‘Perdão pelo meu erro
involuntário’, diz Alvim depois de parafrasear Goebbels
© Clara Angeleas/Ministério da
Cidadania Roberto Alvim foi demitido da Secretaria da Cultura do governo depois
de fazer pronunciamento parafraseando ministro nazista
O agora ex-secretário da Cultura Roberto Alvim pediu “perdão à
comunidade judaica” por fazer referência a discurso nazista ao anunciar a nova política
cultural que deve ser implantada do governo. Segundo ele, foi 1 “erro involuntário”.
“O discurso foi escrito a partir de várias ideias ligadas à arte
nacionalista, que me foram trazidas por assessores. Se eu soubesse da origem da
frase, jamais a teria dito. Tenho profundo repúdio a qualquer regime
totalitário e declaro minha absoluta repugnância ao regime nazista. Meu
posicionamento cristão jamais teria qualquer relação com assassinos. Peço
perdão à comunidade judaica, pela qual tenho profundo respeito. Do fundo do
coração: perdão pelo meu erro involuntário”, disse em nota publicada em seu perfil
no Facebook.
Alvim foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro depois de seu pronunciamento reverberar
de forma negativa tanto nas redes sociais quanto no meio político e Judiciário.
Em vídeo, o ex-secretário falou de forma semelhante a discurso do ministro da
Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, feito em 8 de maio de 1933. Além
disso, ao fundo, enquanto o secretário falava, tocava o prelúdio da ópera
Lohengrin, de Richard Wagner, uma das principais inspirações artísticas de
Hitler.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será
dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente
imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso
povo – ou então, não será nada”, disse Alvim.
Eis como foi o discurso de Goebbels:
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente
romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande
páthos [potência emocional] e igualmente imperativa e vinculante, ou
então não será nada”, segundo o livro “Joseph Goebbels: Uma biografia” (Ed.
Objetiva), de 2014, escrito pelo historiador alemão Peter Longerich.
O ex-secretário disse que há em sua fala “frase parecida com uma
frase de 1 nazista”, mas reafirmou que não sabia a origem da citação.
À rádio Gaúcha, Alvim disse que houve uma “infeliz
coincidência retórica” e chamou essa coincidência de “uma casca de
banana dessa” ou uma armadilha que teria sido plantada por assessores ou
pessoas próximas que teriam feito uma pesquisa de discursos que dariam base ao
texto do pronunciamento.
Mais cedo, o ex-secretário, antes de ser demitido, havia divulgado outra
nota na qual disse que jamais citaria Goebbels, reiterando que houve uma
“coincidência retórica”, mas que “a frase em si é perfeita”.
Eis as notas publicadas por Alvim:
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