Mercosul quer acordo de
livre-comércio também com os EUA
da Redação
Os governos do Brasil e da Argentina
querem aproveitar a assinatura do acordo com a União Europeia para inaugurar
conversas do Mercosul com os Estados Unidos
sobre a formação de uma área de livre-comércio.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, falou na
última quarta-feira, 4, publicamente sobre essa intenção. O tema também foi
abordado entre representantes dos dois países na semana passada, em Bruxelas,
onde foi concluída a negociação para o acordo entre Mercosul e União Europeia.
A avaliação é que o bloco sul-americano está diante
de uma janela de oportunidade única. De um lado, há dois governos com visão
liberal na Argentina e no Brasil. Do outro, o presidente americano, Donald
Trump, vê com bons olhos o estreitamento das relações com Jair Bolsonaro e
Macri. Nos EUA, o ambiente é também favorável para a negociação de acordos
comerciais. Em março, durante visita do presidente brasileiro ao país, a
possibilidade de abertura de negociações comerciais foi apresentada aos
americanos nos bastidores.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o
secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, discutiram de maneira
preliminar o tema com o secretário de Comércio, Wilbur Ross, e com o principal
negociador comercial da Casa Branca, Robert Lightizer.
UE-Mercosul
O acordo de livre-comércio entre Mercosul e União
Europeia foi anunciado no dia 28 de junho e tem potencial de alavancar o
comércio de produtos do agronegócio do Mercosul e de bens industrializados
europeus.
Segundo o Ministério da Economia, o acordo permitirá
a expansão de 87,5 bilhões de dólares no produto interno bruto (PIB) brasileiro
em quinze anos. Considerando a redução esperada das barreiras não tarifárias e
o aumento da produtividade dos fatores dos setores produtos do país, esse ganho
poderá chegar a 125 bilhões de dólares. A pasta estima a elevação de 113
bilhões de dólares nos investimentos no Brasil, e o comércio entre Brasil e
União Europeia deverá alcançar 100 bilhões de dólares em 2035.
O acordo abrange ainda os setores de serviços,
proteção de investimentos e compras governamentais de lado a lado. No caso do
comércio de bens, a maioria será beneficiada pela adoção de tarifa zero de
importação. Os setores mais sensíveis dos dois blocos terão as tarifas
reduzidas ao longo do tempo. Os produtos agrícolas do Mercosul, em especial as
carnes, terão as importações regidas por cotas da União Europeia.
Para valer, é necessário que o acordo seja
ratificado pelo Parlamento da União Europeia e o Congresso dos quatro países
sul-americanos. Há pontos, porém, que só terão efeito após cada um dos
Parlamentos dos 28 países
que compõem a União Europeia der seu aval.
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