A volta da cobra
Manoel Hygino
Não causaram pasmo,
assustaram ou surpreenderam a postura assumida e os insultos, em vocabulário de
cais de porto, utilizados por aqueles que saíram da prisão por decisão do
Supremo Tribunal Federal, na quinta-feira, 7 de novembro. Há gente acostumada
ao verbo das ruas, que não mede o poder de ofensa ao adversário; ou pior, aos
que formam a plateia, obrigada a ouvir as diatribes por circunstâncias
diversas.
O Brasil não está
melhor ou pior do que antes. As várias tentativas que se fazem em busca do
tempo perdido e dos recursos públicos desviados criminosamente demonstram à
suficiência que houve algum sucesso, mas o que se conseguiu ainda é apenas um
começo. O ex-presidente, libertado após 580 dias, em seu estilo muito pessoal,
sem travas na língua, endurece a crítica ao governo empossado há menos de um
ano, à Operação Lava-Jato e ataca da Polícia Federal e Ministério Público a
membros da magistratura.
Entre os adjetivos
utilizados para classificar os antagonistas nesta hora tão triste da história
nacional está canalha, sinônimo nada menos de vil, baixo, grosseiro, ordinário,
próprio de gente reles, desavergonhado. Como substantivo, porção de gente
ordinária, sem educação, íntima, plebe, ralé, populaça.
É com ponderável parcela
desse tipo de gente que temos vivido e a quem damos ou demos a gestão dos mais
altos negócios nacionais. Eles próprios o dizem e se acusam. Os que se julgam
isentos acham melhor silenciar, para não provocar maior dano diante da
consciência popular.
Do atual chefe da
nação, disse o ex-presidente e ex-presidiário: “Bolsonaro foi eleito para
governar para o povo brasileiro e não para governar para os milicianos do Rio
de Janeiro”. “Esse país não merece um governo que manda seus filhos contarem
mentira todos os dias através de fake news”. “Ele (Bolsonaro) nunca fez um
discurso que prestasse, ele só sabia ofender as mulheres, ofender os LGBTs”.
Em Brasília,
Bolsonaro contesta, com veemência:
“Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa. Lula está solto, mas continua com todos os crimes dele nas costas. A grande maioria do povo brasileiro é honesto e trabalhador, não vamos dar espaço e nem contemporizar para um presidiário”.
“Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa. Lula está solto, mas continua com todos os crimes dele nas costas. A grande maioria do povo brasileiro é honesto e trabalhador, não vamos dar espaço e nem contemporizar para um presidiário”.
O filho do
presidente, Carlos, classificou a soltura de Lula e demais considerados
criminosos repetindo o pai para que não dê mais munição ao “canalha que
momentaneamente está livre”. O deputado federal, Eduardo Bolsonaro, observou:
“Além de Lula, Zé Dirceu e outros quadrilheiros, milhares de criminosos estão
soltos no país, fazendo com que você fique à mercê de seus atos malignos”.
Em verdade, com a
decisão do ministro Tófolli, presidente do Supremo, a “jararaca – a palavra
fora utilizada antes pelo próprio Lula – está solta”. E foi a cobra que classificou
o juiz que o condenou:
“O Moro é mentiroso,
o Dallagnol é mentiroso. Eu tomei a decisão de ir lá na Polícia Federal. Eu
poderia ter ido para uma embaixada, para outro país. Mas eu fui lá para provar
que o juiz Moro não é um juiz, é um canalha”.
Não deixou por menos, o ex-ministro também solto, José Dirceu: “Agora a luta não é por Lula livre. Agora, (a luta) é para nós voltarmos, retomarmos o governo do Brasil”.
Não deixou por menos, o ex-ministro também solto, José Dirceu: “Agora a luta não é por Lula livre. Agora, (a luta) é para nós voltarmos, retomarmos o governo do Brasil”.
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