Começou a campanha
Manoel Hygino
Em plena campanha.
Centenas de candidatos se apresentam ao eleitor em busca de voto. É espantoso,
talvez, o número de brasileiros que se dispõem a servir à pátria em meio aos
milhares de complexos problemas que a desafiam. Escolher os melhores, eis o que
se vai fazer daqui a pouco.
O assunto me fez
lembrar Galeno Alvarenga, da mesma terra de nascença de Carlos Drummond de
Andrade: Itabira. Formado em medicina e filosofia pela UFMG, carrega consigo
altos títulos, entre os quais de doutor em filosofia, professor, tendo
participado da fundação do curso de psicologia da Faculdade de Psicologia da
UFMG e da implantação dos seus institutos de Ciências Biológicas e Ciências
Humanas.
Pois bem. Ele nos
comenta, em livro, a hora difícil de definir os melhores para dirigir os
destinos da comunidade, qualquer que seja o nível. Explica: “os que já foram
enganados outras vezes, por diversos governantes, esperam mais fatos e menos
boatos para se decidirem. Este grupo sabe que as suas experiências são
altamente diferentes das vividas por seus superiores”. Por quê?
“Os sons que eles
pronunciam são os mesmos que todos nós pronunciamos, mas palavras iguais:
‘guerra’, ‘inimigo’, ‘ditador’, terrorista”, ‘incapaz de governar o povo’,
‘liberdade’, ‘democracia’ etc, expressam experiências muito diferentes,
referem-se a mundos totalmente diversos”.
E, efetivamente, o
são: Sadam Hussein era “Deus” para a maioria do povo iraquiano, e se viu no que
deu essa fé. Bush, o norte-americano, era apoiado pela maioria do Congresso e
por grande parte do povo. E quanto à maior nação do hemisfério Sul das
Américas?
Nós, brasileiros, já
elegemos Jânio. A nossa Câmara dos Deputados aprovou, sem votos contra, o
governo de Costa e Silva, Médici e outros. “Stalin foi herói na Rússia e Hitler
na Alemanha. Com o passar dos anos, com mais informações e menor número de
versões, a história poderá ser transformada em novas verdades”. E, afinal,
pergunto eu, o que é a verdade? Ela é uma só? Dito isso, retornou ao raciocínio
de mestre Alvarenga: “infelizmente, os heróis ou trapaceiros voltaram,
discursando como sempre, conduzindo para a guerra, ou para diversos caminhos e
estranhos aos nossos, um rebanho de jovens inocentes”.
É preciso pensar
muitas vezes, conhecer bem os candidatos, porque, aqui como lá, há guerra, por
outros meios e maneiras, com outros propósitos, com outros soldados,
voluntários ou não. “Vidas e vidas continuam sendo eliminadas, sem ao menos
perguntar aos crentes seus valores e objetivos. Impõem-nos, em troca de nada,
explicando palavras vazias, seus objetivos sórdidos. De tempos em tempos, uma
multidão de ovelhas puras e mansas caminham, antes da hora, para o outro mundo,
conduzida por pastores incapazes de loucos”.
Tem-se que meditar.
Os mais espertos aprendem a apresentar ao povo a máscara de saudável
honestidade e honradez, em discursos em que expressam e prometem ao cidadão
tudo aquilo que deseja ouvir e alcançar. Depois descobrem, no decorrer dos
dias, que nada daquilo lhe será oferecido. Basta verificar no dia a dia da vida
de nossas cidades, de nossos estados ou do país. Não é difícil identificar os
que prometem e não cumprem, inclusive os que sabem que estão prometendo para
não cumprir.
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