Picadas de
escorpião 'explodem' e Minas já registra 2.159 casos neste ano
Renata Evangelista
Tityus serrulatus, conhecido como escorpião amarelo, é a principal
espécie em Minas
A diminuição dos
predadores naturais dos escorpiões, como macacos, lagartos e aves, combinada
com o crescimento da oferta de ailmentos, principalmente baratas, tem levado a
uma explosão do número de picadas em Minas. Só em 2018, foram 36.281 casos, um
crescimento de 26,06% sobre o registrado em 2017. Neste ano, somente até o
último dia 5, já foram contabilizadas 2.159 vítimas, uma média de 60
ocorrências diárias, resultado dos efeitos do avanço do homem sobre a natureza
e do aquecimento global. Os números foram divulgados pela Secretaria de
Estado de Saúde (SES).
"Os animais
predadores dos peçonhentos têm sumido da natureza. Isso interfere em como
o escorpião anda e se reproduz", aponta o chefe do Serviço de
Animais Peçonhentos da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Rômulo Toledo.
Como não há
inseticidas capazes de matar o escorpião, a melhor forma de evitar acidente é a
prevenção. A limpeza do ambiente e a adoção de hábitos simples, de acordo com o
Ministério da Saúde, são fundamentais para impedir a picada venenosa que pode
levar a morte.
De acordo com o
Ministério da Saúde, Minas é o Estado que mais tem registros de acidentes com
escorpiões no Brasil. Houve mais vítimas aqui do que nos sete estados das
regiões Sul e Centro-Oeste juntos
Neste ano, o Estado
já confirmou cinco mortes nas cidades de Alfenas, Buritis, Itaúna, Minas
Nova e Passabém. Entre 2017 e 2018, os óbitos tiveram salto de 55,17%,
subindo de 19 para 45, mas a própria SES explica que os dados estão sendo revisados
porque podem estar superdimensionados.
Segundo Andréia
Kelly Roberto Santos, referência técnica estadual do programa de vigilância e
controle dos acidentes por animais peçonhentos de Minas, o clima quente e úmido
é abrigo ideal para o aracnídeo. "Além dos escorpiões, outros insetos,
como baratas também aumentam com as altas temperaturas e umidade",
pontuou.
Conforme a SES,
Montes Claros é a cidade mineira com mais registros de vítimas. O município do
Norte de Minas, um dos mais quentes do Estado com máximas que podem chegar a
39ºC, confirmou 136 pessoas picadas nos primeiros 36 dias deste ano. Em 2018,
foram 2.728 ocorrências. "Montes Claros tem condições ambientais que são
favoráveis para a reprodução do escorpião. Além disso, com o desmatamento, os
escorpiões têm entrado demais na cidade e se aproximando do homem",
observou Andréia Kelly.
Para evitar que os
números continuem subindo em todo o Estado, a SES tem alertado a população do
que se deve ou não fazer, além de capacitar os médicos e enfermeiros para
melhor atender em caso de registros de picadas.
Cuidados
Manter a casa limpa
e sacudir tapetes, lençóis e cobertores são algumas das ações preventivas para
evitar picadas de escorpião, segundo recomendação da enfermeira Talline Aredes
Hang Costa, professora do curso de Enfermagem das Faculdades Promove.
De acordo com ela,
quando chove muito e os abrigos desses animais ficam alagados, a tendência é de
que eles procurem segurança dentro das casas, principalmente em locais secos e
escuros, como embaixo de colchões, roupas deixadas no chão e dentro de sapatos.
"Por isso é
importante que a pessoa preste bastante atenção na hora de abrir a porta,
observando os tapetes e panos deixados na entrada da porta. É importante
sacudir tudo também dentro de casa e conferir se há algum animal abrigado
ali", explica. Outra dica é evitar o acúmulo de lixo e entulho e manter
ralos fechados.
"Essas ações
parecem pequenas, mas quando colocadas em conjunto, reduzem a possibilidade de
acidente", sentencia a referência técnica estadual do programa de
vigilância e controle dos acidentes por animais peçonhentos de Minas.
Após a picada, a
pessoa pode sentir dor forte, náuseas, vômitos, transpiração excessiva e
oscilação da pressão.
Em caso de picada
Segundo Andréia
Kelly, a pessoa deve tentar manter a calma e lavar o ferimento com água e sabão.
Em seguida, ir imediatamente até um posto de atendimento médico. Ela explica
que não se pode aplicar compressa, gelo e nem fazer torniquete (técnica
utilizada no controle de hemorragias) próximo ao local da picada. "Ao
fazer isso vai potencializar a ação do veneno". Outra recomendação é, se
possível, levar o animal ou uma foto para identificação da espécie.
Crianças menores de
7 anos e idosos são mais vulneráveis. Eles devem ser levados o mais rápido
possível para um centro de referência, que no caso de BH é o Hospital de
Pronto-Socorro João XXIII. (Com Liziane Lopes)
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