Dois
palestinos mortos em 'dia de ira' após anúncio de Trump sobre Jerusalém
AFP
Protestos
aconteceram em várias cidades onda há maioria muçulmana
Dois palestinos
morreram nesta sexta-feira (8) em confrontos com as forças israelenses em um
"dia de ira" que levou milhares de manifestantes às ruas após a
decisão do presidente americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como a
capital de Israel. Os protestos mobilizaram milhares de pessoas na Cisjordânia,
Faixa de Gaza, Jerusalém, e em diferentes países muçulmanos, do Irã à Malásia.
Em todas as partes, os manifestantes queimaram e pisotearam fotos do presidente
americano, Donald Trump.
Na noite desta
sexta, um foguete disparado da Faixa de Gaza atingiu a cidade de Sderot, no sul
de Israel, no terceiro ataque deste tipo desde a decisão de Trump. Aviões
israelenses bombardearam posições militares do movimento islâmico Hamas na
Faixa de Gaza em resposta aos ataques, ferindo ao menos 14 pessoas, informou o
ministério palestino da Saúde.
O Conselho de
Segurança da ONU se reuniu nesta sexta-feira em Nova York. A ONU está
"muito preocupada com os riscos de uma escalada da violência" na
região, disse o coordenador especial da ONU para a Paz no Oriente Médio,
Nikolai Mladenov, ante o Conselho de Segurança em um vídeo de Jerusalém.
Rejeitando "os
sermões e lições", a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, repetiu
que Trump "não tomou posição sobre os limites ou as fronteiras" e que
o "status quo se mantém nos lugares santos". Reiterou também que os
Estados Unidos continuam comprometidos com o processo de paz.
Virando as costas
para décadas de diplomacia americana e internacional, Trump reconheceu unilateralmente
na quarta-feira Jerusalém como a capital de Israel e anunciou a transferência
da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para esta cidade. O secretário de
Estado, Rex Tillerson, explicou que a mudança não será realizada antes de dois
anos.
Dois mortos
Em diferentes
cidades da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel, como em Belém,
Hebron, Jericó e perto de Nablus, dezenas de manifestantes, muitos deles jovens
com o rosto coberto por panos, jogaram pedras em soldados israelenses que
responderam com disparos de balas de borracha e munições letais, assim como
bombas de gás lacrimogêneo.
Na Faixa de Gaza,
Mahmud al-Masti, de 30 anos, morreu alvo de disparos de soldados israelenses a
leste de Khan Yunis quando participava de um protesto perto da barreira de
segurança que fecha o enclave palestino, disse o Ministério da Saúde de Gaza.
Um segundo
palestino, "Maher Atalah, 54 anos, faleceu no norte da Faixa de Gaza, após
ser ferido durante os choques da tarde", revelou Ashraf al Qudra, porta-voz
do ministério da saúde.
Outro palestino, de
cerca de 20 anos, atingido por uma bala na cabeça, se encontra em estado grave.
As autoridades palestinas falam em dezenas de feridos por balas de borracha ou
por munição letal.
Em Jerusalém houve
violentas confusões entre manifestantes e a Polícia israelense, dentro e ao
redor da Cidade Velha.
Centenas de
policiais
Israel mobilizou
centenas de policiais e soldados em Jerusalém e na Cisjordânia. Jerusalém e a
Esplanada das Mesquitas, terceiro local santo do Islã, também venerado pelos
judeus como o Monte do Templo, cristalizam as tensões entre israelenses e
palestinos.
Israel estendeu seu
controle à parte oriental de Jerusalém em 1967 e a anexou para depois proclamar
toda a cidade como sua capital, o que a comunidade internacional nunca
reconheceu.
Os palestinos querem
fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado ao qual aspiram. Os dirigentes
palestinos consideram que a decisão americana condiciona as negociações sobre o
estatuto de Jerusalém, uma das questões mais delicadas na busca de uma solução
ao conflito entre israelenses e palestinos.
Segundo eles, aquele
que assumiu o cargo proclamando sua vontade de alcançar um acordo diplomático
para a paz não pode mais assumir o papel histórico dos Estados Unidos como
mediador no processo de paz.
'Jerusalém é a
capital da Palestina'
"Pouco importa
o que acontece", disse Omar, de 20 anos, ao se dirigir à oração na
Esplanada das Mesquitas. "Todos sabemos que Jerusalém é a capital da
Palestina e não de Israel. Israel é uma potência ocupante".
Israel, que proclama
que Jerusalém é sua capital "eterna e indivisível", agradeceu sem
demora as declarações de Trump, mas a nível internacional continua provocando
rechaço.
Desde a criação de
Israel, em 1948, a comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como
capital e sempre considerou que o "estatuto final" da Cidade Santa
deveria ser negociado.
O grande imã de Al
Azhar, influente instituição do Islã sunita estabelecido no Cairo, cancelou um
encontro previsto com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, em uma
visita que ele deve fazer ao Egito em 20 de dezembro.
Um encarregado do
Fatah, o partido palestino mais importante, afirmou que o presidente da
Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, não receberá Pence em sua próxima visita à
região.
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