Esgotamento profissional
Simone
Demolinari
Acordar cansado é
uma reclamação cada vez mais recorrente. Além disso, grande parte das pessoas
tem se percebido estressadas, desanimadas e irritadas e, por vezes, acabam se
sentindo culpadas por perderem a paciência tão fácil. O que muitos não sabem, é
que esse comportamento pode estar diretamente ligado à uma fadiga crônica
física, mental e emocional provocada pelo excesso de trabalho.
O trabalho em si não
esgota, o que leva um indivíduo a sentir os sintomas de um esgotamento são
outros fatores que podem acorrer no contexto profissional:
– Alta
competitividade: trabalhar num ambiente hostil, onde não se pode confiar no
colega ao lado, é muito desgastante emocionalmente. Alem disso, algumas
empresas estimulam a competitividade doentia para tirar proveito disso e acabam
criando um clima organizacional tóxico, propício para disputa e inimizades.
–Clima de ameaça: há
empresas que ainda acreditam que ameaçar o funcionário é uma ótima forma de
motivação. Enganam-se. O indivíduo que vive sob ameaça, ainda que velada,
torna-se justamente o contrário: inseguro, desanimado e desmotivado.
–Jornada intensa:
muitas empresas atribuem ao funcionário tanta tarefa que, para ele dar conta, é
preciso dedicar mais horas do que o previsto. Com isso sacrificam lazer,
família e relaxamento. Submetem o corpo e a mente a um constante estado de
fadiga altamente prejudicial à saúde psíquica.
–Cobrança excessiva:
faz parte da cultura de muitas empresas não respeitar o horário comercial. Com
isso, muitos chefes exigem que os funcionários atendam ao telefone ou respondam
e-mails de noite, de madrugada e aos finais de semana. Essa exigência, na
maioria das vezes, não é dita de forma direta. Porém, aquele que tenta resistir
à essa cultura costuma ouvir indiretas irônicas, sofrer boicotes ou até ser
demitido.
–Sentimento de
injustiça: no ambiente corporativo é muito comum um funcionário ser promovido
sem ser por meritocracia e sim por interesses diversos: parentesco,
relacionamentos afetivos, solicitação de amigos ou troca de favores. Isso gera
um desgaste emocional intenso naquele que empenha esforços e acredita que a
empresa irá valorizar sua dedicação.
–Exigência de padrão
inatingível: uma coisa é exigir que o funcionário trabalhe com cem por cento da
sua capacidade, dando seu melhor e não fazendo o famoso “corpo mole”; outra
coisa é exigir dele o impossível. Estabelecer um patamar inalcançável, alem de
desumano, cria no funcionário uma sensação de dívida constante.
Quem vive submetido
a esse clima organizacional, sem perspectiva de mudança e ainda mal remunerado,
acaba adoecendo: deprime, aumenta a ansiedade, irritabilidade, desanimo com a
vida, cansaço crônico, busca fuga em “anestesias” como droga, álcool, compras.
Mas nada disso resolve a situação, alias, piora. É importante ficar atento e
dar a saúde psíquica a mesma importância que a carreira profissional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário