Número de
mortos da tragédia chega a 115; outros 248 estão desaparecidos
Bruno Inácio –
Jornal Hoj em Dia
Bombeiros trabalhamno meio da lama em busca dos desaparecidos
No encerramento do
oitavo dia de buscas por sobreviventes e corpos após o rompimento da
barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, a
Defesa Civil de Minas Gerais afirmou ter localizado 115 corpos de vítimas. O
número foi confirmado pelo tenente-coronel Flávio Godinho, em coletiva de
imprensa, no início da noite desta sexta-feira (1º).
Outras 248 pessoas
continuam desaparecidas e 395 foram localizadas com vida. Segundo o
tenente-coronel, o aumento pequeno no número de corpos encontrados
nesta sexta (1º), cinco, só pode ser explicado pelo Corpo de Bombeiros,
responsável pelas buscas nas áreas quentes.
O aumento de pessoas
consideradas desaparecidas, segundo Godinho, aconteceu porque mais famílias
procuraram a Vale, relatando a falta de contato com parentes. "Através do
sistema de ouvidoria da Vale incluíram mais dez pessoas e localizaram mais
duas", comentou.
Dos corpos
encontrados, 71 já foram identificados pelo Insitituto Médico Legal (IML), da
Polícia Civil.
Reforço
O delegado Arlen
Bahia, da Polícia Civil, informou também que, a partir desta sexta-feira, a
Delegacia de Polícia Civil de Brumadinho ficará aberta em horário estendido,
para auxiliar a população.
O funcionamento será
de 8h às 24h nos dias de semana, e de 8 às 19h30 aos sábados e domingos.
Um artigo de Juan
Arias, correspondente estrangeiro no Brasil do jornal espanhol El País, propõe
que o primeiro prêmio Nobel da Paz brasileiro vá para a atuação do Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) em Brumadinho, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. A crônica foi postada nessa quinta-feira (31)
apenas na versão brasileira do periódico.
Em seus argumentos,
Arias relembra que o Brasil nunca teve um ganhador da premiação, que teve sua
primeira cerimônia realizada em 1901 por iniciativa do inventor da dinamite, o
sueco Alfred Nobel. Argentina (5 honrarias), México (3), Colômbia e Guatemala
(dois cada), Venezuela e o Peru (um cada) são os países da América Latina que já
obtêm o título.
Mas essa não é a
justificativa principal na análise do articulista. Segundo ele, a conquista do
"maior galardão do mundo" é merecida porque os bombeiros ganharam a
simpatia e a admiração "dentro e fora do país com seu exemplo de abnegação".
O artigo também
afirma que enquanto a polícia brasileira quer transformar as mãos das pessoas
em armas para matar, os bombeiros a utilizaram como forma de instrumento de paz
e de esperança de poder encontrar vida. Em outro ponto, o correspondente diz que
poucas vezes tantos brasileiros se identificaram com esses trabalhadores, que
segundo Arias, são "mal pagos".
Juan continua o
texto com a proposição à Academia Sueca ao entrar na seara política. Segundo
ele, "os bombeiros conseguiram o milagre de unificar por um instante um
país quase em guerra" e não seria um político, "mesmo que seja o
popular Lula", a receber o Nobel. O corresponde relata que, hoje, a
política não entusiasma mais os brasileiros de um lado e do outro.
Por fim, Arias
afirma que a melhor metáfora possível diante da tragédia é que as pessoas não
abriram mão de lutar por um país mais decente. "O Nobel para eles
engrandeceria o Brasil invisível, fermento de tempos mais brilhantes e menos
enlameados que os hoje".
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