Sérgio Lima/Poder360 Jair Bolsonaro durante
cerimônia no Palácio do Planalto
Em viagem aos Estados Unidos, o presidente Jair
Bolsonaro voltou a defender neste domingo (8.mar.2020) que as pessoas saiam às
ruas nas manifestações esperadas para o próximo dia 15, que têm pauta anti-Congresso.
“Em que ponto estavam as instituições? Loteadas por
partidos políticos. Eu não estou atacando o Congresso, estou atacando 1
costume, uma praxe. Todo mundo quer mudar o Brasil com as mesmas praxes. Não
dá”, afirmou ao sair de uma churrascaria em
Miami.
O presidente já havia pedido que seus
apoiadores compareçam aos protestos num vídeo postado em seu Facebook no sábado
(7.mar). Na gravação, ele discursava para pessoas num galpão em Boa Vista,
Roraima, durante escala de sua viagem até os Estados Unidos. Assim como fez
neste domingo, Bolsonaro ressaltou naquela ocasião que o ato não é 1 movimento
contra outros Poderes.
“Então participem, não é 1 movimento contra o
Congresso, contra o Judiciário, é 1 movimento pró-Brasil. É 1 movimento que
quer mostrar para todos nós, presidente, Poder Executivo, Poder Legislativo,
Poder Judiciário. Que quem dá o norte para o Brasil é a população”, afirmou.
A declaração, no entanto, foi criticada por
deputados e senadores ouvidos pelo Poder360. O líder do PT na Câmara, deputado
Ênio Verri (PR), afirmou que o presidente tenta desviar o debate sobre a
Economia em seu governo.
“É muita coincidência o presidente Bolsonaro 1º
dizer que não tem nenhum envolvimento com a manifestação de 15 de março e,
depois que sai o resultado do PIB [Produto Interno Bruto], começa a fazer
movimentos para que o debate sobre a política econômica seja desviado”, afirmou.
Antigo aliado de Bolsonaro, o senador Major Olímpio
(PSL-SP) disse que a interpretação “da maioria” dos
congressistas é de que “Bolsonaro assumiu que vai para o pau contra o
Congresso”. Como consequência, apontou ele, “certeza de muita
confusão e trancamento das pautas”.
CONTEXTO
O posicionamento do governo pró-manifestações se
tornou público a partir de declarações do ministro Augusto Heleno (Gabinete de
Segurança Institucional). Durante uma transmissão ao vivo pelas redes sociais,
vazou uma declaração do ministro de que o Congresso “chantageava” o
Executivo.
Diferentes autoridades repudiaram o posicionamento
de Heleno. Entre elas, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e os
presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), além de outros deputados e senadores.
As declarações do ministro, no entanto, ganharam
respaldo nas redes sociais, entre apoiadores do presidente. Depois, Bolsonaro
usou seu WhatsApp pessoal para divulgar vídeo que convocava a população para os
protestos.
Já neste sábado (7.mar), Bolsonaro pela 1ª vez se
posicionou publicamente a favor dos atos, ressalvando que não se trata de 1
ataque aos demais Poderes da República. As manifestações têm uma pauta
anti-Congresso, mas ele disse que “quem diz que é 1 movimento impopular
contra a democracia está mentindo e tem medo de encarar o povo brasileiro”.
“Dia 15 agora tem 1 movimento de rua espontâneo, é
1 movimento espontâneo e o político que tem medo de movimento de rua não serve
para ser político”, completou.
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