O destruidor de relacionamentos
Simone
Demolinari
O termo é novo,
muitos não tem nem ideia do que se trata, embora já tenham sofrido na pele os
danos causados por ele. “Phubbing”: este é o nome do problema que vem, cada vez
mais, destruindo os relacionamentos. A palavra nasceu em 2013 e já foi
incorporada em alguns dicionários estrangeiros. O termo vem da união de duas
palavras: “phone”(telefone) + “snubbing” (esnobar). Assim, phubbing é o ato de
ignorar a presença da pessoa que está à sua frente, dando preferência ao uso do
telefone.
É unânime o incômodo
que sentimos quando estamos conversando com alguém que por sua vez, está com
sua atenção voltada para o celular. Além de desrespeitoso, fica a mensagem de
que o telefone é mais importante do que quem está presente. Quando isso ocorre
com frequência num relacionamento amoroso, torna-se um motivo de constante
atrito, quiçá, algo fatal para a união.
Esse foi o caso de
Eduardo, um rapaz de 39 anos de idade, casado com Cristina de 37. O casal tinha
dois filhos e ambos trabalhavam fora o dia todo, porém, à noite, quando estavam
em casa e também aos finais de semana, a esposa tinha grande dificuldade em se
desconectar do telefone. Ensinava o dever para os filhos enquanto digitava,
fazia as refeições de posse do telefone, na hora de dormir o aparelho
permanecia embaixo do travesseiro sendo habitualmente conferido durante a
madrugada. De manhã, o primeiro movimento de Cristina era verificar as
mensagens e a partir daí não parava mais. Ela alegava sobrecarga de trabalho.
De fato, a esposa ocupava um alto cargo numa multinacional. Contudo, isso não
servia de consolo para seu marido, que se sentia preterido na maior parte do
tempo em que passavam juntos. A relação, que sempre foi sólida, começou a ter
sérios problemas.
Casos semelhantes
acontecem a todo momento, não só nas relações conjugais, mas também nas de
amizade, em almoços de família, reuniões profissionais, atendentes comerciais.
Já ouvi relatos onde o telefone roubou a cena até na hora do sexo. O celular
assumiu um grande papel na vida da maioria das pessoas, e muitos o promoveram
ao grau máximo de importância: “não vivo sem ele”; “se esqueço em casa, volto
para buscar”, “sem celular não sou ninguém”. São declarações comuns que
demonstram o nível de prioridade conferida ao aparelho. Com isso, qualquer
sinal vindo dele, torna-se algo igualmente prioritário. Dessa forma, fica muito
difícil não responder ao estímulo. Para algumas pessoas mais conectadas, quando
o telefone apita, há uma visível ansiedade para conferi-lo, só retomando ao
estado normal após a verificação.
Essa dinâmica dita o
novo contexto. O celular que foi criado para ficar a serviço do homem, mudou de
papel, ficando o homem, a serviço dele. Essa semana vi um rapaz passeando com
um cachorro preso na coleira enquanto manuseava o celular e por isso quase foi
atropelado atravessando a rua. Logo pensei: quem está mais preso, o cachorro ou
o homem?
Nenhum comentário:
Postar um comentário