MPF volta atrás e defende sentença contra Lula no caso do sítio
João Pedroso de Campos
©
Leo MALAFAIA/AFP Picture released by Folha de Pernambuco Ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em Recife - 17/11/2019
A Procuradoria Regional da República da 4ª Região
(PRR4), que representa o Ministério Público Federal (MPF) junto ao Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF4), voltou atrás em uma manifestação à
Justiça e passou a defender que a sentença do processo da Operação Lava Jato
referente ao sítio de Atibaia, que tem o ex-presidente Lula entre os
condenados, não seja anulada. O TRF4 marcou para o próximo dia 27 de novembro o
julgamento da ação penal em segunda instância.
Ao contrário do parecer anexado ao processo em
outubro, o novo entendimento da Procuradoria, incluído à ação penal na
terça-feira 19, sustenta que a ordem da apresentação das alegações finais no
processo não é motivo para anulação. A avaliação anterior, que pedia o retorno
da ação penal à primeira instância, havia levado em conta o julgamento em que o
Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que os réus delatores premiados devem
apresentar suas alegações finais antes dos réus não delatores.
O procurador Maurício Gotardo Gerum entende que a
decisão do STF não abandonou a necessidade de o réu provar ter sido prejudicado
pela ordem da apresentação das alegações finais e sustenta que o petista não
demonstrou prejuízo. No processo sobre o sítio, o pedido da defesa de Lula para
fazer sua última manifestação antes da sentença somente após os delatores,
incluindo ex-executivos da Odebrecht, foi negado pela juíza federal Gabriela
Hardt. A magistrada condenou o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
“Sendo indispensável a demonstração do especial
gravame sofrido pela parte, não há no presente processo como se dar trânsito à
pretensão da nulidade a partir da ordem adotada pelo juízo a quo para a
apresentação das alegações finais”, defende Gerum.
Na retificação ao TRF4, o procurador de segunda
instância também faz críticas à atuação da defesa do ex-presidente. Para ele,
os recursos movidos pelos defensores ao Superior Tribunal de Justiça (STJ)
pedindo a suspensão da análise do caso pelo TRF4 buscam “evitar a qualquer
custo o julgamento”, configuram “possível má fé processual” e “atropelo do
processo penal que denuncia a pouca credibilidade que atribui às teses que
levanta”.
“Como salientado em manifestação anterior, nas
dificuldades de contestar o mérito, a defesa, sem maiores compromissos éticos
com a eficiência da prestação jurisdicional, orienta sua atuação em ‘buscar a
anulação do processo penal como estratégia defensiva de alongar o seu curso e
eventualmente garantir que a pretensão punitiva seja atingida pela
prescrição’”, ressalta o procurador.
“Ora, a partir dessa percepção de que a própria defesa
não acredita nas teses que argui, não há porque o Ministério Público encampar
sem maior juízo crítico pretendida declaração de nulidade em razão da
apresentação simultânea com os demais réus das alegações finais”, completa
Maurício Gotardo Gerum.
No julgamento marcado para o dia 27, o TRF4
analisará entre as questões preliminares, isto é, antes de entrar no mérito das
acusações, se a sentença será anulada e o processo voltará à fase de alegações
finais na primeira instância. A análise do recurso da defesa de Lula contra a
condenação já havia sido suspendida pelo STJ, atendendo a um pedido da defesa
do ex-presidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário