Crise força
brasileiro a investir na prática do 'faça você mesmo'
Fábio Corrêa
CRIATIVIDADE – O Faz
Makerspace, em BH, oferece oficina com equipamentos como serrotes, cortes a
laser e até impressora 3D, além de cursos
Com a crise
econômica afetando em cheio o bolso do consumidor, a procura por serviços como
manicure, pequenos reparos e até marcenaria tem perdido espaço. No aperto
financeiro, cada vez mais gente se arrisca em atividades que, em tempos de
bonança, eram delegadas a profissionais especializados.
Tradição em vários países da Europa e nos Estados Unidos, onde o preço de reformas e montagem de móveis é bem mais caro, a moda da bricolagem chega com força no Brasil.
Também conhecida pelo nome de faça você mesmo, a prática econômica ainda permite maior aprendizado e, algumas vezes, resultados surpreendentes.
Depois de mudar de emprego e ter de encarar uma redução na renda, a gerente de vendas Simone Souza, 42, decidiu dispensar a manicure, que frequentava semanalmente, para fazer as próprias unhas em casa.
“Depois que fiz isso, a economia chegou a R$ 160 por mês. Por ser eu mesma quem faço, com mais perfeccionismo, acaba ficando até melhor do que no salão”, conta Simone. “Mesmo sabendo como tirar cutículas e passar esmaltes nos pés e nas mãos, tinha a comodidade de ter outra pessoa para fazer isso”, diz ela, que também diminuiu a frequência da faxineira, evitando gastos de até R$ 800 no mês.
Autodidatas
Já o casal Mariana de Paula, 29, e Marco Túlio Ulhôa, 31, resolveu unir o útil ao agradável nas tarefas caseiras. Depois do casamento, em 2015, a arquiteta e o comunicólogo tiveram que se virar.
“Quando mudamos, me vi obrigado a resolver os perrengues. Então fui comprando as ferramentas e aprendendo aos poucos, desde consertar encanamentos e pintar até fazer móveis”, afirma Marco Túlio.
“Ouvimos de um amigo que, no exterior, as pessoas economizam aprendendo com vídeos no YouTube e resolvemos tentar”, diz Mariana, cujo novo escritório foi todo mobiliado por móveis criados pelos dois. “Ela projeta os móveis e eu coloco a mão na massa”, diz Marco Túlio. Ele calcula que, com a bricolagem, a economia chega a R$ 2 mil por mês.
Menos demanda
Do outro lado, profissionais especializados como Ivan Lopes, 51, têm percebido queda na demanda. “A procura caiu cerca de 50% em relação ao ano passado”, estima ele, que trabalha com ajustes caseiros, serviço apelidado de “marido de aluguel”.
Há oito anos na atividade, Ivan alerta que, em alguns casos, o “faça você mesmo” pode sair mais cara no final. “Sem conhecimento, a pessoa pode fazer uma ligação elétrica errada ou acabar retardando um problema que, depois, vai ficar mais caro para solucionar”, diz.
Comércio surfa na onda da bricolagem e oferece cursos para quem quer aprender a se virar
Em contrapartida, o setor de comércio tem ganhado com o aumento da procura por workshops e até mesmo espaços para a prática do faça você mesmo. A rede francesa Leroy Merlin, especializada em material para construção e reparos, registrou aumento de 20% na demanda pelos cursos oferecidos na loja, que vão desde uso de ferramentas e aplicação de pintura até o cultivo de orquídeas.
“O faça você mesmo já acontece há muito tempo na França, onde a mão de obra para os serviços é escassa e muito cara”, explica Júnia Rios Neto Sarti, diretora da filial Belvedere. “Aqui no Brasil, além da economia, a prática atrai também porque a pessoa consegue deixar a casa com a cara dela”, diz Júnia.
Na loja, são cerca de 150 cursos por ano que atendem 2 mil alunos. A loja também oferece folders gratuitos com explicações passo-a-passo de pequenos reparos caseiros.
Aproveitando a onda, o empresário mineiro Carlos Ribeiro, 50, resolveu apostar num espaço dedicado para a atividade. Na avenida Afonso Pena, o Faz Makerspace, aberto há um ano, oferece uma oficina de 300 metros quadrados com equipamentos como serrotes, cortes a laser e até uma impressora 3D, além de cursos periódicos.
“Vemos que tem muita gente disposta a fazer, mas há dificuldade de acesso a equipamentos”, diz Cláudio, que revela que a demanda vem crescendo todo mês.
No Faz Makerspace, os clientes usam o local de acordo com a necessidade, por valores que variam entre R$ 20 (hora) e R$ 800 (mensal) e que permitem o acompanhamento de monitores e o uso de todas as máquinas. “Num mundo sem emprego para todos, é uma opção para quem é freelancer, mas não tem os instrumentos”, diz.
Tradição em vários países da Europa e nos Estados Unidos, onde o preço de reformas e montagem de móveis é bem mais caro, a moda da bricolagem chega com força no Brasil.
Também conhecida pelo nome de faça você mesmo, a prática econômica ainda permite maior aprendizado e, algumas vezes, resultados surpreendentes.
Depois de mudar de emprego e ter de encarar uma redução na renda, a gerente de vendas Simone Souza, 42, decidiu dispensar a manicure, que frequentava semanalmente, para fazer as próprias unhas em casa.
“Depois que fiz isso, a economia chegou a R$ 160 por mês. Por ser eu mesma quem faço, com mais perfeccionismo, acaba ficando até melhor do que no salão”, conta Simone. “Mesmo sabendo como tirar cutículas e passar esmaltes nos pés e nas mãos, tinha a comodidade de ter outra pessoa para fazer isso”, diz ela, que também diminuiu a frequência da faxineira, evitando gastos de até R$ 800 no mês.
Autodidatas
Já o casal Mariana de Paula, 29, e Marco Túlio Ulhôa, 31, resolveu unir o útil ao agradável nas tarefas caseiras. Depois do casamento, em 2015, a arquiteta e o comunicólogo tiveram que se virar.
“Quando mudamos, me vi obrigado a resolver os perrengues. Então fui comprando as ferramentas e aprendendo aos poucos, desde consertar encanamentos e pintar até fazer móveis”, afirma Marco Túlio.
“Ouvimos de um amigo que, no exterior, as pessoas economizam aprendendo com vídeos no YouTube e resolvemos tentar”, diz Mariana, cujo novo escritório foi todo mobiliado por móveis criados pelos dois. “Ela projeta os móveis e eu coloco a mão na massa”, diz Marco Túlio. Ele calcula que, com a bricolagem, a economia chega a R$ 2 mil por mês.
Menos demanda
Do outro lado, profissionais especializados como Ivan Lopes, 51, têm percebido queda na demanda. “A procura caiu cerca de 50% em relação ao ano passado”, estima ele, que trabalha com ajustes caseiros, serviço apelidado de “marido de aluguel”.
Há oito anos na atividade, Ivan alerta que, em alguns casos, o “faça você mesmo” pode sair mais cara no final. “Sem conhecimento, a pessoa pode fazer uma ligação elétrica errada ou acabar retardando um problema que, depois, vai ficar mais caro para solucionar”, diz.
Comércio surfa na onda da bricolagem e oferece cursos para quem quer aprender a se virar
Em contrapartida, o setor de comércio tem ganhado com o aumento da procura por workshops e até mesmo espaços para a prática do faça você mesmo. A rede francesa Leroy Merlin, especializada em material para construção e reparos, registrou aumento de 20% na demanda pelos cursos oferecidos na loja, que vão desde uso de ferramentas e aplicação de pintura até o cultivo de orquídeas.
“O faça você mesmo já acontece há muito tempo na França, onde a mão de obra para os serviços é escassa e muito cara”, explica Júnia Rios Neto Sarti, diretora da filial Belvedere. “Aqui no Brasil, além da economia, a prática atrai também porque a pessoa consegue deixar a casa com a cara dela”, diz Júnia.
Na loja, são cerca de 150 cursos por ano que atendem 2 mil alunos. A loja também oferece folders gratuitos com explicações passo-a-passo de pequenos reparos caseiros.
Aproveitando a onda, o empresário mineiro Carlos Ribeiro, 50, resolveu apostar num espaço dedicado para a atividade. Na avenida Afonso Pena, o Faz Makerspace, aberto há um ano, oferece uma oficina de 300 metros quadrados com equipamentos como serrotes, cortes a laser e até uma impressora 3D, além de cursos periódicos.
“Vemos que tem muita gente disposta a fazer, mas há dificuldade de acesso a equipamentos”, diz Cláudio, que revela que a demanda vem crescendo todo mês.
No Faz Makerspace, os clientes usam o local de acordo com a necessidade, por valores que variam entre R$ 20 (hora) e R$ 800 (mensal) e que permitem o acompanhamento de monitores e o uso de todas as máquinas. “Num mundo sem emprego para todos, é uma opção para quem é freelancer, mas não tem os instrumentos”, diz.
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