Republicanos rejeitam convocação de testemunhas em julgamento político
contra Trump
©
Fabrice COFFRINI O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante reunião
em Davos, em 21 de janeiro
O julgamento político contra o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, entrou em uma nova etapa nesta quarta-feira (22)
depois que o Senado debateu até altas horas da noite as regras do processo e os
republicanos bloquearam todos as tentativas dos democratas de convocar
autoridades como testemunhas.
Antes de se concentrarem nas acusações atribuídas a
Trump - abuso de poder e obstrução ao Congresso - os republicanos que dominam o
Senado e a oposição democrata se enfrentaram durante 13 horas, até quase 02H00
desta madrugada (04H00 no horário de Brasília).
Todas as tentativas dos democratas de citar
testemunhas chaves e obter documentos foram bloqueadas pela maioria
republicana, um indício de como o processo vai transcorrer e que provavelmente
terminará com a absolvição do presidente, que busca a reeleição em novembro.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch
McConnel, apresentou na segunda à noite um projeto de resolução sobre o
procedimento com o qual busca estabelecer restrições às provas da investigação
e à participação de testemunhas, além de buscar acelerar o processo.
Este cronograma estabelece três sessões de oito
horas para a acusação, tempo equivalente para a defesa e depois 16 horas para
os interrogatórios.
Um passo a passo adaptado após o inicialmente
proposto de celebrar sessões vespertinas de 12 horas, criticado duramente pelos
democratas.
Esta foi a única mudança admitida por McConnell. As
onze emendas apresentadas pelo chefe da bancada democrata, Chuck Schumer,
para convocar altos funcionários próximos a Trump para depor e obter documentos
foram rejeitadas sistematicamente, com os 53 senadores republicanos votando em
bloco.
"Verdade virá à tona"
©
Mandel NGAN O líder da minoria democrata Chuck Schumer no Capitólio durante o
julgamento contra Donald Trump
Quatro meses depois do surgimento do escândalo
ucraniano e a dez meses das eleições presidenciais, os 100 senadores deram
início ao julgamento de Trump, que se tornou o terceiro presidente na história
do país a ser julgado num processo de impeachment, depois de Andrew Johnson, em
1868, e de Bill Clinton, em 1999.
Segundo a acusação, Trump tentou pressionar a
Ucrânia a interferir a seu favor nas eleições de 2020, sugerindo ao presidente
do país europeu que investigasse os negócios do filho de Joe Biden, um dos
pré-candidatos democratas com mais chances de enfrentá-lo no pleito
presidencial de novembro.
Os democratas que lideraram a investigação acusaram
ainda o presidente de obstruir a investigação no Congresso ao recusar que seus
principais assessores testemunhassem.
De acordo com os democratas que lideraram a
investigação, Trump pressionou a Ucrânia retendo cerca de 400 milhões de
dólares em ajuda militar para o país, que está em conflito com rebeldes
pró-Rússia no leste de seu território.
Na terça-feira, o processo transcorreu de acordo
com um protocolo que determina que nem aplausos nem telefones celulares são
permitidos na sala e que apenas água ou leite pode ser levado para dentro da
câmara.
Uma das figuras centrais foi o democrata Adam
Schiff, responsável pela acusação contra Trump, que defendeu a convocação de
testemunhas e a apresentação de documentos.
"A verdade virá à tona", disse Schiff aos
senadores. "A questão é quando", continuou o congressista que liderou
a investigação contra Trump na Câmara de Representantes.
O representante de Trump, Pat Cipollone, disse que
um julgamento partidário equivale a "roubar uma eleição" e considerou
que bloquear o testemunho de funcionários do alto escalão da Casa Branca é um
"ato de patriotismo".
"Eles querem tirar o presidente Trump das
urnas", declarou, em referência às próximas eleições.
A senadora Elizabeth Warren, uma das pré-candidatas
democratas, expressou-se severamente depois que os republicanos enterraram uma
emenda para citar o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney.
"Sejamos claros: não estaríamos aqui
apresentando emendas às 22h00 se o senador McConnelly e os republicanos não
estivessem tentando manipular as regras do julgamento político", afirmou
Warren.
Por sua parte, Trump, que está em Davos para
participar do Fórum Econômico Mundial, voltou a descrever o processo como uma
"caça às bruxas que vem ocorrendo há anos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário