O que é a Passagem de Drake, complexa zona marítima onde avião militar
chileno desapareceu
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Getty Images Passagem de Drake é uma região marítima que divide a Antártida da
parte sul da América do Sul
É uma região onde a temperatura varia entre 0ºC e
-25ºC durante todo o ano.
A Passagem de Drake, também chamada de Mar de
Drake, é a região marítima que divide a Antártida da parte sul da América do
Sul, e também é o epicentro das buscas pelo avião chileno Hércules C-130 que
desapareceu na noite da segunda-feira (9/12) com 38 pessoas a bordo.
"As condições são extremamente difíceis"
e "a situação é muito adversa" são alguns dos diagnósticos fornecidos
pelas autoridades chilenas desde que o desaparecimento da aeronave foi
confirmado.
O diagnóstico foi feito com base nas dificuldades
sentidas pelas equipes de busca e salvamento durante a procura pela aeronave.
Além disso, um especialista na região considera a
Passagem de Drake como uma das regiões marítimas "mais complicadas do
mundo", com enormes dificuldades para navegação e ondas com alturas que
variam de seis a dez metros.
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Getty Images Tormentas podem começar 'de uma hora para outra' na Passagem de
Drake
"São áreas muito complicadas do sistema. Ali
também convergem o Oceano Atlântico e o Pacífico, onde os dois mares estão
entrelaçados", disse Nicolás Butorovic, diretor de climatologia da
Universidade de Magalhães, ao jornal chileno El Mercurio.
Magalhães é a Província do sul do Chile onde fica a
cidade de Punta Arenas, o local de decolagem do Hércules que perdeu contato às
18:13 de segunda-feira e que aterrissaria na base militar Presidente Eduardo
Frei Montalva, na Antártida.
A área
Os ventos, a baixa visibilidade e as fortes
correntes da Passagem de Drake são algumas das características da área marítima
de cerca de 800 km, onde o Pacífico e o Atlântico se encontram.
Além disso, a grande profundidade de suas águas e
seu sistema de circulação atmosférica produzem mudanças de tempo repentinas e
muito difíceis de prever, deixando aqueles que a atravessam - navegando ou
voando - à mercê desses fenômenos.
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FACH A grande profundidade de suas águas e seu sistema de circulação
atmosférica produzem mudanças de tempo bruscas
"São mudanças bruscas nas condições de
temperatura, visibilidade e principalmente do vento, em um período muito curto.
É um desafio para a navegação e tráfego aéreo enfrentar essas latitudes. Tanto
pilotos quanto comandantes de aeronaves e navios passam por processos de
treinamento especial para operar nessas áreas extremas, com processos de
adaptação e treinamento muito rígidos", explicou o vice-almirante da
Marinha do Chile e atual senador Kenneth Pugh.
Em uma entrevista ao jornal chileno La Tercera,
a autoridade acrescentou que "normalmente nessas latitudes não há cobertura
completa e permanente de satélites de comunicações geoestacionárias, por conta
das características dessa órbita equatorial".
Pugh disse ainda que essas condições marítimas
dificultam o uso de radares e reduzem a probabilidade de detecção de aeronaves.
Diferentes especialistas consultados pela imprensa
chilena concordaram que no dia do desaparecimento do Hércules C-130 as ondas
podiam atingir até 10 metros de altura com ventos de cerca de 100 km/h.
Essas condições podem significar que a área de
buscas tenha de ser ampliada.
Quem foi Francis
Drake
Francis Drake foi um navegador e corsário inglês
que no final do século 16 que conseguiu atravessar o estreito de Magalhães.
Os historiadores apontam que outras expedições
cruzaram as águas do que hoje é conhecido como Passagem de Drake décadas antes
da jornada inglesa.
O corsário foi um dos primeiros financiados pela
coroa inglesa a atacar as embarcações espanholas que transportavam a riqueza
obtida na América para a Europa, algo que ele fez tanto no Peru quanto no
Chile.
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Getty Images Francis Drake era corsário inglês que no final do século 16 que
conseguiu atravessar o estreito de Magalhães
Séculos depois, os mais de 800 km da Passagem de
Drake são compartilhados pela Argentina e pelo Chile, além de uma parte
importante ser considerada águas internacionais.
Hoje, esses dois países, junto com o Uruguai e o
Brasil, também compartilham o trabalho de procurar o avião danificado na
segunda-feira. A tarefa, como já alertou o ministro da Defesa chileno Alberto
Espina, é bastante difícil.




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