Khamenei chama Trump de "palhaço" e exalta ataque a bases dos
EUA
© Reuters/M. Nikoubazl Khamenei diz que
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei,
acusou nesta sexta-feira (17/01) o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
de agir como um "palhaço" que apenas finge apoiar o povo iraniano,
enquanto se prepara para "enfiar uma adaga venenosa" nas costas da
nação. Ele afirmou que os EUA tentam dividir o país e deflagrar uma guerra
civil em solo iraniano, e insistiu que deveriam deixar o Oriente Médio.
Khamenei, que presidiu as preces de sexta-feira
pela primeira vez desde 2012, negou que a população tenha se voltado contra
seus líderes em meio à onda de protestos contra o governo nas últimas semanas,
afirmando que a expressiva comoção popular gerada pela morte do general Qassim Soleimani, morto em um ataque dos EUA no Iraque,
demonstra o apoio do povo à República Islâmica.
Durante as preces, o aiatolá condenou ainda o
assassinato "covarde" do general que comandava a poderosa Força Quds
da Guarda Revolucionária do Irã, a unidade de elite responsável pelo serviço de
inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior. Segundo o
aiatolá, a morte de Soleimani serve como demonstração da "natureza
terrorista" dos EUA.
Ele exaltou a retaliação iraniana à morte do
general com um ataque a bases americanas no Iraque, dizendo que "o fato de
o Irã poder dar um tapa no rosto de uma potência mundial revela a mão de
Deus" e que a investida "feriu a imagem da dos EUA" como uma
superpotência. Ele, porém, disse que a "verdadeira punição" aos
Estados Unidos seria forçar a retirada de suas tropas do Oriente Médio.
Khamenei pediu que a nação se mantenha unida e
convocou a população a participar das próximas eleições marcadas para
fevereiro, após as manifestações populares que eclodiram com a admissão tardia
do governo sobre o abate não intencional de um Boeing 737-800 da Ukrainian
international Airlines, no qual 176 pessoas morreram.
Khamenei ressaltou que medidas devem ser tomadas
para evitar acidentes trágicos como o que derrubou o avião ucraniano. O
incidente ocorreu durante a investida contra as bases americanas, em um momento
em que o país estava em alerta máximo.
"A queda do avião foi um acidente trágico, que
queimou nossos corações", disse o aiatolá. "Mas, alguns tentam
retratá-lo de maneira para esquecer o martírio e sacrifício" de Soleimani,
observou.
O aiatolá argumentou que as forças antagônicas ao
Irã tentam tirar proveito da tragédia. "Nossos inimigos estavam felizes
com a queda do avião, enquanto nós estávamos tristes", disse. "Eles
encontraram algo para poder questionar a Guarda Revolucionária, as Forças
Armadas e nosso sistema."
O líder também criticou os países europeus que
fazem parte do acordo nuclear assinado em 2015 com o Irã, dizendo que não são
dignos de confiança, e que a pressão que tentam exercer sobre seu país não
surtirá efeito. Os ocidentais são fracos demais para "deixar os iranianos
de joelhos", afirmou.
Khamenei classificou como "desprezíveis"
os governos da Alemanha, França e Reino Unido, dizendo que são
"servos" dos EUA. Nesta semana, os três países europeus acionaram um
mecanismo de solução de controvérsias previsto no pacto, que, em tese, poderia
levar a imposição de novas sanções contra os iranianos. Ele afirmou ainda que
seu país estaria disposto a negociar, mas não com os Estados Unidos.
Khamenei, de 80 anos, se tornou o líder supremo do
país em 1989, após a morte do aiatolá Khomeini.
EUA admitem que ataque deixou feridos
O Comando Central dos EUA afirmou nesta
quinta-feira que ao menos 11 soldados americanos ficaram feridos no ataque
iraniano às bases do país no Iraque. Inicialmente o comando militar havia dito
que a investida não havia deixado vítimas.
"Enquanto nenhum membro das Forças Armadas foi
morto no ataque de 8 de janeiro à base aérea de Al-Asad, alguns foram tratados
por sintomas de concussões provocadas pelas explosões, e ainda estão em
avaliação", afirmou o porta-voz do Comando Central, o capitão Bill Urban,
em nota.
No momento do ataque, mais de 1,5 mil soldados
americanos estavam no local e se abrigaram em bunkers após serem alertados por
seus superiores. Na manhã seguinte, o próprio presidente Trump chegou a
declarar que o ataque não deixou feridos.
Entretanto, a nota do Comando Central afirma que
"nos dias que se seguiram ao ataque, em razão de cuidados adicionais,
alguns membros das Forças Armadas foram transferidos da base", sendo que
oito foram transportados para um centro médico na Alemanha e três para outra
clínica no Kuwait.
"Quando forem considerados aptos para o
trabalho, os militares deverão retornar ao Iraque para novas avaliações",
dizia a nota. Além da base de Al-Asad, no oeste do Iraque, mísseis iranianos
atingiram também a base de Arbil que abriga militares americanos e de outros
países que integram a coalizão que combate o grupo extremista
"Estado Islâmico" na região.
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