Zema e
Anastasia têm propostas distintas para solucionar problemas em Minas
Lucas Simões e
Rafaela Matias
O segundo turno em
Minas será de embate ferrenho entre propostas consideradas liberais. Apesar de
habitarem o mesmo campo político, Antonio Anastasia (PSDB) e Romeu Zema (Novo)
elaboraram projetos de governo conflitantes. De um lado, o tucano evita
promessas específicas e dá preferência às metas genéricas, como concluir obras
e não aumentar impostos. De outro, Zema propõe mudanças como a possível revisão
do plano de carreira dos professores e a gestão privada da saúde pública.
A pedido do Hoje em
Dia, os dois candidatos expuseram suas ideias sobre sete pontos fundamentais
dos planos de governo, que contemplam déficit do Estado, previdência,
privatizações, educação, segurança, saúde e cultura.
No nicho tucano,
Anastasia vem repetindo que não é possível prometer o que não pode cumprir,
antes de regularizar o Estado. Nas 18 páginas de seu plano de governo, não
constam projetos específicos, mas, como o senador diz, “caminhos para a
reconstrução de Minas”.
Em algumas áreas,
Anastasia se posiciona de forma contundente.
É o caso das
privatiza-ções, as quais o senador se diz contra. “Não pretendemos privatizar
nossas estatais. As empresas públicas de Minas representam um importante
patrimônio dos mineiros e podem ser usadas para alavancar os investimentos. É
isso que pretendemos fazer”, disse Anastasia.
Além disso, uma das
promessas específicas do tucano é afirmar que irá trazer Minas Gerais para a
liderança no ranking do Índice do Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Partido Novo
Zema tem optado por apresentar propostas consideradas mais radicais.
Zema tem optado por apresentar propostas consideradas mais radicais.
Em defesa das
privati-zações das estatais, com exceção da Codemig, o candidato propõe fatiar
a Cemig em até seis empresas, segundo ele, para estimular a concorrência e
baixar em até 20% a tarifa de energia em Minas.
O problema é que a
Cemig deposita sua energia no Sistema Integrado Nacional (SIN), assim como as
outras operadoras do país. Dessa forma, para fazer alterações sobre a
distribuição de energia, seria preciso uma revisão em legislações federais.
“É uma proposta para
baratear a conta. Nós dependemos do governo federal, sim, do Congresso. Mas
vamos trabalhar para isso”, admite o candidato do Novo.
Educação
Na área da educação, Zema defende a implemen-tação de um programa de bonificações por méritos aos professores — em detrimento do plano de carreira, que hoje estabelece aumento de ganho salarial por tempo de serviço e também por escolaridade.
Na área da educação, Zema defende a implemen-tação de um programa de bonificações por méritos aos professores — em detrimento do plano de carreira, que hoje estabelece aumento de ganho salarial por tempo de serviço e também por escolaridade.
Além disso, propõe
que alunos com melhor desempenho sejam separados das classes em que estão
estudantes com baixo índice de aprendizado.
“Não pode é o aluno que tem bom desempenho ficar preso, sendo puxado para trás, por aqueles que não querem nada com nada. Tem que mudar isso, fazer salas separadas. E também pretendo criar um cartão para que o estudante tenha acesso a benefícios extra-escolares”, diz o candidato do Novo.
“Não pode é o aluno que tem bom desempenho ficar preso, sendo puxado para trás, por aqueles que não querem nada com nada. Tem que mudar isso, fazer salas separadas. E também pretendo criar um cartão para que o estudante tenha acesso a benefícios extra-escolares”, diz o candidato do Novo.
Na corrida ao Palácio da Liberdade, faltam propostas concretas para déficit e previdência
Problema mais
complexo do Estado atualmente, o déficit de R$ 5,6 bilhões — e que pode chegar
à casa dos R$ 20 bilhões — aliado ao drama da previdência, que aumenta
anualmente em R$ 16 bilhões o rombo das contas públicas, não receberam
propostas específicas de ambos os candidatos.
Romeu Zema propõe
reduzir as atuais 21 secretarias do governo para nove, como forma de enxugar a
máquina pública. Entre os cortes, o candidato do Novo prevê a fusão das
secretarias de esporte, cultura e educação, além de unificar a Secretaria de
Estado de Segurança Pública (Sesp) com a Subsecretaria de Administração
Prisional (Suapi).
“É preciso cortar
80% dos cargos comissionados também e acabar com o cabide de empregos no
governo para garantir uma economia maior”, diz Zema.
O candidato do Novo é favorável à criação de um fundo complementar de previdência. Atualmente, o Estado arrecada R$ 6 bilhões e gasta R$ 22 bilhões com a folha de pagamento, sem conseguir fechar as contas.
O candidato do Novo é favorável à criação de um fundo complementar de previdência. Atualmente, o Estado arrecada R$ 6 bilhões e gasta R$ 22 bilhões com a folha de pagamento, sem conseguir fechar as contas.
Já o senador Antonio
Anastasia (PSDB) pretende renegociar as dívidas com os fornecedores para tentar
frear o déficit. Além disso, o tucano aposta que uma reforma da previdência em
nível federal será alinhada com as reformas dos estados. Nesse âmbito,
Anastasia concorda com Zema a respeito da criação de um fundo complementar de
previdência.
“Obviamente, o
direito adquirido do aposentado deve ser preservado. Essa reforma precisa ser
feita de forma justa. A discussão tem que ser, em especial, para aqueles que
ingressarem na administração pública doravante, considerando também a
implantação da aposentadoria complementar, cuja adesão é facultativa”, diz o
tucano.
Análise
Nesse cenário, o cientista político Eduardo Coutinho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisa que, apesar de os programas de ambos os candidatos serem enraizados na esfera liberal, as diferenças entre os dois são grandes.
Nesse cenário, o cientista político Eduardo Coutinho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisa que, apesar de os programas de ambos os candidatos serem enraizados na esfera liberal, as diferenças entre os dois são grandes.
“O programa do
Anastasia é mais cauteloso, não crava promessas ou soluções mágicas. Já o de
Romeu Zema tem propostas mais incisivas e alinhadas a um estilo de privatização
bem agressivo”, avalia.
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