Pré-candidatura
de Anastasia desidrata chapas adversárias e muda quadro eleitoral
Amália Goulart,
Fábio Corrêa e Lucas Borges
Senador mineiro
viajou ao exterior, mas deixou articulação da campanha a cargo de aliados
A entrada em campo
do senador Antonio Anastasia (PSDB) na disputa pelo Palácio da Liberdade tem
potencial para esvaziar as pré-candidaturas do time de oposição ao governador
Fernando Pimentel (PT) e poderá levar o pleito deste ano a uma polarização.
Ao menos oito
partidos que caminhavam com algum dos postulantes ao Executivo mineiro já
decidiram rever a posição.
O presidente
estadual do PSDB, deputado Domingos Sávio, informou que tratativas foram ou
serão iniciadas com o PP, PTB, PSD, PV, Solidariedade, Avante e Democratas.
“Estamos avançando no diálogo com alguns partidos. Vamos nos esforçar para
construir uma ampla aliança”, afirmou. Segundo ele, lideranças de diversas
legendas já haviam demonstrado disposição em apoiar Anastasia, caso ele
decidisse se candidatar.
O deputado federal
Luis Fernando Faria (PP) disse que o partido foi “pego de surpresa” com a
definição do senador, alterando assim o quadro eleitoral. “As portas do PP
estarão abertas para conversar”, disse, ao ser questionado sobre a possível
aliança com o PSDB. Uma grande parte do PP caminhava para apoiar o
pré-candidato Rodrigo Pacheco, que filiou-se ontem ao Democratas. A postura do
PP provocou a saída da legenda dos ex-deputados Dinis Pinheiro e Alberto Pinto
Coelho.
Dinis, dizem
aliados, já teria decidido desistir da candidatura para compor com Anastasia.
Seria candidato ao Senado. “Temos uma chapa com quatro vagas, então, estaremos
abertos para compor essa chapa, valorizando os partidos”, contou Sávio.
Os tucanos pediram a
deputados de diversos partidos que conversem com as direções estaduais para
viabilizar uma ampla aliança da oposição. “Assim como eu, muitos estão com a
missão de buscar, de forma uníssona, trabalhar para essa candidatura. Meu
partido não tem decisão ainda, mas, como membro do diretório, vou trabalhar
nessa direção”, afirmou o parlamentar Antônio Jorge, do PPS.
O partido de Jorge estava
dividido entre a aliança com Pacheco ou o aval a Dinis. Os dois pré-candidatos
atuavam no mesmo espectro partidário que sustentou as duas gestões de
Anastasia, quando foi governador. Dinis foi procurado, mas não atendeu as
ligações.
Manutenção
Ontem, Pacheco disse
que não desistirá da empreitada. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda
(PSB) também manteve a posição. O socialista tem o apoio do PDT. Mas já começa
a perder espaço. O deputado estadual Sargento Rodrigues deixou o partido para
apoiar Anastasia. “Vamos aglutinar todas as forças de oposição”, afirmou.
O PTB também
pretendia disputar a eleição unido a Lacerda ou a Pacheco, mas a
pré-candidatura de Anastasia pode mudar o jogo. “Tinha um grupo que queria
apoiar o Lacerda. Agora, Anastasia é um fator complicador, um fator novo.
Tradicionalmente, apoiamos o Anastasia. Agora, teremos que nos reunir e tomar
uma decisão”, afirmou o deputado estadual Dilzon Melo.
Rodrigo Pacheco troca o MDB pelo DEM e mantém intenção de concorrer ao governo
O deputado federal Rodrigo Pacheco filiou-se ontem ao Democratas garantindo a pré-candidatura ao governo de Minas. Existe a expectativa de aliados de que ele possa formar chapa com o senador Antonio Anastasia (PSDB), que comunicou na última semana a entrada na disputa.
“Mantenho meu
conceito em relação ao senador Anastasia, que é o melhor possível”, disse o
deputado federal, eleito para o cargo ainda pelo MDB. “Foi um excelente
governador, reconheço isso, mas tenho direito de dar a Minas Gerais uma
alternativa, por isso coloco meu nome para governo do Estado”, concluiu
Pacheco, que assinou a filiação acompanhado pelo presidente da Câmara e
pré-candidato ao Planalto, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelo presidente nacional do
partido e prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto.
O evento de filiação
de Pacheco atraiu deputados e lideranças de vários partidos do campo
oposicionista. Dentre eles, estavam tucanos como o presidente do PSDB em Minas,
deputado Domingos Sávio, e o prefeito de Contagem, Alex de Freitas.
No palanque,
Domingos Sávio elogiou a capacidade de diálogo de Pacheco. O Democratas é um
dos partidos que o PSDB irá procurar para tentar uma composição.
“No limite, vão ser
candidaturas que vão propor coisas parecidas. Eles acreditam nas mesmas coisas
e acho que, na minha aposta, vai haver um entendimento para que saiamos
juntos”, declarou Alex de Freitas.
“Pacheco é um
candidato que tem total condição de contribuir em qualquer espaço, como vice,
como senador da República. O importante é que nós consigamos estreitar o
diálogo para que possamos fazer uma ampla frente para essa eleição”,
complementou o deputado João Vitor Xavier (PSDB).
Representantes do
Avante, PEN, PSD, PPS, PP, PMB, MDB, PTC e PSB também prestigiaram a filiação
de Pacheco ao Democratas.
‘Não posso me atirar
de cabeça em uma aventura’, diz ex-prefeito Marcio Lacerda
O ex-prefeito de
Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), declarou ontem que irá manter a
pré-candidatura ao Palácio da Liberdade. Porém, afirmou que não sustentará uma
campanha sem alianças.
Lacerda passou o dia
conversando com aliados. Até o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira,
esteve ontem na capital mineira avaliando o cenário, após a entrada na disputa
do senador Antonio Anastasia (PSDB).“É perfeitamente normal o PSDB lançar uma
candidatura própria. Nós mantemos a nossa candidatura e entendemos que ela
será, e já é, muito competitiva”, afirmou Lacerda.
Entretanto, a
possível perda do apoio de prefeitos e partidos, que passariam a se unir a
Anastasia, pode fazer com que Lacerda repense os planos para a eleição. “Tenho
o plano de ser candidato a governador, mas também não pode ser uma aventura.
Não posso me atirar de cabeça em uma aventura. Temos que ter uma aliança
mínima”, disse.
Apesar do risco de
enfraquecimento na sua base eleitoral, Lacerda descartou fazer uma
aliança com o PT, que deve lançar o atual governador Fernando Pimentel à
reeleição.“Está descartada essa possibilidade já há algum tempo inclusive”,
declarou.
Dinis
O ex-prefeito de BH
negociou apoio do PDT, que lançará Ciro Gomes candidato à Presidência da
República. Ciro e Lacerda são amigos. Ele ainda espera pelo Solidariedade,
partido que deve abrigar o ex-deputado Dinis Pinheiro.
Contudo, com a
entrada de Anastasia no processo eleitoral, já se fala na desistência de Dinis.
Ele deve disputar uma vaga ao Senado. Nesse contexto, Lacerda avalia o apoio ao
ex-deputado.
“O Dinis tem uma
bela carreira como deputado e presidente da Assembleia. Tem uma grande rede de
apoiadores em todo o Estado. Nós temos uma combinação, desde março do ano
passado, de estarmos juntos e definirmos as posições em função das pesquisas”,
disse Lacerda.

Nenhum comentário:
Postar um comentário