Irã diz ter derrubado drone dos EUA
© picture-alliance/dpa Drone americano do tipo
Global Hawk
Ministério
do Exterior do país afirma que aeronave americana violou espaço aéreo e alerta
para as consequências de "medidas provocadoras". Autoridades
americanas dizem que equipamento não entrou em território iraniano.
Os
Guardiões da Revolução do Irã anunciaram nesta quinta-feira (20/06) terem
derrubado um avião não tripulado dos Estados Unidos que serviria para operações
de espionagem perto do Estreito de Ormuz, onde vários incidentes foram
registrados no mês passado.
Segundo
comunicado emitido pelos Guardiões, o drone, do tipo RQ-4 Global Hawk, entrou
no espaço aéreo iraniano na madrugada desta quinta, sobrevoando a região de
Koohe Mobarak, na província de Hormozgan, no sul do país.
O
porta-voz do Ministério do Exterior do Irã Abbas Mousavi condenou, segundo a
televisão estatal iraniana, o que chamou de violação do espaço aéreo do país e
alertou para as consequências de tais "medidas ilegais e
provocadoras".
Não
houve uma reação oficial imediata de Washington. Entretanto, autoridades
americanas citadas anonimamente pela agência de notícias Reuters teriam
afirmado que o drone citado por Teerã se encontrava em espaço aéreo
internacional. Um porta-voz militar americano declarou que nenhuma espaçonave
esteve em atividade dentro daquele país.
Os
Guardiões, apontados pelos EUA como um grupo terrorista, denunciaram que o
drone "violou o espaço aéreo territorial iraniano".
O
Estreito de Ormuz é a única ligação entre o Golfo Pérsico e os oceanos, sendo
um ponto geográfico estratégico pelo qual passa um quinto dos carregamentos de
petróleo mundial. Ele está localizado a apenas 80 quilômetros dos Emirados
Árabes Unidos e de Omã.
A derrubada do drone ocorre em meio ao aumento da tensão entre o Irã e os EUA no Oriente Médio, com troca de
ameaças entre os dois países em torno daquela área e depois de Washington ter
decidido enviar mais tropas à região e fortalecer sua instalação militar de
navios e mísseis no Golfo Pérsico.
Semana passada, dois navios petroleiros sofreram danos graves no Golfo de Omã,
próximo à costa iraniana, e os Estados Unidos culpam Irã pelos atentados,
ocorridos quase um mês depois de ataques a outros quatro navios, incluindo três
navios-tanque, na costa dos Emirados Árabes Unidos.
MD/rtr/efe
A Guarda Revolucionária do Irã anunciou a derrubada, nesta
quinta-feira, de um “drone espião norte-americano” que tinha violado o espaço
aéreo da República Islâmica, segundo nota dessa força citada pelos jornais
iranianos. Porta-vozes militares dos Estados Unidos reconheceram a perda de um
dos seus aparelhos, mas dizem que ele se encontrava “no espaço aéreo
internacional sobre o estreito de Ormuz”. O incidente, ocorrido após as
recentes sabotagens contra petroleiros nessas águas, joga mais lenha na
fogueira da guerra de nervos entre Washington e Teerã. Até o momento, fez
disparar o preço do petróleo.
“A derrubada do drone [norte] americano é uma clara
mensagem à América [de que] nossas forças são a linha vermelha do Irã e que
reagiremos energicamente contra qualquer agressão”, advertiu o chefe da Guarda Revolucionária, general Hossein Salami, citado pela
PressTV. “O Irã não busca uma guerra com nenhum país, mas estamos plenamente
preparados para defender a pátria”, completou o militar. O presidente dos EUA, Donald Trump,
respondeu ao incidente com uma breve mensagem no Twitter: “O Irã cometeu um
erro muito grave.”
Trump evitou confirmar se haveria uma resposta
armada dos Estados Unidos. "Você saberá", "vamos ver o que
acontece", disse ele a repórteres durante as boas-vindas à Casa Branca do
primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau,
relata Amanda Mars. Ele sugeriu que as ações do Irã não foram meditadas
ou decididas estrategicamente pelo regime. "Tenho a impressão de que foi
um erro de algum general", disse ele, "de alguém estúpido",
acrescentou, "alguém não deveria estar fazendo o que estava fazendo".
Embora a concisão de sua mensagem no Twitter na manhã indicasse o contrário,
depois de um tempo, diante das câmeras, ele mostrou mais prudência. Trump
enfatizou que o drone não era tripulado e, portanto, nenhum soldado americano
havia morrido: "O oposto tornaria as coisas muito diferentes,
asseguro-lhe." Os líderes do Congresso de ambos os partidos foram
convocados pela Administração para tratar do assunto.
O Corpo dos Guardiões da Revolução Islâmica,
abreviado como Guarda Revolucionária ou Pasdarán (termo persa para “guardiões”)
é um exército paralelo às Forças Armadas convencionais e mais bem equipado,
criado após a revolução de 1979 por ordem do aiatolá Khomeini — temeroso
em relação aos oficiais herdados da monarquia. Entre suas funções, inclui-se a
vigilância das fronteiras. Há dois meses, os EUA o incluiu em sua lista de organizações terroristas.
A
Guarda Revolucionária afirma que sua força aérea derrubou um drone espião
modelo Global Hawk que “havia se infiltrado sobre a província costeira de
Hormozgão, no sul do país”. Mas os porta-vozes norte-americanos declaram que o
aparelho (um MQ-4C Triton da Marinha, segundo fonte citada pela Reuters) estava
no espaço aéreo internacional sobre o estreito de Ormuz quando foi abatido por
um míssil terra-ar. Fundamental para o transporte de petróleo e gás, o estreito
conecta o golfo Pérsico com o golfo de Omã, onde nas últimas semanas vários
petroleiros foram atacados.
Os
EUA acusam o Irã pelos incidentes, que ocorrem em meio a uma crescente tensão
entre ambos os países em raiz do esforço da Administração Trump de isolar
Teerã. O Governo iraniano nega de forma contundente qualquer relação com esses
ataques, sugerindo que poderiam ser uma operação orquestrada pelo próprio
Governo norte-americano para justificar as hostilidades contra a República
Islâmica. Washington intensificou sua pressão na quarta-feira com novas imagens
das sabotagens.
Já o Irã reforçou seu desafio nuclear ao anunciar,
na última segunda-feira, que no próximo dia 27 terá superado o limite de
armazenamento de urânio permitido pelo acordo assinado em 2015 com as grandes
potências. Com a retirada unilateral dos EUA, há um ano, o pacto frustrou as
expectativas, já que os iranianos não viram os benefícios econômicos que teriam
por aceitar a imposição de um limite ao seu programa atômico. Pelo contrário:
as sanções norte-americanas agora são ainda mais rigorosas e tentam impedir não
só a venda de petróleo, mas qualquer transação econômica.
Nesse
clima de tensão, os rebeldes houthis do Iêmen aumentaram seus ataques contra a
Arábia Saudita. O reino reconheceu, nesta quinta-feira, que a milícia lançou um projétil
contra uma usina de dessalinização em Al Shuqaiq, na província meridional de
Jizan. Na noite anterior, os houthis disseram ter atingido com um míssil de
cruzeiro uma central elétrica nessa localidade. A agência saudita de notícias,
SPA, não divulgou nenhuma informação sobre os danos, mas o incidente só pode
agravar a crise com o Irã, já que Riad está convencida de que os rebeldes
iemenitas, que combate desde 2015, são um instrumento de Teerã. No início do
mês, um míssil atingiu o aeroporto saudita de Abha e deixou 26 feridos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário