Quando o ambiente de trabalho adoece
Simone Demolinari
Não há como separar: saúde física e psíquica andam de mãos dadas. Não é
de hoje que estudos mostram que somos a soma daquilo que pensamos e sentimos.
Nossas emoções são capazes de preservar nossa saúde e também interferir no
surgimento de doenças graves.
Isso porque a partir do que sentimos descarregamos na corrente sanguínea
elementos químicos que fazem com que nosso corpo acione respostas fisiológicas.
As emoções positivas, como gratidão, bondade e amor, estimulam a
produção de neurotransmissores responsáveis pelo nosso bem estar, tornando-nos
mais felizes, bem humorados e portanto mais tolerantes e pacientes.
Já as emoções negativas, como raiva, medo, rancor e ansiedade, estimulam
a produção de cortisol, elemento químico do estresse, que faz com que o corpo
entre num estado de alerta, como se estivesse correndo risco de morte ou
precisasse lutar ou fugir. Com essa luta que não existe, a química produzida
acaba sendo absorvida pelo organismo, passando de remédio para veneno.
As maiores queixas em relação ao estresse são atribuídas ao trabalho.
Mas não é a atividade em si que esgota, e sim o ambiente profissional adoecido.
As reclamações mais recorrentes são:
- Disputa e competitividade: trabalhar num ambiente hostil, onde não se
pode confiar no colega ao lado, é muito desgastante emocionalmente. Além disso,
algumas empresas estimulam a competitividade doentia para tirar proveito disso
e acabam criando um clima organizacional tóxico, propício a atritos e
rivalidade.
- Cobrança excessiva: algumas empresas não respeitam o horário comercial
acordado. Alguns chefes exigem que os funcionários atendam ao telefone ou
respondam e-mails à noite, de madrugada e nos finais de semana. Essa exigência,
na maioria das vezes, não é dita de forma direta, porém, aquele que tenta
resistir a essa cultura costuma ouvir indiretas irônicas, sofrer boicotes ou
até ser demitido.
- Chefes tiranos: há chefes que “motivam” suas equipes através de
ameaças. Criam um clima de terror sob a justificativa de que assim o
funcionário produzirá mais. Só fazem conseguir o contrário.
- Acúmulo de funções: algumas empresas atribuem ao funcionário um número
de tarefas quase impossível de serem executadas dentro do horário estabelecido.
Com isso, o funcionário sacrifica lazer, família e relaxamento. Submete o corpo
e a mente a um constante estado de fadiga.
- Sensação de injustiça: no ambiente corporativo é muito comum abrir mão
da meritocracia em função de outros interesses: parentesco, relacionamentos afetivos,
solicitação de amigos ou troca de favores. Isso gera um desgaste emocional
intenso naquele que empenha esforços e acredita que a empresa irá valorizar sua
dedicação.
- Exigência de padrão inatingível: uma coisa é exigir que o funcionário
trabalhe com 100% da sua capacidade; outra coisa é exigir dele o impossível.
Estabelecer um patamar inalcançável, além de desumano, cria uma sensação de
dívida permanente.
Nossas emoções
determinam nossa qualidade de vida. Para não adoecermos, é importante que o
saldo se mantenha positivo.
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