Com Trump, EUA
descumprirão suas metas contra mudanças climáticas
AFP
Os Estados Unidos se
comprometeram voluntariamente a reduzir as emissões de seu país em 26-28% até
2025
Os Estados Unidos
não vão cumprir seu compromisso de reduzir as emissões de gases do efeito
estufa, estabelecidas pelo Acordo de Paris sobre o clima, indica um relatório
divulgado neste sábado (11) durante as negociações da ONU em Bonn.
Um aumento dos
esforços em nível subnacional para reduzir a pegada de carbono do país não
compensará a decisão do presidente americano, Donald Trump, de abandonar as
políticas de seu predecessor e promover o uso das energias fósseis, adverte o
documento.
"Tendo em conta
as políticas da administração atual dos Estados Unidos, os comprometidos
esforços não federais não bastam para que sejam cumpridos os compromissos dos
Estados Unidos no Acordo de Paris", estabelece a análise, de 120 páginas,
chamada "O compromisso da América".
O governador da
Califórnia, Jerry Brown, e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg
revelaram o relatório em Bonn, junto com a chefe da ONU para o clima, Patricia
Espinosa, e o primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, que preside os
encontros.
No acordo assinado
por 196 países na capital francesa em 2015, os Estados Unidos se comprometeram
voluntariamente a reduzir as emissões de seu país em 26-28% até 2025.
Apesar da falta de
compromisso em nível federal, uma série de ações contra as mudanças climáticas
farão com que a tendência das emissões se mantenha em baixa nos Estados Unidos,
indica o relatório, também apresentado pelo World Resources Institute e pelo
Rocky Mountain Institute.
"Estados,
cidades e empresas emergiram como a nova cara da liderança americana para as
mudanças climáticas, e ganham força com compromissos para reduzir as emissões
de gases do efeito estufa", afirmaram em um comunicado.
"Se esses
atores não federais fossem um país, sua economia seria a terceira maior do
mundo".
Vinte estados
americanos, 110 cidades e mais de 1.400 empresas operativas nos Estados Unidos
fixaram objetivos para reduzir as emissões desses gases nocivos, segundo o
relatório.
Coletivamente, eles
representam US$ 25 trilhões em capitalização de mercado e quase um bilhão de
toneladas de emissões de gases de efeito estufa por ano.
Tendência clara
A Califórnia foi o
Estado que adotou os objetivos mais ambiciosos, com a ideia de que as emissões
de gases do efeito estufa diminuam ao menos 40% até 2030, quando os níveis
deveriam ser inferiores aos de 1990.
Desde que assumiu o
cargo, Trump cumpriu duas promessas de campanha: retirar seu país do Acordo de
Paris e revogar o plano de Barack Obama que impulsava as energias renováveis e
buscava cortar as emissões de usinas de energia dos Estados Unidos pela
primeira vez.
Mas sua promessa de
revitalizar a indústria do carvão dos Estados Unidos - debilitada pela queda
dos preços do gás natural - será difícil de cumprir, advertem especialistas.
"A tendência
está muito clara", afirmou Alden Meyer, encarregado de política e
estratégia na União dos Cientistas Preocupados (UCS, sigla em inglês) em
Washington.
"Os
investimentos e o desenvolvimento das energias renováveis e das energias
eficientes continuaram crescendo".
O emprego na
indústria da energia solar cresceu 24,5% em 2016 em comparação com o ano
anterior, dando trabalho a quase 374.000 pessoas, segundo o departamento de
Energia dos Estados Unidos.
Mais de 100.000
pessoas trabalhavam no setor da energia eólica no final do ano passado nos
Estados Unidos.
Em comparação, as
energias fósseis tradicionais - incluindo gás e petróleo - empregavam 187.000
pessoas.
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