Militar detido acompanhava presidentes desde 2017 e viajou com Bolsonaro
ao menos uma vez
Marina Rossi
©
Reprodução O segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso em
Sevilla, na Espanha, por transportar cocaína
O sargento Manoel Silva Rodrigues, 38,
detido nesta terça-feira na Espanha com 39 quilos de cocaína durante viagem presidencial ao
exterior, acompanha pessoalmente presidentes em missões desde 2017, tendo ido,
inclusive, a Zurique, na Suíça, com Michel Temer no ano passado. Além de estar na
mesma aeronave que os presidentes, o sargento acompanhava o alto escalão do
Planalto em aeronaves desde maio de 2016, quando esteve com autoridades em
viagem de Dilma Rousseff. As informações estão no Portal da Transparência.
Com Bolsonaro, o sargento viajou em fevereiro, entre São Paulo e Brasília. No mês seguinte, participou do transporte do escalão avançado da presidência, passando por Brasília, São Paulo e Porto Alegre. A viagem mais recente registrada pela Transparência havia sido para o Recife, onde o presidente esteve no final de maio. Militar na ativa, Rodrigues é segundo-sargento da Aeronáutica e recebeu, em março, data da última atualização do portal, 6.081,90 reais de salário líquido.
Com Bolsonaro, o sargento viajou em fevereiro, entre São Paulo e Brasília. No mês seguinte, participou do transporte do escalão avançado da presidência, passando por Brasília, São Paulo e Porto Alegre. A viagem mais recente registrada pela Transparência havia sido para o Recife, onde o presidente esteve no final de maio. Militar na ativa, Rodrigues é segundo-sargento da Aeronáutica e recebeu, em março, data da última atualização do portal, 6.081,90 reais de salário líquido.
Na terça-feira, Rodrigues estava junto
ao escalão avançado da presidência novamente, acompanhando a ida de Bolsonaro a
Osaka, no Japão, onde o presidente participa de reunião do G20. O sargento foi detido em Sevilha, na Espanha, durante uma
escala.
A droga foi detectada quando as bagagens da
tripulação passaram pelo controle alfandegário. Ao abrir a mala de mão, os
agentes encontraram 37 tijolos de pouco mais de um quilo cada de cocaína.
"Não estava nem mesmo escondido entre as roupas", disseram as fontes
da Guarda aos repórteres María Martín e Óscar López-Fonseca. As autoridades da
Espanha agora querem saber qual era o destino final da droga.
Constrangimento
O episódio causa constrangimento por si só no
Governo, mas as coincidências reforçam ainda mais esse constrangimento. Poucas
horas após o flagrante, Jair Bolsonaro publicou uma nota em seu Twitter
afirmando que determinou ao ministério da Defesa que colaborasse imediatamente
com as investigações da polícia espanhola. Enquanto isso, o ministro da Justiça
Sergio Moro visitava a Agência Antidrogas norte-americana seguida de uma ida ao
Centro de Operações e Inteligência Anticrime Organizado, de acordo com sua agenda
oficial.
Nesta quarta, o presidente voltou ao
Twitter para dizer que o militar não tinha relação com a equipe dele e tratou o
episódio como "inaceitável". Longe de colocar panos quentes sobre a
situação, o presidente em exercício Hamilton Mourão classificou a conduta do
sargento como sendo de uma "mula qualificada" e afirmou que ele não
agiu sozinho. "É óbvio que, pela quantidade de droga que ele estava
levando, que não comprou na esquina e levou, né? Ele estava trabalhando como
mula. Uma mula qualificada", definiu Mourão, em entrevista nesta quarta-feira à Rádio Gaúcha.
Em março, após um encontro em
Washington entre Bolsonaro e o presidente da Organização dos Estados
Americanos, Luis Almagro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do
presidente, deu nova munição para ser usada agora. Afirmou que a conversa havia
girado em torno de "Cuba e da narcoditadura de Nicolás
Maduro. A acusação já havia sido inaugurada pelo Itamaraty em janeiro, quando
divulgou uma nota afirmando que o regime de Maduro é baseado no tráfico de
drogas e pessoas e no terrorismo. "O sistema chefiado por Nicolás Maduro
constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção
generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e
no terrorismo".
Sobre o episódio de agora, o Itamaraty não se
pronunciou. Eduardo Bolsonaro tampouco. O silêncio, por outro lado, tem sido
rebatido. No Congresso, senadores e deputados protocolaram nesta quarta-feira
requerimentos para convidar o mnistro-chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos sobre
o caso. À jornalista Andréia Sadi, heleno afirmou ser impossível prever o que
aconteceria. "Só se fôssemos videntes. Se o GSI tivesse bola de cristal.
Ele não tem nada a ver conosco. Estou ansioso para ouvir a explicação do
próprio", afirmou.
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