O problema ambiental
Manoel Hygino
O problema da
preservação ambiental aquece a discussão em todos os lugares do Brasil. Sábado,
a novidade foi o presidente da República declarar que não precisa de dinheiro
da Alemanha para esse objetivo. À noite de domingo, a Globo News discutiu o
problema com três conceituados entendedores do assunto, a começar pelo
respectivo ministro, o quente na defesa de Bolsonaro e suas posições.
O presidente fizera
uma sugestão controversa, à imprensa. Ao ser perguntado sobre medidas para
equilibrar a preservação ambiental e o crescimento, apelou para o controle
fisiológico humano. Explicou:
“É só deixar de
comermos um pouquinho. Você fala para mim em poluição ambiental. É só você
fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante a nossa vida também, declarou
ao sair do Alvorada acompanhado do ministro Sérgio Moro”. Completou com um
paralelo entre o número de filhos das famílias e sua cultura. “O mundo, quando
eu falei que cresce mais de 70 milhões por ano, precisa de uma política de
planejamento familiar. Não é controle não. Eu entendo que tem que ter controle
de natalidade”.
No entendimento
presidencial, o número de filhos será critério para esta observação. Contudo,
ele afirmou ser uma exceção à própria regra. “Você olha para as pessoas que têm
mais cultura – têm menos filhos. Eu sou uma exceção à regra – tenho cinco. Mas
como regra é isso”.
A ideia do chefe da
nação desperta para a poesia de Salomão Sousa, que habita a região descoberta
por Juscelino para capital do Brasil. Com muita poesia publicada e muito mais a
sê-lo, Salomão soma elogios daqui e dali, no Brasil e no exterior.
No seu livro mais
recente, que é de 2020, depara-se finalmente com uma revelação, para mim
desconhecida, mas que pode servir – quem sabe? – para as circunstâncias do
Brasil presente e do atual ocupante do Palácio dos Despachos:
“Para concluir uma
observação inútil sobre a manifestação do processo de composição poética de
Salomão Sousa que, na infância, manipulava bostas secas para adubação de flores
e hortaliças. Em sua poesia, os versos não advêm de uma escrita automática, mas
não espontâneas e felizes como as moscas que se agrupam e se alimentam da bosta
verde, indiferentes ao asco. Com a experiência de decomposição, e com o avanço
do desmanche desaparecem os desenhos do arquiteto e da cartografia, desaparecem
o sumário e a paisagem de onde surgem as imagens. Com a experiência da
manipulação do excremento, Salomão Sousa tem confiança de que o sol ressecará
com urgência a bosta verde para que desapareçam as moscas que causam o desastre
social e prevaleçam a poesia e a harmonia que a Democracia estimula”.
Diante da
desagradável situação por que passam os setores envolvidos, inclusive entidades
internacionais e técnicos prestigiosos de várias nacionalidades (nem fale nos
brasileiros), as observações de um poeta nascido no interior – como o é a
cidade goiana de Silvânia (o nome já diz muito), sobre a infância de Salomão e
a transformação de dejectos humanos – fazem sentido e merecem estudos
adequados.
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