Em Davos, CEOs defendem um novo tipo de capitalismo
Para presidentes de multinacionais, as empresas não devem mais se
preocupar apenas com seus acionistas, mas também com funcionários, comunidades
locais e outras companhias da cadeia produtiva
Ginni Rometty, CEO
da IBM, no Fórum Econômico Mundial 2020, em Davos (Foto: World Economic
Forum/Mattias Nutt)
Em debate que fechou o primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, executivos de diversas
áreas reafirmaram o compromisso com o “capitalismo stakeholder”,
que faz parte do manifesto desta edição do evento. A ideia deste sistema é
voltar os interesses das empresas ao “stakeholder”, ou seja, a qualquer um que
dependa — diretamente ou não — do sucesso da companhia. Isso inclui acionistas,
funcionários, a comunidade local e outras empresas na cadeia produtiva.
O sistema é uma reação ao “capitalismo shareholder”,
voltado apenas para o interesse dos acionistas.
“A economia 'shareholder'
nos trouxe desigualdade e uma crise climática,” diz Marc Benioff, CEO e
fundador da Salesforce. “A Terra é o nosso maior stakeholder.”
A conversa “Economia Stakeholder: O que esperar das
lideranças corporativas?” também teve a participação de Ginni
Rometty, CEO da IBM; Feike Sybesma, CEO da DSM; Brian T.
Moynihan, CEO do Bank of America; e Jim Hagemann Snabe, presidente da Siemens.
SAIBA MAIS
Sybesma também é
“líder climático global” pelo Banco Mundial. Ele ecoou a ideia do planeta Terra
como stakeholder e criticou o modelo velho de capitalismo.
“Nós servimos ao
modelo econômico ou o modelo econômico serve a nós?”, questionou. “Perdemos o
rumo. E ninguém irá ter sucesso em um mundo que está ruindo.”
Em dezembro de 2019,
o Fórum Econômico Mundial divulgou o Davos Manifesto 2020, em que clama por
esse novo tipo de capitalismo. “O propósito de uma empresa é se empenhar com
todos os stakeholders para criar um valor sustentável e compartilhável,” diz o
manifesto, assinado pelo fundador do Fórum, Klaus Schwab.
Painel sobre
"capitalismo stakeholder" reuniu executivos de diversas áreas (Foto:
World Economic Forum/Mattias Nutt)
A
tecnologia neste novo cenário
Ginni Rometty, CEO da IBM, vê com bons olhos o papel de sua empresa nesta transição. Perguntada sobre a chegada da indústria 4.0, afirmou que o desafio será no treinamento dos trabalhadores.
Ginni Rometty, CEO da IBM, vê com bons olhos o papel de sua empresa nesta transição. Perguntada sobre a chegada da indústria 4.0, afirmou que o desafio será no treinamento dos trabalhadores.
“Vai ser necessária uma mudança de paradigma em relação a habilidades,”
diz. A IBM tem um programa, chamado P-Tech, especializado em a ensinar jovens as
habilidades requeridas desde o ensino médio. “Não é altruísmo, não é caridade.
É uma boa decisão comercial.”
Ainda segundo
Rometty, o novo cenário tecnológico não deve deixar nenhum profissional para
trás. “Não é interessante para ninguém um futuro digital que não seja
inclusivo,” afirma.
“Você (empresário)
precisa decidir: o que significa, para você, estar no lado certo da história?”,
completa.
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