Alinhado
a Guedes, Toffoli tenta limpar pauta-bomba de R$ 50 bilhões no STF
Presidente da Corte
Toffoli faz acenos ao Executivo e ao Legislativo de que está sensibilizado com
a situação das contas públicas
ESTADÃO CONTEÚDO
Alinhado
com o Ministério da Economia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Dias Toffoli, quer limpar neste primeiro semestre uma pauta de
julgamentos que podem resultar em uma perda potencial de R$ 50 bilhões aos
cofres públicos. Desde que assumiu a presidência da Corte, Toffoli faz acenos
ao Executivo e ao Legislativo de que o STF está sensibilizado com a situação
das contas públicas.
Segundo
apurou o Estado, Toffoli decidiu pautar neste semestre processos tributários
que aguardam uma decisão da Corte há muito tempo (um deles tramita há dez anos
e meio), ou que foram interrompidos por pedidos de vista (mais tempo de
análise). É um esforço totalmente alinhado à visão da equipe econômica de que é
preciso segurança jurídica para atrair investimentos.
Um
desses casos é o que trata do pagamento do PIS por empresas prestadoras de
serviço. Essas empresas questionaram uma mudança na legislação que acabou
elevando a alíquota de contribuição. Em julgamento no Supremo, a União já
conseguiu maioria na discussão. Mas um pedido de vista acabou postergando o fim
do julgamento, que está parada na Corte desde o início de 2017. Na Justiça,
pelo menos 400 processos aguardam decisão.
Esse
julgamento deve ser retomado na quarta-feira. No mesmo dia, Toffoli se reúne
com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e secretários do Tesouro e da
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
O
cálculo das perdas potenciais com os processos no STF foi feito a pedido do
Estado pela PGFN e pela Advocacia-Geral da União (AGU), considerando seis
processos, a maioria envolvendo questão tributária.
Na
visão de especialistas ouvidos pela reportagem, no entanto, será preciso
aguardar a conclusão desses julgamentos para verificar se a preocupação
institucional de Toffoli será compartilhada pelos outros dez ministros que
compõem o tribunal.
Visão.
Toffoli e Guedes jantaram no início do mês, quando discutiram uma blindagem
jurídica para afastar o risco de a reforma da Previdência ser contestada na
Suprema Corte. O problema tributário, apesar de não ser prioridade do governo
neste momento, também foi debatido, numa avaliação de que é preciso simplificar
normas e leis fiscais e tributárias para enfrentar o alto grau de
judicialização.
É o
mesmo entendimento da procuradora da Fazenda Nacional, Alexandra Maria Carvalho
Carneiro, que coordena a atuação judicial da PGFN perante o STF. Ela destacou
que a legislação tributária brasileira é dispersa e confusa, gerando dúvidas no
contribuinte que acabam parando na Justiça.
“É
um número enorme de leis sobre o mesmo tributo, leis que são revogadas e
revisadas, dá-se benefício ali, aqui, e depois retira. É um conjunto de leis
muito complexo. E no Brasil existe uma cultura de judicializar tudo”, observou.
Alexandra
acompanha cerca de 160 processos tributários que tramitam na Corte. Essas ações
têm a chamada repercussão geral: quando o STF decide algo, o entendimento deve
ser seguido por juízes de todas as instâncias do país.
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