Publicações
geram pânico e chamam a atenção para cuidado com os filhos
Cinthya Oliveira e
Bruno Inácio
A onda de
publicações nas redes sociais com conteúdo capaz de tirar o sono dos pais teve
mais um episódio, com repercussão dentro e fora do ambiente virtual. Além de
ameaças de ataque a escolas, viralizou ontem a imagem da boneca Momo
“ensinando” crianças a cometer suicídio. Supostamente veiculado na programação
de um canal infantil, graças à ação de um hacker, o conteúdo que “tocou o
terror” traz o alerta para que o monitoramento do que meninos e meninas veem na
web seja constante.
A boneca que mais
parece um monstro estaria sendo exibida em meio a vídeos na plataforma YouTube
Kids, voltada para crianças de até 13 anos. Nas imagens, ensinaria a cortar os
pulsos. Uma mãe de Campinas (SP) foi quem publicou o alerta nas redes sociais.
“É preciso
acompanhar o que assistem na internet. As crianças não têm noção da maldade que
muitas vezes isso pode acarretar”, afirma a psicóloga familiar Daniela Salum.
“Criança pequena não tem capacidade de julgar o que é bom ou ruim. Além disso,
tem imaginação muito fértil e uma imagem pode acarretar em medo e sono
agitado”.
Apesar das
informações que circularam nas redes sociais em grande escala, o YouTube
garantiu que na plataforma voltada para o público infantil não foram
localizados vídeos do tipo. Fake ou não, a inquietação de pais se tornou ainda
maior por conta de uma gravação compartilhada no WhatsApp.
“Deem preferência
para serviços que têm controle total sobre o conteúdo, como Netflix. Ninguém consegue
colocar um vídeo inadequado lá”, orienta Guilherme da Costa Oliveira, titular
da Delegacia de Crimes Cibernéticos.
A Polícia Civil
mineira disse não ter recebido denúncia sobre o tema, mas monitora a web para
verificar se existe a imagem
Recado
A Polícia Civil
investiga se um jovem de 18 anos que “avisou” pelas redes sociais que iria
atacar uma escola estadual na região Centro-Sul de Belo Horizonte integra algum
grupo criminoso que articula postagens para gerar pânico na população.
Estudante da instituição de ensino, ele foi detido após ser denunciado por pais
de alunos.
No Twitter, na
última sexta-feira, o suspeito escreveu “Leopoldo de Miranda (nome da escola)
segunda tem”. Anexo ao texto, imagem dele encapuzado portando uma arma e uma
faca. “Muitos pais informaram que não enviaram os filhos à aula ontem
(segunda-feira)”, contou a delegada Cristiana Angelini, à frente da
investigação.
Segundo a policial,
na casa do aluno foram apreendidos um celular, duas réplicas de arma, uma faca,
um computador e um pen-drive. “Há materiais que podem levar a indícios de
apologia a outros crimes e ele pode estar ligado a alguns grupos extremistas”.
Na delegacia, o
rapaz disse que tudo era uma brincadeira e riu da situação, ainda segundo a
delegada.
Foi a quinta
ocorrência de ameaça a escolas publicada nas redes sociais em apenas três dias.
A Polícia Civil garante monitorar a web para identificar textos do tipo. Os
autores das mensagens podem responder por apologia ao crime, com penas de até
seis meses de cadeia.
Vigilância constante
A psicóloga Lívia
Pires enfatiza que os pais erram ao contar com os meios eletrônicos para deixar
os filhos “quietos”.
“Os adultos dizem
que as crianças são prioridade, que trabalham muito para dar ‘do bom e do
melhor’, mas não são os filhos o mais importante nesse caso, mas o trabalho”,
explica.
Segundo Lívia, é
preciso investir em outras atividades para crianças e adolescentes, como
brincadeiras e leitura. “Os pais trancafiam as crianças dentro de casa e acham
que elas estão protegidas. Mesmo assim, estão expostas a problemas”.
Sinceridade
A psicóloga Daniela
Salum explica ser importante ter sinceridade ao falar da boneca Momo com uma
criança.
“Diga que isso pode
machucar, que se souber de alguém que esteja vendo (os supostos vídeos), conte
para a mamãe ou o papai. Também pergunte: ‘já viu algo que te assustou?’. É
preciso passar segurança e acolhimento”, diz a especialista, lembrando que a
personagem assustadora não é o único perigo da internet: os menores precisam
saber identificar e denunciar aos pais ataques de hackers e assédios.
Para crianças que
não ouviram falar de Momo, a recomendação de Lívia Pires é não abordar o tema.
“Se houver qualidade no vínculo entre pais e filho, o menor vai contar para a
família quando vir algo de conteúdo inadequado”.


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