Ansiedade tem cura?
Simone
Demolinari
Sentir ansiedade em
algum momento da vida é normal. Pode ser uma preocupação com algo que está para
acontecer, como uma prova, uma apresentação em público, a expectativa de
receber uma notícia, a viagem de um filho, etc. Todas essas situações são
consideradas geradoras de ansiedade; portanto, sentir uma certa inquietude
quando elas estão prestes a acontecer é comum.
O que sai da
normalidade é quando um indivíduo vive com esse sentimento a maior parte do
tempo. É quando a ansiedade se torna uma vilã, consumindo a qualidade de vida
impedindo o indivíduo de desfrutar de um estado de paz. Embora a ansiedade pode
ter uma origem genética, ela também pode ser resultado do estilo de vida,
atrelado aos condicionamentos mentais.
A seguir,
analisaremos o caso de Maria que desenvolveu Transtorno de Ansiedade
Generalizada. Inicialmente, buscou ajuda para tratar uma gastrite que não
curava. Além disso, queixava-se de insônia, queda de cabelo, erupções cutâneas
e constante imunidade baixa que a deixava vulnerável à gripes e garganta
inflamada.
Maria se descreve
como uma pessoa “firme”. Quando as coisas não saem como gostaria, ela fica
altamente irritada. Seu lema de vida é: “explodir para não implodir”. Com isso
está sempre discutindo com alguém pois é do tipo que não aceita desaforo. No
trabalho quer tudo “para ontem”, acreditando estar cercadas por pessoas
incompetentes. Em casa é extremamente explosiva e tenta, através de brigas,
impor suas opiniões. Está sempre em conflito com seus familiares. Sua paciência
com os filhos é curtíssima, os trata aos gritos e se considera “no limite”.
Ela diz: “Eu
gostaria de ter uma vida melhor, mas as pessoas não colaboram. Estou cercada
por gente sem iniciativa e meus filhos são muito desobedientes. Tenho um chefe
exigente que me cobra resultado. Se eu não brigar, nada na minha vida anda.
Ainda bem que sou brava, senão todo mundo pisaria em cima de mim”.
Com os amigos, Maria
se mostra uma pessoa amável. É sempre muito prestativa e tem enorme dificuldade
de dizer “não” ; está sempre ajudando alguém.
Percebemos que o
caso de Maria é parecido com o de inúmeras pessoas. Um estilo de vida colérico,
imaturo e sem amor próprio, que tenta, através da sua pseudo onipotência,
sustentar a ilusão do controle–principal produto da ansiedade.
Para mudar esse
comportamento tóxico, não basta querer. É preciso caminhar na direção
diametralmente oposta ao que se está acostumado. Tarefa difícil para pessoas
que se acham certas. Sair do estado de ansiedade significa sair da necessidade
de controlar a tudo e a todos e isso implica em desenvolver a mansidão e a
humildade, atributos imprescindíveis para atingir a condição de serenidade.
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