quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O TRABALHO EM SÍ NÃO ESGOTA - OUTROS PROBLEMAS SIM


Esgotamento profissional

Simone Demolinari 









Acordar cansado é uma reclamação cada vez mais recorrente. Além disso, grande parte das pessoas tem se percebido estressadas, desanimadas e irritadas e, por vezes, acabam se sentindo culpadas por perderem a paciência tão fácil. O que muitos não sabem, é que esse comportamento pode estar diretamente ligado à uma fadiga crônica física, mental e emocional provocada pelo excesso de trabalho.
O trabalho em si não esgota, o que leva um indivíduo a sentir os sintomas de um esgotamento são outros fatores que podem acorrer no contexto profissional:
– Alta competitividade: trabalhar num ambiente hostil, onde não se pode confiar no colega ao lado, é muito desgastante emocionalmente. Alem disso, algumas empresas estimulam a competitividade doentia para tirar proveito disso e acabam criando um clima organizacional tóxico, propício para disputa e inimizades.
–Clima de ameaça: há empresas que ainda acreditam que ameaçar o funcionário é uma ótima forma de motivação. Enganam-se. O indivíduo que vive sob ameaça, ainda que velada, torna-se justamente o contrário: inseguro, desanimado e desmotivado.
–Jornada intensa: muitas empresas atribuem ao funcionário tanta tarefa que, para ele dar conta, é preciso dedicar mais horas do que o previsto. Com isso sacrificam lazer, família e relaxamento. Submetem o corpo e a mente a um constante estado de fadiga altamente prejudicial à saúde psíquica.
–Cobrança excessiva: faz parte da cultura de muitas empresas não respeitar o horário comercial. Com isso, muitos chefes exigem que os funcionários atendam ao telefone ou respondam e-mails de noite, de madrugada e aos finais de semana. Essa exigência, na maioria das vezes, não é dita de forma direta. Porém, aquele que tenta resistir à essa cultura costuma ouvir indiretas irônicas, sofrer boicotes ou até ser demitido.
–Sentimento de injustiça: no ambiente corporativo é muito comum um funcionário ser promovido sem ser por meritocracia e sim por interesses diversos: parentesco, relacionamentos afetivos, solicitação de amigos ou troca de favores. Isso gera um desgaste emocional intenso naquele que empenha esforços e acredita que a empresa irá valorizar sua dedicação.
–Exigência de padrão inatingível: uma coisa é exigir que o funcionário trabalhe com cem por cento da sua capacidade, dando seu melhor e não fazendo o famoso “corpo mole”; outra coisa é exigir dele o impossível. Estabelecer um patamar inalcançável, alem de desumano, cria no funcionário uma sensação de dívida constante.
Quem vive submetido a esse clima organizacional, sem perspectiva de mudança e ainda mal remunerado, acaba adoecendo: deprime, aumenta a ansiedade, irritabilidade, desanimo com a vida, cansaço crônico, busca fuga em “anestesias” como droga, álcool, compras. Mas nada disso resolve a situação, alias, piora. É importante ficar atento e dar a saúde psíquica a mesma importância que a carreira profissional.

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