Parlamento derrota Boris
Johnson e aprova lei que bloqueia Brexit sem acordo
A Câmara dos Comuns do Parlamento britânico aprovou nesta quarta-feira
(4/9) uma proposta de lei que impede a saída do Reino Unido da União Europeia
(UE), o Brexit, sem um acordo. Em uma terceira votação da matéria, foram 327
votos a favor e 299 contra.
A medida obriga o governo do primeiro-ministro Boris Johnson a pedir um
novo adiamento de prazo para que o país deixe o bloco.
O texto determina que o primeiro-ministro tem até o dia 19 de outubro
para conseguir aprovar um acordo para a saída no Parlamento. Se o prazo
expirar, o líder britânico é obrigado a pedir ao bloco europeu uma extensão da
data-limite atual - 31 de outubro - para o Reino Unido sair - mais
especificamente, até 31 de janeiro de 2020.
Uma vez aprovada a proposta, ela segue agora para a Câmara dos Lordes,
onde deve ser levada a duas votações na quinta e na sexta. Caso haja alguma
alteração no texto, ele volta à Câmara dos Comuns.
Após a aprovação da lei, Johnson propôs a realização de uma nova eleição
geral. "Na opinião deste governo, deve haver uma eleição na terça-feira,
15 de outubro. O país deve decidir se o líder da oposição ou eu vamos a
Bruxelas para resolver isso", disse.
© Reuters Parlamento britânico
derrotou Johnson em votação sobre Brexit sem acordo
Derrota do governo
A votação de hoje foi possibilitada com a aprovação, ontem, de uma moção
que deu aos próprios parlamentares controla da pauta da Câmara dos Comuns,
normalmente determinada pelo governo.
O Parlamento aprovou rapidamente essa moção após Johnson conseguir
autorização da rainha Elizabeth 2ª para suspender a atividade do Parlamento. O
objetivo do primeiro-ministro era bloquear qualquer tentativa parlamentar de
impedi-lo de seguir adiante com um Brexit sem acordo.
A tentativa de suspender o Parlamento levou a reações dentro do Partido
Conservador, ao qual Johnson é filiado. Ao todo, 21 conservadores passaram a se
apresentar como independentes e votaram contra o governo na moção de ontem -
todos foram expulsos do partido após a traição.
A aprovação da moção foi considerada uma grande derrotada do governo - a
primeira de Johnson no cargo. "O Parlamento está à beira de destruir
qualquer chance de que possamos fazer um acordo com Bruxelas. Isso vai levar a
mais incerteza e atraso", disse o premiê na terça.
No mesmo dia, em um significativo revés para Johnson, o parlamentar
Philip Lee anunciou sua saída do Partido Conservador rumo ao Partido Liberal
Democrata - fazendo com que, na prática, o premiê perdesse a apertada maioria
que tinha na Câmara dos Comuns. Diante das câmeras de TV, Lee mudou literalmente
de lado no Parlamento, enquanto o primeiro-ministro discursava na Casa.
Por que um Brexit sem acordo preocupa?
Um Brexit sem acordo faria com que o Reino Unido deixasse a UE, em 31 de
outubro, sem nenhuma definição de como será esse processo de "divórcio".
Ou seja, do dia para a noite, os britânicos deixariam o mercado comum
europeu e a união aduaneira, algo que causará insegurança e prejuízos
econômicos, segundo muitos políticos e empresários.
Segundo o Departamento de Responsabilidade Orçamentária - que fornece
análise independente das finanças públicas do Reino Unido -, por exemplo,
acredita que um Brexit sem acordo causaria recessão.
Se o Reino Unido deixar a união aduaneira e o mercado único, a UE
começará a realizar verificações nos produtos britânicos. Isso pode levar a
atrasos nos portos, como o de Dover. Alguns temem que isso possa levar a
gargalos no tráfego, interrompendo as rotas de fornecimento.
Há, por outro lado, quem diga que essas preocupações são exageradas.
A ex-premiê britânica Theresa May tentou, sem sucesso, fazer com que o
Parlamento aprovasse sua proposta de acordo com a UE - motivo pelo qual ela
acabou renunciando.
Boris Johnson, por sua vez, já entrou no cargo defendendo que o Brexit
não fosse mais adiado para além de 31 de outubro, mesmo que sem acordo com os
europeus.


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