É possível ser feliz solteiro?
Simone
Demolinari
“O isolamento e o relacionamento são duas dimensões analíticas. Não
saber lidar consigo mesmo é, para muitas pessoas, assustador. Por outro lado,
seguir os parâmetros familiares é trocar a mãe por uma esposa, o pai por um
marido e os amigos por filhos. Para alguns, é esplêndido. Para outros, um
desastre”. W.N.
É incrível como que, nos dias de hoje, ainda exista preconceito em
relação às pessoas que optam por ficarem solteiras. Há uma ideia de que, se
alguém não se casou, ou tem “algum problema” ou é homossexual. Isso precisa ser
repensado.
A dinâmica da sociedade mudou. O casamento, que antigamente era algo
quase obrigatório, não é mais. E sem o peso da pressão social, ficou cada vez
maior o número de pessoas que optam por viverem solteiras.
Infelizmente, muita gente ainda não evoluiu a forma de pensar e julgam
os solteiros como fracassados emocionalmente. Ainda parece estranho para muitos
pensar que alguém não se casou por opção. Há uma espécie de espanto, como se
não houvesse outra forma de ser feliz sem ser acompanhado.
Esse espanto pode ser observado, por exemplo, na reação das pessoas
quando ficam sabendo que alguém irá viajar sozinho. A primeira coisa que vem em
mente é uma espécie de pena, considerando que será uma viagem sem graça e
triste. Forma-se uma imagem de uma pessoa solitária, que não dispõe de amigos,
cônjuge ou filhos para a acompanhar.
De fato, há pouca possibilidade dessa viagem ser boa, sob o julgo
daquele que não consegue ser feliz viajando sozinho. Mas essa não é a realidade
dos que optam por viver assim.
Tudo que sai do senso comum costuma ser visto de forma estranha. Isso
também ocorre quando a pessoa é mais reservada e prefere uma vida mais
solitária. Geralmente são pessoas que não acham graça nas opções de lazer de
que a maioria gosta, não curtem festas nem comemorações em geral. Acham a
música alta, não gostam de gente bêbada, se incomodam com o desconforto de
ficar de pé e não têm paciência para a “conversa fiada”.
Preferem viver recolhidos, não por tristeza, mas por falta de interesse
da agitação social. Estes, por vezes, são vistos como “estranhos” aos olhos
daqueles que não conseguem conceber felicidade além do seu próprio
comportamento.
A ideia de que o solteiro é infeliz deriva da nossa cultura casamenteira
que convencionou que só há felicidade na vida a dois. Mas, se isso fosse
verdade, todos os casados estariam felizes.
Pensar que pessoas solteiras são problemáticas, além de preconceito, é
uma forma limitada e generalista de pontuar a questão. É preciso considerar que
muitos estão solteiros por excesso de qualidade e não por falta dela.
Ser solteiro não é sinônimo de uma vida solitária e infeliz. Muito pelo
contrário, é uma condição invejada por muitos mal casados.
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