O homem e a lua
Manoel Hygino
Dados da Nasa
revelaram que junho atingiu recorde de temperatura no mundo, marcado por severa
onda de calor na Europa, com superação de recordes. Mantida a tendência, julho
permanecerá com termômetros acima da média global. Não foi exatamente assim no
Brasil, com frentes de ar frio do Polo Sul trazendo tempo variável, com ventos
fortes durante os dias até agora. A baixa umidade relativa do ar preocupava.
No meio do mês, mais
especificamente no dia 15, registrou-se o eclipse parcial da lua, o último do
ano, pois o próximo, total, visível, ocorrerá em maio de 2022. O do dia 15
coincidiu com a data que a missão Apollo 11 completou 50 anos, com decolagem
rumo à lua. O foguete, comandado pelo norte-americano Neil Armstrong, desceu em
nosso satélite, deixando os terrestres com olhos pregados à tela das
televisões. O astronauta faleceu em 2012, com 82 anos, restando agora apenas a
memória.
Mas tudo lembra
entre nós gerações de brasileiros, que – na falta de rádio e televisão, que
ainda não existiam – se entregavam às serenatas, que davam um brilho melancólico
às noites de luar no interior brasileiro, inclusive as de minha cidade mineira
lá do Norte.
Nelson Viana,
nascido em Curvelo, formado em agrimensura em Ouro Preto, por Montes Claros se
apaixonou. Ali viveu mais de trinta anos, casou, tornou-se figura singular e
escreveu sobre os fatos e pessoas que ali via, numerosos e preciosos livros,
que são resgate de uma época e de seus personagens...
“... E as serenatas
passaram pelas noites enluaradas... Eram chorões, com flautas, bandolins,
violões, pistons e cavaquinhos, tocando valsas, schoticts, mazurcas ou polcas
em voga, e eram seresteiros inveterados, que cantavam modinhas sentimentais
como a “Casa branca da serra”, “Pela janela da saudade” ou “A pequenina cruz do
teu rosário”, provocando fundos e doloridos suspiros nos recessos das alcovas,
as jovens românticas cujo coração madrugava para o amor, modinhas amarguradas,
ternas modinhas que eles cantavam molhando a voz de pranto, nas horas em que as
ruas dormiam silenciosas nos mistérios da noite cheia de encantamento e de
luar...”.
Seresteiros há que
resistiram às agruras do tempo, mas desapareceram aqui os velhos ritmos e as
letras de músicas possivelmente tidas como perenes. A lua só aparece para os
demais jovens de hoje quando envolvem um fenômeno raro, mas previsto pelos
cientistas e que lhes atraí a atenção.
Pior ainda:
Estudo da Nasa
revela que a lua está encolhendo à medida em que o seu interior se resfria. De
forma lenta, mas em pausas, a lua perdeu mais de 50 metros nos últimos 100
milhões de anos. Cientista do Museu do Ar e do Espaço dos EUA revela que o
encolhimento faz com que a superfície da lua ganhe elevações e escarpas. O
efeito também causa abalos sísmicos.
“Tal como uma uva se
enruga na medida em que encolhe até se tornar uma uva-passa, escarpas se formam
na lua conforme o satélite natural da terra diminui”, explicou a Nasa.
Mas, ao contrário da
casca da uva, que é flexível, a crosta da lua é rígida e se quebra quando seu
tamanho diminui, formando falhas onde um segmento é empurrado para cima de
outro.
Como será, então, a
lua ou o que dela sobrar?
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