Presidente da
Petrobras diz que vazamento é a maior agressão ambiental
Agência Brasil
O vazamento de óleo
que tem sido retirado do litoral do Nordeste é a maior agressão ambiental já
sofrida pelo Brasil em sua história, disse nesta segunda-feira (29), no Rio de
Janeiro, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Ele participou de
um seminário da Fundação Getúlio Vargas sobre a matriz energética brasileira e
comentou o desastre ambienta
Arquivo/ Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Castello Branco
comparou a quantidade de óleo retirada das praias ao desastre ambiental no
Golfo do México
"O vazamento é
maior agressão ambiental sofrida por nosso país, creio eu, em nossa
história", disse. Afirmou que o assunto tem sido abordado de forma
"politizada e ideologizada", com "versões falsas" sobre o
que poderia ter sido feito.
"Na realidade,
era impossível combater isso na origem. As empresas de petróleo e a Petrobras
estão preparadas para combater vazamentos de petróleo, uma vez identificada a
fonte do vazamento", afirmou.
Castello Branco
comparou a quantidade de óleo retirada das praias ao desastre ambiental no
Golfo do México, em que o vazamento partiu da petrolífera British Petroleum
(BP). "É semelhante", disse.
Ainda não se sabe de
onde vazou o óleo que atinge as praias nordestinas, mas pesquisadores já
apontaram que o vazamento ocorreu no oceano, em uma área entre 600 e 700
quilômetros de distância da divisa entre Sergipe e Alagoas. Uma das hipóteses é
que o óleo foi extraído de três campos na Venezuela e, provavelmente, estava
sendo transportado quando ocorreu o acidente.
Leilões
O presidente da
Petrobras afirmou, ainda, que o setor petrolífero vive um "ano
extraordinário" no país e avaliou que o leilão de excedentes da cessão
onerosa, marcado para semana que vem, é uma vitória do governo.
"A demanda
global por petróleo tende a crescer lentamente, quem sabe estagnar e, no
futuro, reduzir. Não podemos esperar e deixar o petróleo no fundo do mar",
defendeu ele.
A seguir, disse que,
por uma questão de priorizar os ativos de maior retorno, a Petrobras manifestou
preferência por apenas dois campos, os de Itapu e Búzios, este o maior já
descoberto no Brasil. Ele disse que a estatal está otimista com o resultado. "Vamos
com entusiasmo para ganhar".
Eleição argentina
O presidente da
Petrobras também comentou o resultado da eleição presidencial na Argentina
durante sua palestra de hoje. Foram eleitos o presidente Alberto Fernandez e a
vice Cristina Kirchner, em uma disputa em que o principal adversário era o
atual presidente, Maurício Macri.
Ao fazer uma
comparação com propostas legislativas para regular novamente percentuais
mínimos de conteúdo local para a indústria de petróleo, Castello Branco
classificou de "erro" a eleição de alguém que, na visão dele,
provocou os problemas vividos pelo país vizinho.
"Não podemos
repetir a Argentina, onde se tira um presidente que não consegue se eleger
porque não conseguiu solucionar os problemas. Aí, você traz de volta alguém que
provocou os problemas. Esse é claramente um erro", finalizou.
Manchas de óleo
Novas manchas de
óleo foram encontradas em praias do litoral sul do Rio Grande do Norte. De
acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio
Grande do Norte (Idema), os pontos mais críticos foram as praias de Búzios e
Tabatinga.
Também foram
detectados vestígios de óleo nas Praias do Amor e do Giz, ambas em Tibau do
Sul; em Camurupim, no município de Nísia Floresta; e em Pirangi do Norte, em
Parnamirim. Ainda segundo o Idema, a Organização não Governamental (ONG)
Oceânica afirma ter identificado, durante mergulhos na área dos Parrachos, em
Pirangi do Norte, "pequenas manchas flutuantes" de óleo.
Nota divulgada no
final da tarde deste domingo (27) pelo Grupo de Avaliação e Acompanhamento
(GAA) do governo federal informou não terem sido encontrados “indícios de novas
manchas de óleo chegando à costa”. A expectativa é de que até o final desta
segunda-feira (28) um novo levantamento seja apresentado pela Marinha. O
GAA pede que a população ligue para o número 185, caso encontre óleo em alguma
praia.
Formado por Marinha,
Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o GAA conta hoje (28) com a ajuda de
oito navios e 6 aeronaves atuando nos distritos navais de Salvador (BA) e
Recife (PE). As ações de monitoramento e limpeza das praias nordestinas conta
com a colaboração de 28 equipes do Serviço de Tráfego Aquaviário.
De acordo com o
Departamento de Imprensa da Marinha, há aproximadamente 1.940 pessoas
envolvidas nas ações de hoje. Destas, 1.159 são da Marinha, 287 do Exército, 56
do Ibama, 91 do ICMBio e 347 da Petrobras.
Desde o dia 26, o
comitê que dá suporte ao monitoramento das manchas de óleo que têm afetado as
praias brasileiras está funcionando em Brasília, em vez de no Rio de Janeiro.
Segundo a Marinha, a mudança tem, por objetivo, ampliar a capacidade de combate
e coordenação.
“A extensão da área
afetada, a duração no tempo e as características de dispersão do óleo desse
crime ambiental inédito no país exigem constante avaliação da estrutura e
recursos empregados. Assim, o aumento do efetivo e dos meios no combate às
manchas de óleo e a transferência do GAA para as instalações do Centro de
Operações Conjuntas, na sede do Ministério da Defesa, em Brasília, visam ampliar
a capacidade de combate e coordenação”, informou o departamento da Marinha.
Em entrevista
concedida no sábado (26), o almirante de esquadra Leonarndo Puntel disse que o
governo federal notificou 11 países cobrando esclarecimentos sobre 30 navios mapeados
dentro da investigação sobre a origem do vazamento de óleo. A investigação
trabalha com a tese de que o responsável teria sido um navio-tanque.
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