Por 44 votos a
26, Senado derruba decisão do STF e devolve mandato a Aécio Neves
Agência Brasil
A votação ocorre
após a maioria dos ministros do STF decidir, na semana passada, que o tribunal
não pode afastar parlamentares por meio de medidas cautelares sem o aval do
Congresso Nacional
O plenário do Senado
decidiu reverter a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
e, com isso, pôs fim ao afastamento parlamentar do senador Aécio Neves
(PSDB-MG), que havia sido imposto pelos ministros da Corte no último dia 26.
Com os votos de 44
senadores contra a manutenção das medidas cautelares e de 26 favoráveis, os
parlamentares impediram o afastamento de Aécio, o seu recolhimento domiciliar
noturno e reverteram a obrigação de entregar o passaporte. Não foram
registradas abstenções.
A votação ocorre
após a maioria dos ministros do STF decidir, na semana passada, que o tribunal
não pode afastar parlamentares por meio de medidas cautelares sem o aval do
Congresso Nacional. No fim de setembro, a Primeira Turma da Corte havia
decidido, por 3 votos a 2, afastar Aécio do exercício do mandato ao analisar
pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito em que o tucano
foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base nas
delações premiadas dos executivos da J&F.
Debate
Antes de abrir o
painel para a votação, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE),
concedeu a palavra para cinco senadores favoráveis e cinco contrários à decisão
do Supremo. Para Jader Barbalho (PMDB-PA), os ministros do STF tomaram uma
decisão "equivocada". "Não venho a esta tribuna dizer que meu
voto será por mera solidariedade ao senador Aécio. Com todo respeito a ele,
estou longe de aceitar sua procuração ou sua causa. Não estou nesta tribuna anunciando
voto em razão do que envolve o senador. Voto em favor da Constituição. Ministro
do Supremo não é legislador, não é poder constituinte. Quem escreve a
Constituição é quem tem mandato popular", argumentou.
Já o senador Álvaro
Dias (Pode-PR) criticou o que classificou de “impasse” surgido a partir do
instituto do foro privilegiado. “A decisão do Supremo Tribunal Federal,
corroborada pelo Senado, vem na contramão da aspiração dos brasileiros, que é
de eliminar os privilégios. Nós estamos alimentando-os. Não votamos contra o
senador, votamos em respeito à independência dos Poderes, em respeito a quem
compete a última palavra em matéria de aplicação e interpretação da
Constituição, que é o Supremo Tribunal Federal”, disse.
Antes da votação, o
senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que visitou Aécio nesta terça-feira (17),
também defendeu o parlamentar mineiro. "A votação hoje é muito além do
caso do senador Aécio, a situação dele terá seguimento no STF, qualquer que
seja o resultado. Algumas pessoas imaginam que ele foi julgado hoje em
definitivo. Ele continuará sua jurisdição na Suprema Corte. Não há que se falar
em impunidade. Isso até é um desrespeito à Suprema Corte. Os ministros do STF
vão, a partir dos autos do processo, se isso virar um processo, porque estamos
na fase de inquérito, absolver ou condená-lo, de acordo com as provas que tiver
nos autos desse processo", disse.
Mais cedo, o PT
havia anunciado voto contrário a Aécio. Antes, havia se posicionadodefendendo
que o Legislativo tem o poder de revisar medidas cautelares impostas pelo
Supremo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário