Estados Unidos
deixam Unesco alegando 'preconceito contra Israel' por parte da agência
AFP
Os Estados Unidos
anunciaram nesta quinta-feira (12) a decisão de retirar-se da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
alegando "preconceito contra Israel", segundo um comunicado oficial.
Washington
estabelecerá uma "missão de observação" nesta agência da ONU com sede
em Paris, substituindo sua representação como membro, disse a porta-voz do
Departamento de Estado americano, Heather Nauert.
A diretora-geral da
Unesco, Irina Bokova, afirmou "lamentar profundamente" a decisão dos
Estados Unidos. "Lamento profundamente a decisão dos Estados Unidos,
cuja notificação oficial foi enviada pelo secretário de Estado Rex Tillerson",
escreveu em um comunicado.
"A
universalidade é essencial para a missão da Unesco de construir a paz e a
segurança internacionais em face do ódio e da violência, através da defesa dos
direitos humanos e da dignidade humana", afirmou Bokova. "É uma
perda para a família das Nações Unidas. É uma perda para o
multilateralismo", ressaltou a diretora.
Os Estados Unidos já
deixaram a Unesco entre 1984 e 2003 e suspenderam sua contribuição financeira
em 2011.
Em sua declaração,
Bokova lista uma série de medidas adotadas pela Unesco em parceria com os
Estados Unidos contra o antissemitismo. "Juntos, trabalhamos com o
falecido Samuel Pisar, embaixador honorário e enviado especial para a educação
do Holocausto, a fim de compartilhar a história do Holocausto para lutar contra
o antissemitismo e na prevenção dos genocídios, com o Canal Unesco para a
educação sobre o genocídio na Universidade da Califórnia e com programas de
alfabetização na Universidade da Pensilvânia".
E ainda,
"trabalhamos com a OSCE para produzir novas ferramentas para os educadores
contra todas as formas de antissemitismo, como fazemos para combater o racismo
anti-muçulmano nas escolas".
Aviso
No início de julho,
os Estados Unidos haviam advertido que analisavam seus vínculos com a Unesco,
chamando de "uma afronta à história" a sua decisão de declarar a
antiga cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, uma "zona protegida"
do patrimônio mundial.
Na ocasião, a
embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou que esta
iniciativa "desacreditava ainda mais uma agência da ONU já altamente
discutível".
O Comitê do
Patrimônio Mundial da Unesco inscreveu a Cidade Velha de Hebron nesta lista
como um sítio "de valor universal excepcional". Também colocou esta
cidade, localizada nos territórios palestinos, na lista de patrimônios em
perigo.
Hebron é o lar de
200 mil palestinos e centenas de colonos israelenses, que estão entrincheirados
em um enclave protegido por soldados israelenses perto do local sagrado que os
judeus chamam de o túmulo dos Patriarcas e os muçulmanos de Mesquita de
Ibrahim.
O primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu a decisão da Unesco como
"delirante".
Poucos meses antes,
a Unesco havia identificado Israel como uma força de ocupação em Jerusalém.
Os Estados Unidos
suspenderam sua participação financeira em 2011 após a admissão da Palestina
como um Estado-membro.
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