Fábrica de
amônia em liquidação; Petrobras colocará equipamentos à venda
Tatiana Moraes
Terreno onde começou
a ser construída a fábrica de amônia possui 1 milhão de metros quadrados e foi
cedido pela Codemig à Petrobras
A tão esperada
fábrica de amônia (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados – UFN-V) que seria
construída em Uberaba, no Triângulo Mineiro, para tirar do Brasil a dependência
de importar fertilizantes, está prestes a se tornar um elefante branco
responsável por corroer dinheiro público. Com 34,6% das obras concluídas e
depois de investir R$ 649 milhões, a Petrobras, dona das obras, não só desistiu
do empreendimento, como colocou à venda maquinários e peças que seriam usadas
na produção da amônia, principal insumo de fertilizante.
“Estima-se que o
equipamento será vendido 25% mais barato do que o valor comprado”, afirma o
prefeito de Uberaba, Paulo Piau (PMDB). Políticos, população e o Ministério
Público Federal (MPF) temem que o desmonte da planta iniba investidores
externos, que seriam a salvação da fábrica.
O procurador da República em Uberaba, Thales Messias Pires Cardoso, pediu esclarecimentos à Petrobras sobre o caso. Além dos equipamentos, ele ressalta que grande parte do investimento foi aplicado em obras de terraplenagem e outras intervenções no terreno de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, cedido pela Codemig.
O procurador da República em Uberaba, Thales Messias Pires Cardoso, pediu esclarecimentos à Petrobras sobre o caso. Além dos equipamentos, ele ressalta que grande parte do investimento foi aplicado em obras de terraplenagem e outras intervenções no terreno de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, cedido pela Codemig.
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Caso haja o desmonte
da planta, o valor que foi destinado às obras será perdido. “A preocupação do
MPF é saber como o dinheiro gasto até agora voltará para os cofres públicos. A
dúvida é se não haverá desperdício do dinheiro público, o que não pode
acontecer”.
O prazo para que a
estatal respondesse aos questionamentos do procurador se encerrava ontem. Até o
final desta edição, a Petrobras ainda não havia respondido à demanda. Caso a
empresa não se posicione ao MPF, ela pode responder por crime de desobediência.
“Acredito que eles responderão, pois sabem das consequências”, diz o procurador
da República.
Cardoso vai
investigar, ainda, a possibilidade de venda de equipamentos que foram comprados
pela Petrobras, mas que ainda não chegaram em solo brasileiro. Eles teriam sido
repassados a compradores, sem serem incluídos no certame.
Propostas
A venda dos ativos com foco em fertilizante pela Petrobras é inevitável. A companhia já afirmou diversas vezes que não tem interesse no negócio. Na avaliação de Paulo Piau, no entanto, o ideal seria que a planta de amônia de Uberaba fosse oferecida à iniciativa privada nos mesmos moldes da fábrica de Três Lagoas (MS), cujas obras estão 80,95% concluídas, e de outra planta localizada em Araucária (PR). Elas serão disponibilizadas ao mercado em conjunto. A venda será das plantas completas, não dos equipamentos apenas.
Propostas
A venda dos ativos com foco em fertilizante pela Petrobras é inevitável. A companhia já afirmou diversas vezes que não tem interesse no negócio. Na avaliação de Paulo Piau, no entanto, o ideal seria que a planta de amônia de Uberaba fosse oferecida à iniciativa privada nos mesmos moldes da fábrica de Três Lagoas (MS), cujas obras estão 80,95% concluídas, e de outra planta localizada em Araucária (PR). Elas serão disponibilizadas ao mercado em conjunto. A venda será das plantas completas, não dos equipamentos apenas.
“Nós queremos que a
planta de Uberaba entre neste pacote. Sabemos que a empresa não vai operá-la,
mas queremos que o negócio vá adiante”, diz o prefeito. Ele ressalta que 4,7
mil empregos seriam gerados na construção da fábrica. Outros 270 seriam
mantidos quando ela começasse a operar, em 2017.
Gasoduto de SP será
usado, caso planta saia do papel
A paralisação das
obras da fábrica de amônia de Uberaba, em 2015, e o cancelamento dos planos da
Petrobras de operar a planta jogaram por terra a construção do gasoduto que
abasteceria o empreendimento, além de outras fábricas pelo caminho, aumentando
o desenvolvimento do Estado.
No plano inicial, o
gasoduto sairia de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e
percorreria 457 quilômetros (km) pelo traçado da BR-262, chegando a Uberaba. O
investimento se aproximaria de R$ 1,8 bilhão. Mais tarde, houve alteração no
projeto. Com a mudança, o ramal teria origem em Queluzito, na Região Central de
Minas Gerais. “Sem a planta de Amônia, um gasoduto longo cai por terra”,
justifica o prefeito de Uberaba, Paulo Piau.
Na avaliação do
prefeito, a melhor saída atualmente é levar o gás a Uberaba por meio de
Ribeirão Preto ou São Caetano. Isso, se a planta for adiante.
Embora Ribeirão Preto esteja mais próximo e fosse mais fácil levar o gás de lá, o gasoduto teria que atravessar a fronteira de São Paulo para Minas Gerais, o que não é permitido por lei.
Embora Ribeirão Preto esteja mais próximo e fosse mais fácil levar o gás de lá, o gasoduto teria que atravessar a fronteira de São Paulo para Minas Gerais, o que não é permitido por lei.
A solução, neste
caso, seria uma decreto presidencial. A ex-presidente Dilma Rousseff já havia
criado o decreto quando foi destituída do cargo por meio de impeachment. No
entanto, ele não chegou a ser publicado.
Paulo Piau afirma
que possui bom trâmite com Michel Temer e acredita que o presidente assinará o
decreto. A Petrobras não se manifestou.
Audiência pública
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza hoje, às 14h30, audiência pública para discutir com a população a venda dos equipamentos da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados – UFN-V , conhecida como fábrica de amônia de Uberaba.
Audiência pública
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza hoje, às 14h30, audiência pública para discutir com a população a venda dos equipamentos da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados – UFN-V , conhecida como fábrica de amônia de Uberaba.
O requerimento para
realização da audiência pública é de autoria do presidente da Comissão de
Agropecuária e Agroindústria, Antonio Carlos Arantes (PSDB), do presidente da
Comissão de Minas e Energia, João Vítor Xavier (PSDB), e do deputado Duarte
Bechir (PSD).
Representantes da
Petrobras, da Câmara Municipal de Uberaba, da Companhia de Gás de Minas Gerais
(Gasmig) e o prefeito de Uberaba, Paulo Piau, confirmaram presença.
“Paralisar o projeto
e vender os equipamentos de forma separada é um absurdo, pois inviabiliza que
outras empresas se interessem pelo fábrica de amônia. Vender ativos para pagar
a conta é loucura. O que paga a conta é o país produzindo”, diz João Vitor
Xavier.
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