Em reunião no
Planalto, ministro diz a Bebianno que ele fica no governo
Bolsonaro chegou a
indicar possibilidade de demitir ministro após estourar caso de 'laranjas' do
PSL
Gustavo Bebianno e Jair Bolsonaro
Folhapress
Em reunião
com ministros no Palácio do Planalto na manhã desta sexta-feira (15), o
ministro Gustavo Bebianno ouviu de Onyx Lorenzoni (Casa Civil) que ele ficará à
frente da Secretaria-Geral da Presidência.
Pessoas
próximas aos ministros confirmaram à reportagem que o presidente Jair Bolsonaro
disse para que a decisão de exoneração fosse suspensa.
Aconselhado
por aliados, Bolsonaro anteriormente fez chegar a Bebianno seu desejo de que
deixasse o posto até segunda-feira (18), mas o ministro tem se articulado
com advogados e integrantes do Legislativo e do Judiciário para conseguir uma
sobrevida no governo federal.
Bebianno se
reuniu nesta sexta com Onyx e o general Carlos Alberto Dos Santos Cruz
(Secretaria de Governo).
Homem de
confiança de Bolsonaro, Bebianno vem enfrentando extrema pressão devido à
revelação, por uma série de reportagens da Folha de S.Paulo, de um esquema de
candidaturas laranjas que receberam repasses volumosos do fundo partidário do
PSL no ano passado.
Durante a
campanha eleitoral, ele foi o presidente interino do PSL, partido nanico
comandado pelo deputado federal Luciano Bivar (PE). Na quarta-feira (13),
Carlos Bolsonaro, filho do presidente, alavancou a crise ao postar no Twitter
que o então ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara
com Bolsonaro três vezes na véspera, negando desgaste.
No mesmo
dia, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a
conversar com Bebianno.
A primeira
reportagem da série sobre os laranjas do PSL mostrou que o atual ministro do
Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, patrocinou um esquema de candidaturas de
fachada em Minas que também receberam recursos volumosos do fundo eleitoral do
PSL nacional e que não tiveram nem 2.000 votos, juntas.
Parte do
gasto que elas declararam foi para empresas com ligação com o gabinete de
Álvaro Antônio na Câmara dos Deputados.
Após essa revelação, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que esse caso deveria ser investigado. A Procuradoria-Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu apurar o caso.
Após essa revelação, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que esse caso deveria ser investigado. A Procuradoria-Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu apurar o caso.
No domingo
(10), outra reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o grupo do atual
presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da
Câmara dos Deputados, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do
partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. O dinheiro foi
liberado por Bebianno.
Maria de
Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas
274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país,
mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP),
essa com 1,079 milhão de votos.
O dinheiro
do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a
conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Na época, o
hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência era presidente interino da
legenda e coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), com foco em discurso
de ética e combate à corrupção.
Apesar de
ser uma das campeãs de verba pública do PSL, Lourdes teve uma votação que
representa um indicativo de candidatura de fachada, em que há simulação de atos
de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.
Essa
candidatura laranja virou alvo da Procuradoria, da Polícia Civil e da Polícia
Federal.
Na quarta
(13), a Folha de S.Paulo revelou ainda que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba
pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro
para uma gráfica registrada em endereço de fachada –sem maquinário para
impressões em massa. O ministro nega qualquer irregularidade.
Já nesta
quinta-feira (14), a Folha de S.Paulo mostrou que uma gráfica de pequeno porte
de um membro do diretório estadual do PSL -legenda do presidente Bolsonaro- foi
a empresa que mais recebeu verba pública do partido em Pernambuco nas
eleições -sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos
eleitoral e partidário na empresa da cidade de Amaraji, interior de Pernambuco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário