sábado, 26 de janeiro de 2019

NOVO DESASTRE AMBIENTAL DE GRANDES PROPORÇÕES EM MINAS GERAIS


Novo balanço dos bombeiros eleva para 9 o número de mortos; 300 pessoas estão desaparecidas

Simon Nascimento e Renata Evangelista – Jornal Hoje em Dia 










Buscas por desaparecidos foram reiniciadas na manhã deste sábado


Subiu para nove o número de mortes confirmadas em decorrência do rompimento da barragem da Vale, no Complexo da Mina do Feijão em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A tragédia ocorreu por volta de 12h40 dessa sexta-feira (25) e resultou, ainda, em mais de 300 desaparecidos, segundo o Corpo de Bombeiros.
De acordo com a corporação, 189 pessoas que foram soterradas pela lama de rejeitos e foram socorridas com vida desde o início das buscas até a divulgação do último boletim durante a madrugada.
Ainda conforme o Corpo de Bombeiros, os sedimentos atingiram o leito do rio Paraopeba. Para a manhã deste sábado (25), o presidente Jair Bolsonaro (PSL), ministros do governo federal, secretários de estado e o governador Romeu Zema (Novo) irão sobrevoar a área atingida.
Não foi informado se os chefes dos executivos estadual e federal concederão entrevista.
Buscas
As buscas às vítimas contam com uma equipe integrada montada pelo governo de Minas. A força-tarefa foi anunciada pelo executivo e envolve órgãos militares e secretarias de governo.
Os cães do canil do Corpo de Bombeiros de Uberaba, no Triângulo Mineiro, vão reforçar o trabalho de busca. Os cachorros vieram de avião até Belo Horizonte e serão alimentados e medicados antes de se juntarem aos mais de 180 militares que estão em atividade na região da Mina do Córrego do Feijão.
Em entrevista na noite dessa sexta-feira (25), o governador Romeu Zema afirmou que as buscas, agora, são apenas para encontrar corpos. “Mas sabemos agora que as chances são mínimas e que provavelmente resgataremos corpos", afirmou o governador.
Wagner Pinto de Souza, chefe da Polícia Civil, disse que a corporação vai avaliar o ocorrido. "Temos a preocupação em buscar as provas. Logicamente, haverá investigação policial para definir causas e a eventual responsabilidade penal dos fatos", disse.
Tragédia
Mais de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro foram derramados no rompimento da barragem. Os sedimentos atingiram escritórios e refeitórios da Vale. A lama ainda devastou parte de mata na região e atingiu os leitos do Córrego do Feijão e do rio Paraopeba.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Agência Nacional de Mineração (ANA) garantiram que a documentação de fiscalização da estrutura de contenção estava regular. O último licenciamento ambiental foi concedido em dezembro de 2018.
Vítimas
Levantamento do Corpo de Bombeiros aponta que dentre os 300 desaparecidos, entre 100 a 150 pessoas estavam na área administrativa que ficava próximo da barragem; entre 100 a 140 na região do Parque das Cachoeiras; e 30 estavam na pousada Nova Instância,
Falta de fiscalização e problemas no licenciamento ambiental são os dois principais aspectos citados por especialistas como potencializadores de risco para o rompimento das barragens da Vale, em Brumadinho, na Grande BH.
O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) divulgou nota informando que, desde 2015, registrou “inúmeras denúncias” sobre o risco de rompimento das barragens do Complexo Mina Córrego do Feijão.
As causas da tragédia ainda serão investigadas. Uma das hipótese para o desastre é a sobrecarga de rejeitos, dizem especialistas.
Professor de Engenharia de Minas da UFMG, Evandro Morais da Gama participou de uma reunião na Cidade Administrativa no início da noite com o Secretário Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Germano Vieira. “É uma causa que nos leva a pensar ações de diminuição dos níveis de rejeitos nas barragens no Estado. Acredito que se a barragem estivesse operando com quantidade menor de rejeitos, a tragédia não teria ocorrido”.
Integrante do Departamento de Engenharia Hidráulica da UFMG, o professor Carlos Barreira Martinez afirma que a sobrecarga na barragem é fruto de irregularidades na inspeção. “Se realmente a causa foi excesso de rejeitos, houve falha de fiscalização”, garantiu.

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