Gestão
compartilhada de parques estaduais busca a redução de custos e fomento do
turismo
Bruno Inácio
Atualmente, é o Estado que arca com todos os custos para a manutenção
dos parques
Os 20 maiores parques
estaduais de Minas devem ser administrados em conjunto entre o poder público e
a iniciativa privada. Programa lançado ontem, pelo Estado, prevê a concessão
das unidades com o intuito de aumentar em até quatro vezes o público nessas
áreas.
Atualmente, são 94
unidades de conservação no território. Tanto as operações quanto a proteção dos
espaços são custeadas pelo Executivo. A ideia é, com as parcerias, economizar
nos serviços para manter a preservação.
Secretário de Estado
de Meio Ambiente (Semad), Germano Vieira disse que um comitê foi criado para
elaborar as regras de desenvolvimento do programa de concessões. “É um desafio
gerir esses parques. A parceria nos ajudará a avançar em serviços como trilhas,
hospedagens, turismo de aventura e lazer”.
Para ambientalistas,
é preciso que o processo avance para entender se o saldo será positivo às
comunidades locais. A superintendente da Associação Mineira de Defesa do Meio
Ambiente (Amda), Dalce Ricas, afirma que o incremento do turismo pode ser
benéfico no sentido de conscientizar as pessoas no cuidado com as áreas verdes.
“Não tenho qualquer
dúvida quanto a importância da iniciativa. O Estado nunca vai destinar recursos
suficientes para que os parques cumpram suas funções, que são proteger a
biodiversidade, a paisagem e a água”, avaliou.
Para o professor
Fausto Weimar, da Universidade Federal de Lavras, o governo deve estabelecer
claramente, assim que lançado os editais de concessão, os espaços a serem
explorados pela iniciativa privada. A medida, segundo ele, é para evitar
conflito entre o que pode ser utilizado e o que deve ser protegido.
“Esse tipo de
turismo ambiental é positivo, pois gera renda e empregos para as comunidades
locais. Mas ao fomentar o turismo pode estar, por exemplo, aumentando a área
construída dentro das unidades. Isso deve ser discutido com os comitês
ambientais do Estado”, opinou.
Problemas
Dentre as unidades
de conservação a serem concedidas estão os parques estaduais da Serra do
Rola-Moça (Grande BH), do Ibitipoca (em Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca,
na Zona da Mata) e o do Rio Preto (em São Gonçalo do Rio Preto, região
Central). Para a superintendente do Amda, mesmo as maiores áreas verdes
públicas apresentam problemas, como a falta de estrutura, que atraiam a
iniciativa privada.
“Considero esse um
desafio para o poder público. No Rio Preto, por exemplo, a capacidade de
visitação é muito maior do que deve ter hoje, por falta de estrutura. O parque
corre risco de ter a vegetação e o solo consumidos por incêndios, o que, além
de prejudicar o meio ambiente, pode inviabilizar as parcerias”, comentou Dalce
Ricas.
Frequentador do
Ibitipoca há mais de 30 anos, o guia turístico Rodrigo Paranhos acredita que
pode haver melhorias no local. Lá, hoje, o público é limitado, com cerca de 600
pessoas por dia, por falta de estrutura básica, como placas e pontos de apoio.
“Numa das trilhas mais famosas não há nenhum aviso que ela é de 16 quilômetros,
que o percurso dura seis horas”, afirmou.
Segundo o governo de
Minas, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop),
integrante do comitê criado, auxiliará as empresas interessadas no planejamento
financeiro e estrutural das intervenções necessárias nas áreas.

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