Nova 'década
perdida': após período dramático de 2010 a 2019, economia busca caminhos para
crescer
Paulo Henrique
Lobato
PÉSSIMO DESEMPENHO – Sinduscon atribui resultados
negativos do setor à crise econômica, à instabilidade política e à corrupção no
país
A previsão do Banco
Mundial de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá 2% em 2020
animou o empresariado mineiro, sobretudo porque trata-se do primeiro ano após o
que parte deles considera uma nova “década perdida”. Para outros, contudo, o
intervalo 2010 a 2019 deve ser chamado de “década do aprendizado”.
As expressões foram
cunhadas após setores considerados termômetros da economia constatarem que a
média de resultados no acumulado de 2010 a 2019 foi dramática.
A construção civil,
por exemplo, fechou 2019 no mesmo patamar de 2008 – 11 anos antes. E vale
lembrar que a década passada foi marcada por uma Copa do Mundo e as Olimpíadas
no Brasil.
“Tivemos uma década
perdida. Só o Minha Casa, Minha Vida foi positivo”, disse Teodomiro Diniz,
presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas
Gerais (Sinduscon-MG) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado
de Minas Gerais (Fiemg).
O setor amargou 30
trimestres consecutivos em queda a partir de julho de 2014, num dos meses da
Copa do Mundo. O indicador só ficou positivo no terceiro trimestre de 2019, no
último balanço oficial do setor.
Além de projetar o crescimento do PIB brasileiro em 2% para 2020, o
Banco Mundial calculou que o indicador deverá avançar 2,5% em 2021. Se
confirmados, esses percentuais serão os melhores desde 2013, quando o salto foi
de 3%
“Os resultados
negativos se devem à crise econômica e à instabilidade política, o que afastou
investimentos. Também à corrupção, ao desastre da gestão econômica e à gastança
desenfreada”, lamentou Diniz.
A retração do PIB
nacional foi confirmada pelo IBGE em 2015 (-3,55%) e em 2016 (-3,31%), reflexos
de uma instabilidade política que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff e à prisão de figuras importantes da política nacional, como o
ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
A partir de 2017, o
PIB cresceu, mas o aumento ocorreu diante de uma base de comparação fraca, que
havia ficado negativa nos dois anos imediatamente anteriores.
Comércio
Os supermercados
mineiros, outro segmento tido como termômetro da economia, também lamentam os
números, sobretudo na segunda metade da década. O setor ainda não repetiu o
balanço de 2013, no melhor ano do período, quando as empresas cresceram, em
média, 4,93%.
O Presidente da
Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Antônio Claret Nametala, prefere,
contudo, considerar o acumulado de 2010 a 2019 como a década do aprendizado.
“Tivemos de 2014 a
2017 uma coisa mais travada. Em 2018, começaram sinais de que a economia está
caminhando para um lado positivo. A gente aprendeu muito na década. A política
interferiu muito na economia e isso trava negócios. Houve dúvidas de como
ficaríamos, para onde iríamos. Tivemos uma década de apreensão,
preocupação, mas de aprendizado”, disse.
Guilherme Almeida,
economista da Fecomércio, também classifica os últimos dez anos como um tempo
de aprendizado: “Foi similar ao que houve nos anos 1980, com a expansão da
dívida pública. A diferença é que lá atrás havia descontrole inflacionário”,
sustenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário